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os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Jan 30, 2010

>> Colóquio em Loulé, Algarve (Daniel Sampaio)

Vai realizar-se em Loulé (CML), no próximo dia 9 de Fevereiro um colóquio com a presença do psicólogo Daniel Sampaio "A Importância da Primeira Infância no Futuro das Famílias". Mais info aqui

Fotografia flickr cc (aqui)

Jan 29, 2010

>> Terapia pela fotografia II (um caso)

Já antes tinhamos aqui referido aqui uma informação sobre a eventual existência de terapias associadas à anorexia envolvendo fotografia. Uma notícia recente relata um caso em Inglaterra em que a fotografia foi importante para a doente (Samantha Smith) tomar consciência da situação em que se encontrava, no fundo assumir a doença, grande passo para iniciar a recuperação. Samantha Smith fez também um diário fotográfico da sua recuperação (algumas imagens na notícia original). A notícia publicada há dias no dailymail (texto e fotografias aqui, em inglês) foi também dada num site do Brasil (aqui) que resumimos abaixo:

O primeiro passo para que uma pessoa com anorexia nervosa procure tratmento é admitir que tem o problema. E isso não é tão fácil como pode parecer (afinal 'ninguém' quer estar doente). Dizer simplesmente ao doente que está magro demais normalmente não o faz aperceber-se da situação. No caso da inglesa Samantha Smith, de 38 anos, a salvação foram as fotografias que tinha e que tirou a ela própria durante a recuperação.

Com 1,63 m, 35 kg, cabelos ralos e usando roupas de crianças, ignorava qualquer apelo da família até que seu pai lhe mostrou, em 2008, uma fotografia recente ao lado de uma tirada quando tinha peso normal. Ficou chocada. "Parecia 30 anos mais velha e, finalmente, pude ver o que todo mundo podia: uma mulher morrendo. Queria voltar a parecer como a mulher que costumava ser", disse ao jornal Daily Mail.
(...)
Samantha passou a introduzir aos poucos mais alimentos à sua dieta e decidiu fotografar-se mensalmente durante 16 meses para registar seu progresso
. Resolveu também tornar seu diário fotográfico público com o intuito de ajudar outros doentes. "Graças ao diário, podia ver o meu rosto a transformar-se. As maçãs do rosto a encherem, as rugas a ficarem menos visíveis e minha pele a deixar de estar pálida e acinzentada. Meu cabelo começou também a ficar mais saudável"
Por volta de maio do ano passado, já havia voltado a usar a antiga numeração de roupa. Mas, ao longo do processo, precisou muito do apoio da família. No começo, chorava durante todas as refeições, achando que cada pedacinho de comida a deixaria gorda.
Imagem: flickr cc aqui

>> Anorexia Nervosa (avanços da ciência - Lancet II 2009)

Já antes referimos o seminário Lancet 2003 . As conclusões do semináro de 2009 e o texto integral de síntese podem ser encontrados (aqui no arquivo digital deste blogue).


"Este seminário tentou resumir os progressos havidos desde o último seminário Lancet de 2003 em relação às doenças do comportamento alimentar (br=Transtornos Alimentares (TA)] assim como integrar esses progressos do conhecimento nas práticas clínicas.


Os critérios para o diagnóstico da anorexia nervosa e bulimia nervosa estão a ser revistos e ampliados no âmbito da DSM-V (ver mais aqui), reduzindo-se a categoria de TA não especificados [são agora considerados 3 tipos de TA: anorexia, bulimia e outras situações de TA não especificadas]. Os distúrbios associados a compulsão alimentar [Binge eating disorders] provavelmente, irão se aceites como uma forma adicional de TA.


Os transtornos alimentares surgem de uma interacção entre ocorrências ambientais e aspectos biológicos assim como características mentais do doente. Comportamentos alimentares anormais geram efeitos médicos e psicossociais. As consequências psicossociais derivam, em parte, dos efeitos da fome no cérebro e podem perpetuar a doença.

Vários tratamentos e respectivas combinações têm sido testadas para a compulsão alimentar, com eventual eficácia no curto prazo. Foram também testadas novas formas de tratamento para a bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar, com resultados promissores. Houve progressos no tratamento da anorexia nervosa nos jovens, embora o mesmo não se tenha verificado na em relação aos doentes adultos afectados pela doença."

Jan 27, 2010

>> Internet, Anorexia e Bulimia (III) e Livros

Já antes escrevi sobre o papel (positivo ou negativo) que a Internet pode ter em relação à Anorexia (por exemplo aqui , aqui e aqui). E como era antes da Internet?

Antes da difusão da Internet, antes de procurarmos na rede 'tudo e mais alguma coisa', muitos doentes com anorexia e bulimia, procuravam (ainda procuram) e devoravam livros sobre o assunto. Porquê?

Por várias razões:

não se sentiram sozinhos + lerem estórias de pessoas semelhantes + quererem convencer-se que o que estão a fazer não é problemático + serem incentivados a prosseguir na doença ou terem razões justificativas do seu comportamento + encontrar truques e dicas em relação a comportamentos + encontrar forma de manter em segredo os seus comportamentos

Tem sido escrito que um dos sinais e sintomas para além de outros (aqui neste blogue; também aqui num site em inglês ) é ler imenso sobre o assunto. Frequentemente os doentes conhecem a sua doença [é diferente de assumirem que estão doentes] e alguns também conhecem os riscos físicos ( physical risks) . Contudo, porque são doenças psicológicas os RISCOS SÓ POR SI NAO SÃO SUFICIENTES PARA DIZER "ACABOU! BASTA! VOU PARAR AGORA MESMO!) .
Actualmente na era dos computadores e das autoestradas da informação este "sintoma de leitura" assumiu uma nova forma em particular nas gerações mais jovem, que agora procura na Net o que antes era procurado nos livros.
Fonte do texto acima aqui.
Livro representado na fotografia (disponível em francês): ANOREXIE L'ENNEMI SANS VISAGE de GAETANE BOLLE Editions Fayard06/2000 ["Anorexia Inimiga sem rosto - por amor a Vanessa" de Gaetane Bolle]
Fotografia (C) Benoit Paille em Deviantart

>> Anorexia Nervosa (avanços da ciência - Lancet I )

Quando criei este blogue queria que ele reflectisse INTERROGAÇÕES SOBRE A ANOREXIA NERVOSA (tenho sérias dúvidas se estou a conseguir esse objectivo).
Que interrogações? Interrogações várias: dos doentes, dos que se libertaram ou esqueceram a ana... e também interrogações da ciência. Porque a resposta a estas últimas contribuem para tratamentos eficazes. Por isso escolhemos publicar algumas interrogações e avanços do conhecimento no domínio da anorexia nervosa. Infelizmente são ainda muitas as perguntas sem resposta como ilustram o resumo do seminário médico (Lancet) de 2003 . As conclusões do semináriomédico (Lancet) de Novembro de 2009 serão apresentadas no próximo post (texto integral no arquivo digital deste blogue):


Foram realizados em 2003 e mais recentemente em 2009 dois seminários sobre Eating Disorders (ED) promovidos pela Lancet [ em Portugal as ED são designadas por Doenças do Comportamento Alimentar, por vezes como Distúrbios Alimentares ; no Brasil creio ser mais frequente o uso d o termo Transtornos Alimentares (TA) ] . The Lacet http://www.thelancet.com/lancet-about, é uma revista/s de medicina de referência. Os objectivos do seminário de 2003 estão referidos no resumo abaixo do artigo de dois Professores do Oxford University Department of Psychiatry, Warneford Hospital, Oxford, UK:

As doenças do comportamento alimentar (Eating Disorders ED) são doenças que atingem, numa perpectiva física, social e psicologica , em especial raparigas adolescentes e jovens mulheres adultas. São muito menos frequentes nos homens. Estas doenças estão actualmente [em 2003] divididas em três categorias de diagnóstico: anorexia nervosa, bulimia nervosa e doenças do comportamento alimentar atípicas. No entanto, essas doenças apresentam muitos aspectos em comum e os doentes passam frequentemente de umas para outras, por isso, ao definirmos o objectivo deste Seminário [Lancet Seminar on Eating Disorders 2003] adoptamos uma perspectiva de multi-diagnóstico.

As causas das doenças do comportamento alimentar são complexas e mal compreendidas. Existe uma predisposição genética assim como certos factores específicos de risco ambiental [referentes ao ambiente em que se move o doente como por exemplo família etc.] A investigação em relação ao tratamento tem-se centrado na bulimia nervosa e existe evidência empírica que o tratamento desta doença é possível. Uma forma específica de terapia cognitiva comportamental é o tratamento com melhores resultados, embora aparentemente poucos doentes recebam, na prática, este tratamento. É evidente que o tratamento da anorexia nervosa e das doenças do comportamento alimentar atípicas têm recebido muito pouca atenção da investigação

O artigo integral pode ser lido em: Fairburn, Christopher G e Harrison , Paul J . (2003)Eating disorders, The Lancet, Volume 361, Issue 9355, Pages 407 – 416.
O QUE MUDOU PASSADOS 6 ANOS? No próximo post as conclusões do semináro de 2009 e o texto integral de síntese (aqui).

>>> "A Anorexia não é apenas sobre comida" ( poster)

'Anorexia Nervosa'
Selina Turfus
University of Plymouth
BA(Hons) Illustration
24 November 2009 (aqui)
(para ampliar clique na imagem)
Sobre este cartaz escreveu a artista Selina Turfus: "Com estas imagens quero ilustrar os pensamentos de uma vítima da anorexia. Há três figuras, todas do mesmo indivíduo. A figura da direita representa o lado 'bom' e saudável [ironia] e o lado esquerdo representa o lado 'mau'.

Jan 26, 2010

>> reunião AFAAB

Recebemos esta informação da AFAAB Imagem flickr cc (aqui)

Jan 25, 2010

>> Recuperar ( o mais difícil é ...)

Transcrevo em versão portuguesa o post deixado aqui por Carrie Arnold . Questiona aspectos muito importantes da recuperação que ao envolver o ultrapassar de problemas de personalidade pode criar a ideia falsa de 'descaracterização'. Como pergunta a canção "pode alguém ser quem não é ?". Respondo: não. Mas pode sem deixar de ser quem é , conhecer-se melhor e aprender a lidar com traços da personalidade inerentes à doença de que se está a libertar. Por isso o papel dos especialistas é tão importante na recuperação. Por isso depois de recuperadas nos sentimos ( e somos!) pessoas melhores.


Superar os principais traços de personalidade

"Uma das minhas parceiras de recuperação no Twiter escreveu esta semana:

"É mais que evidente que para se recuperar de uma doença do comportamento alimentar é necessário superar os traços de personalidade neurológicos e psicológicos" .

E eu tive que concordar. Outra das minhas amigas, Finding Melissa, questionou com razão se poderíamos realmente superar esses traços fundamentais de personalidade. Pelo contrário, disse Melissa, a tarefa é aprender a viver com eles. O meu terapeuta coloca a questão de modo um pouco mais informal: tenho que aprender a usar os meus traços de personalidade para o bem em vez de ser para o mal. Travando uma guerra com nós próprias estaremos condenadas a perder, de alguma maneira, o que somos. E isso é realmente a parte mais difícil da recuperação. A parte mais difícil não é comer e ganhar peso, mas sim a tarefa de nos conhecermos. Conhecer as nossas próprias motivações. Conhecer as nossas vulnerabilidades. Conhecer os nossos pontos fracos. Saber como se pode entrar em crise, ou antecipar a crise. Conhecer os sinais das recaídas. Conhecer os sinais antes dos sinais.

A minha recuperação da anorexia mudou-me profundamente, não sou a mesma pessoa, nem quero ser. Apesar de ter mudado de forma muito profunda, ainda tenho a mesma personalidade e temperamento. Ainda estou frequentemente ansiosa e irritável (irritabilidade, aprendi que é sempre um sinal de ansiedade), ainda sou perfeccionista, eu ainda tenho muitas situações do pensamento preto ou branco [tudo ou nada] e de outras distorções cognitivas. Estes aspectos não são susceptíveis de mudança, mesmo com a terapia. Um terapeuta uma vez perguntou-me: "Tem uma necessidade de controle?" A verdade é, sim, tenho. A verdade é que eu ainda tenho. Portanto, talvez eu nunca vá superar completamente os meus traços de personalidade inatos, e não estou particularmente preocupada com isso. Mas o trabalho de tentar viver em paz e em (relativa) harmonia com eles é desgastante, cansativo, difícil . Não sei quem esteja em recuperação ou que se tenha recuperado que não tenha feito isso. A recuperação transforma-nos mas nós ainda somos as mesmas pessoas."

Well you have suffered enough
And warred with yourselfIt's time that you won...
"Falling Slowly," Glen Hansard and Marketa Irglova
Imagem: ilustração de Clare Owen no seu blogue aqui

>> Belezas II (actualizado)














UM DIA e 10 CIRURGIAS DEPOIS
Tive conhecimento deste caso das '10 cirurgias estéticas num dia' pelo blogue da Vanessa Marsden (aqui) que num post comenta as sub-lebridades e promete voltar ao assunto. O rosto fotogrado pertence à mesma pessoa que tem 23 anos e quer ser uma pop star. Ficam as imagens e o video completo (aqui) como registo de mais um produto da gigantesca 'indústria da beleza' .
Comentário de Vanessa: "Nas fotos que colocaste da-se para analisar melhor. Ela era muito melhor antes: o rosto tinha personalidade. E dai que o queixo era grande e nao se enquadrava aos padroes de moda? Dava-lhe individualidade. O produto final ficou pasteurizado, parece com outras mil que existem por ai. Talvez se o buscado fosse se diferenciar para fazer sucesso, esta tenha sido a pior tatica possivel."
No blogue da Vanessa Marsden dois posts a propósito deste tema: Bonecas Vivas e Cultura da sub-lebridade.

Jan 24, 2010

>> Belezas I




Encontrei a imagem da sugestão de transformações da Estátua da Liberdade (aqui):
"destacar a boca"
"trabalhar o nariz"
"alargar os olhos"
"eliminar as rugas"
"instalar implantes"
pode ler-se nas anotações.
Imaginei as transformações que seriam "necessárias" nas imagens da República Portuguesa ou na Vénus de Botticelli. As indústrias de beleza não conhecem limites.
Imagens: Botticelli no Artchive(aqui)

Jan 21, 2010

>> Carta Aberta ( testemunho de uma jovem)

Transcrevo em seguida um texto escrito pela autora do site Let us ... (aqui) . São palavras pensadas, sentidas e certeiras! Leiam e comentem (de preferência no blogue onde foram originalmente publicadas, aqui).


quarta-feira, 20 de Janeiro de 2010
CARTA ABERTA
"Já tentei começar a escrever este comentário várias vezes, no entanto, nunca o consigo terminar porque isto não é feito de ânimo leve de maneira nenhuma, exige cuidado com as palavras porque não pretendo ferir ninguém mas senti que agora, mais qe nunca, o meu parecer e a minha opinião tinha de vir ao de cima e então nada melhor que esta "carta aberta" para todas as quantas mais eu conseguir comentar.
Para quem não sabe a minha história eu estou anorética há dois anos e meio. Tudo começou com uma pequena dieta em que se excluiam os doces e tudo terminou numa outra dieta qe excluía tudo. Tive dois anos mais ou menos controlada em termos de peso..apesar de ter sido sempre considerado baixo tendo em conta o índice de massa corporal mas a verdade é que apesar de todas as dietas descabidas, depressões aliadas à falta de nutrientes, etc...as coisas foram-se aguentando!
Há seis meses atrás decidi começar a falar abertamente sobre a anorexia no meu blog (entretanto, para quem não teve a oportunidade de ler eu apaguei tudo o qe ele continha sobre a doença). Conheci várias pessoas com o mesmo problema qe eu tendo inclusive travado uma verdadeira amizade com três delas! Comecei o blog há seis meses com um IMC de 18, 1.80m e 61kg. Terminei-o ontem com 52kg, e um IMC de 16.
Perdi a conta à quantidade de vezes em que numa das minhas interminaveis insónias me levantava da cama e ia directa ao computador ler as novidades alheias. Os outros blogs davam- me força para continuar a emagrecer! As outras meninas ajudaram-me a acreditar que eu era capaz de me controlar ainda mais. Frases como "Força meninas nós conseguimos ser magras", ou "Controle acima de tudo" perpetuaram-se na minha cabeça desde os dias em que eu decidi fazer parte "desse grupo". Esse grupo é constituido por raparigas incriveis, extremamente inteligentes e muito talentosas. Pessoas qe se dão muito facilmente não sei se por uma certa carência se em busca de mais um pouco de esperança!

Cabe-nos a nós, a cada uma, utilizar o blog para incentivar uma cura, um pequeno passo em frente e nunca, repito, nunca, o oposto. Eu mesma errei tantas vezes quando fiz deste espaço um mero diário dos meus cardápios alimentares..um sítio onde me limitava a auto-glorificar por ter conseguido só comer x ou y. Não faço a mais pequena ideia de quantas raparigas poderei ter prejudicado..porque eu mesma quando aqui cheguei começei por ler um blog de uma rapariga qe há seis meses estava com 60kg e neste momento está com 50kg. Como sabia bem ler os comentários dos outros a encherem-nos de coragem, de força, de vontade..vontade de nos auto-destruirmos.
Mesmo que inconscientemente sei qe fui incorrecta e irresponsável ao expor-me, a mim, à minha vida, à vida da minha família. Há pessoas aqui que estão neste mundo há muito tempo e apesar de eu saber que a anorexia não se escolhe e que não é por lermos um blog que nos tornamos doentes, TODAS NÓS SABEMOS QUE TUDO COMEÇA COM UMA DIETA. Uma pequena dieta. Uma ideia. Todas nós sabemos que, como qualquer doença, quando apanhada no início é muito mais provável ser curada do que como tantas de nós que sustentamos esta prisão há anos a fio..entristece-me ver cada vez mais raparigas a "entrar aqui". Estristece-me porque algumas delas não sabem mesmo onde se estão a meter..e revejo-me delas, há dois anos e meio atrás, a pensar qe quando estivesse magra ia ser mais feliz..não é a magreza que nos traz algo tão bonito como a felicidade.

Cabe-nos a nós, conscientes do problema que temos, alertar estas raparigas para o perigo que estão a correr. A Anorexia mata! Já nem falo em fazer incentivos à procura de ajuda psicológica, apesar de considerar a mesma uma peça fulcral para a cura, mas sim para terem todas cuidado com o que escrevem..porque podemos estar, mesmo que sem querer, a ajudar alguém a matar-se.

A beleza está nos olhos de quem a vê...se não gostarmos de nós, quem gostará? "

Jan 20, 2010

>> "A anorexia é uma doença do foro emocional..."

No blogue de Lídia Craveiro, Gostei muito de ler um post sobre anorexia nervosa que abaixo reproduzo parcialmente (o post integral aqui). Em particular quando se refere a que "a anorexia é uma doença do foro emocional (..) como se através de um corpo magro exibissem o sofrimento e o horror da sua vida interna." Como ex anoréctica conheço essa verdade, que nem sempre está presente ou é suficientemente destacada na informação sobre a anorexia difundida via Internet. De facto, algumas queixas de jovens que se pretendem tratar é que a família comenta "ah pois, a comida!" " a mania das dietas!"
[...] Citando Lídia Craveiro: " A ideia que a anorexia é uma doença de causas orgânicas tem sido passada de alguma forma por quem que encontra explicação para tudo no biológico. No entanto está provado desde há algum tempo que a anorexia é uma doença psicológica que se traduz depois em manifestações físicas e psicológicas. Tal confusão, que traduz a anorexia numa doença apenas do comportamento alimentar, pode ser extremamente perigoso, pois pode conduzir à eliminação dos sintomas físicos, pela ingestão de alimentos e descurar a parte psicológica verdadeira causadora da doença. A anorexia é uma doença do foro emocional, em que os afectos estão perturbados por isso incapazes de deixarem o corpo funcionarem levando a comportamentos de oposição pela retirada voluntária dos alimentos, virando ao que parece uma raiva surda contra si próprias que faz as adolescentes definharem perante os olhos dos pais e amigos, como se através de um corpo magro exibissem o sofrimento e o horror da sua vida interna. De salientar que esta doença requer ajuda especializada, envolvendo uma equipa multidisciplinar(médicos psiquiatras e psicoterapeutas) onde o acompanhamento psicológico psicoterapeutico é fundamental para o tratamento desta doença. Quando não tratada pode levar à morte." Publicada por Lídia Craveiro em 3/24/2009 01:04:00 PM Etiquetas: [...] .
Imagem: flickr cc (aqui) . Escolhi a foto pela ironia. O título da imagem atríbuído pelo fotógrafo é: " Se a Barbie é tão popular, porque precisa de comprar os amigos?". Na legenda da imagem: "Sou uma rapariga Barbie num mundo Barbie.A vida em plástico é fantástica!"

Jan 19, 2010

>> Diagnóstico da Anorexia Nervosa ( discussão científica dos critérios)


A revista científica International Journal of Eating Disorders, numa edição especial (texto de todos os artigos em inglês integralmente disponível (aqui) discute os possíveis critérios de diagnóstico da ANOREXIA NERVOSA e de outras doenças do comportamento alimentar a integrar na nova versão do DSM (o DSM-V). O que é o DSM? Em português, é o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, publicado pela American Psychiatric Association] O actual DSM-IV (5 páginas em relação à ANOREXIA NERVOSA em português , aqui, obtidas neste site).
Um dos artigos que li no número especial da revista acima indicada (clique na imagem), foi o referente à relação entre período menstrual e anorexia /bulimia nervosa Should Amenorrhea Be a Diagnostic Criterion for Anorexia Nervosa?( aqui ). Voltarei a a esta questão juntando testemunhos e mais informação. Deixo numa linha o meu: no meu caso a associação entre a doença e a perda do período foi claríssima. Desapareceu quando tinha um IMC muito baixo e voltou quando atingi passado anos um peso normal. Mas múltiplos testemunhos e também a investigação científica assente em estudos empíricos mostram que essa associação não segue um padrão único.
Já noutro post (aqui) tinhamos referido a importância deste DSM cujos preceitos são seguidos a nível mundial.

Jan 16, 2010

>> Ave Fenix ( testemunho em Confesiones de Ana)

Reproduzo abaixo um post escrito por uma jovem espanhola Ana no blogue Confesiones de Ana. Escrevi-lhe e ela concordou em que o post fosse aqui integralmente reproduzido em língua portuguesa. Obrigada Ana pela tua sensibilidade e coragem ! O texto original pode ser encontado aqui. São palavras de esperança para quem como ela segue segura no caminho da recuperação e também para quem se encontra ainda em encruzilhadas. Eu gostei de ler, como muitos outros posts no mesmo blogue.
14 de janeiro de 2009

"Conta a lenda que no Paraíso, sob a Árvore do Bem e do Mal, floriu uma roseira. E perto da primeira rosa nasceu uma ave com uma linda plumagem e um canto incomparável. Essa ave foi o único ser que não quis provar os frutos da Árvore. Quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, caiu sobre o ninho dessa ave uma centelha da espada de fogo de um Querubim, e o pássaro ardeu num ápice.

Mas, das próprias chamas, surgiu uma nova ave, o Fénix, com uma plumagem magnífica e única, asas vermelhas e corpo dourado.

A imortalidade do Fénix foi a recompensa pela sua obediência ao preceito divino. Recebeu também outras qualidades como o conhecimento, a propriedade curativa das suas lágrimas, e sua força incrível. Ao longo das suas múltiplas vidas, a missão do Fénix foi transmitir conhecimentos que foi guardando desde a sua criação junto à Árvore do Bem e do Mal, e inspirar o trabalho dos pesquisadores do conhecimento, fossem artistas ou cientistas."
Acredita-se que a Fénix foi o único animal do Paraíso que resistiu à tentação, o que fez ele ser um eterno.

E é assim que me sinto. Como uma Ave Fénix que renasce das suas cinzas, deixando para trás a tentação o pecado.

Vejo-me agora: irreconhecível. Olho-me no espelho e tenho dificuldade em identificar a imagem reflectida à minha frente. Mas sou eu, um novo eu, ressuscitado das cinzas, das cinzas das chamas que me foram destruindo-me durante muitos anos. E, tal como a ave Fénix , ressurgi com uma nova imagem que, por muito que me custe, tenho que admiti-lo, é muito mais atraente. Deixei de ser uma menina e transformei-me numa mulher. Uma mulher com curvas, um longo cabelo brilhante, um pele radiosa, uns olhos a brilhar, um sorriso permanente.

Renunciei ao pecado, à tentação e livrei-me das chamas que me consumiam para me converter em quem sou hoje.

Não posso enganar-me a mim própria, tudo o que me magoa continua a estar aqui. Todas as razões que me fizeram mergulhar no mundo sombrio da anorexia estão aqui, não desapareceram, e não desaparecerão. Mas eu aprendi a viver com elas.

Usei a minha anorexia como uma forma de enfrentar meus medos, acreditando que desse modo deixariam de me magoar, deixariam de me amedrontar. Mas estava enganada. Os medos não desapareceram, apenas os transformei em novos medos. Aprendi a não temer a morte, a não temer o passar dos anos, a não ter medo da mudança permanente das coisas, a não temer a transformação do mundo. Mas novos medos nasceram que me tornavam o dia a dia cada vez mais difícil.

Resisti à tentação e livrei-me das chamas, renasci das cinzas, mas os meus medos não desapareceram. Continuo a ter medo da morte, continuo a ter medo do passar dos anos, da instabilidade do mundo. E os medos afectam-me, magoam-me e não posso mudar.

Às vezes tento lembrar-me de como era fácil viver num mundo em que, ao contrário da grande maioria das pessoas não tinha medo da morte. Mas eu sei que era apenas um engano, porque a verdade é que não deixei de ter medo, apenas mudou o meu medo para outros aspectos da minha vida e acabou por ser tudo muito mais difícil ainda.

Não é fácil viveres com os teus medos. Sou uma pessoa extremamente sensível, tudo me afecta muito e às vezes, choro sem motivo. Mas também sorrio sem motivo pelo simples facto de que, apesar dos meus medos, estou satisfeita com o que tenho.

E estou a aprender a gostar do meu corpo. Eu sei que nunca chegará o momento em que direi "Estou satisfeita com meu corpo", não sei se pela minha própria situação ou se pelo facto de ser mulher. Mas hoje, eu começo a aceitar o meu corpo, a aceitar a imagem reflectida no espelho, a não temer tão intensamente uma refeição, uma reunião de família, o verão; a não temer as mudanças naturais do meu próprio corpo, um corpo que começo a aceitar como "algo" belo por ser exactamente como é. E custa-me aceitá-lo, mas começo a fazê-lo (com certeza que com alguns quilitos a menos seria muito mais fácil).

Renasci das cinzas que me consumiram e não foi fácil. Mas fi-lo e ganhei o prémio da vida eterna. E valeu a pena. É difícil renunciar à tentação da anorexia, que sempre considerei como uma coisa "eterna", que gostaria de ter para sempre, mas temos que mudar essa concepção errada. E olhar para o espelho, pelo outro lado, pelo lado da realidade onde a eternidade só é alcançada renascendo das cinzas e vivendo a eternidade da vida com os medos e incertezas que isso implica, mas a vida, ao fim e ao cabo, a vida que é a base da eternidade"

ANA
http://www.elavefenix.net/

Jan 15, 2010

>> "...achei que não era nada e que ia passar" (testemunho)

Todo o testemunho (aqui) ..."colocava duas calças pra ninguém percebe o quanto era magra...mas qdo comecei a conversar com meninas que faziam a mesma coisa e leas falavam você deve tar linda, aí não quiz parar mais, elas me incentivavam muito e me sentia bem...mesmo com dores no corpo, aftas que davam muitas eu continuei....Ate que comprei uma revista que falava sobre anorexia e bulimia e li essa revista e vi o que tinha mas achei que não era nada q ia passar que quando eu quisesse parar ia conseguir, mas não foi bem assim, não consegui parar, mas tinha vergonha de contar, da minha família não entender." (testemunho continua aqui)

Jan 13, 2010

>> Fazer dieta: 67.873 rapazes e raparigas de 41 países responderam...( II )

No relatório da organização Mundial de Saúde (OMS-WHO) pode ler-se “Fazer dieta pode ser ineficaz como meio de controlar o peso. As tentativas para perder o peso podem conduzir a um ciclo de restrição seguido de uma fase de sobrealimentação ou compulsão, que em última análise leva ao aumento de peso. Foi verificado, num estudo em que foram observados durante três anos que os adolescentes que faziam dieta ganhavam mais peso que os que não faziam (1).
Dietas para perder peso e muito rigorosas e perpetuando-se no tempo apresentam o risco de graves consequências para as pessoas em desenvolvimento. Podem aumentar a irratibilidade, problemas de concentração, perturbações do sono, menstruação irregular, risco de atraso no crescimento, atraso no desenvolvimento sexual e deficiências nutricionais (2). Fazer dietas extremas é considerado como estando associado a baixa auto-estima e outros estados psicológicos negativos tais como a depressão, a ansiedade, os distúrbios do comportamento alimentar [anorexia nervosa, bulimia, etc.] Extreme dieting is believed to be associated with low self-esteem and e pensamentos suicidários(1,3–7).
Os jovens de 41 países foram questionados sobre se estavam actualmente “a fazer dieta ou a fazer qualquer coisa para perder peso” As opções de resposta eram: (a) não o meu peso é bom (b) não eu preciso de aumentar de peso (c) sim. Os resultados do MAPA representam a percentagem dos que declararam estar a fazer dieta ou algo para perder peso (clique no mapa para aumentar)
As raparigas de todas as idades (11 a 15 anos) apresentam maior incidência na prática de dietas.
Essa diferença entre raparigas e rapazes ocorre nos 41 países estudados para a idade dos 15 anos e em quase todos para a idade dos 13 anos. Nos 11 anos a taxa é mais baixa e essa diferença ocorre em poucos países."
Referências
1. Field AE et al. Relation between dieting and weight change among preadolescents
and adolescents. Pediatrics, 2003, 112(4):900–906.
2. Pesa J. Psychosocial factors associated with dieting behaviors among female
adolescents. Journal of School Health, 1999, 69(5):196–201.
3. Ge X et al. Pubertal transitions, perceptions of being overweight and
adolescents’ psychological maladjustment: gender and ethnic differences. Social
Psychology Quarterly, 2001, 64:363–375.
4. Edmunds H, Hill AJ. Dieting and the family context of eating in young adolescent
children. International Journal of Eating Disorders, 1999, 25:435–440.
5. Patton GC et al. Onset of adolescent eating disorders: population based cohort
study over 3 years. British Medical Journal, 1999, 318:765–768.
6. Siegel JM. Body image change and adolescent depressive symptoms. Journal of
Adolescent Research, 2002, 17:27–41.
7. Thompson AM, Chad KE. The relationship of social physique anxiety to risk for
developing an eating disorder in young females. Journal of Adolescent Health,
2002, 31:183–189.
FONTE: Organização Mundial da Saúde - WHO World Health Organization. O inquérito em que se baseia o relatório foi levado a cabo por equipas de cada um dos países. Em Portugal foi uma equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (FMH-UTL).INEQUALITIES IN YOUNG PEOPLE’S HEALTH HEALTH BEHAVIOUR IN SCHOOL-AGED CHILDRENINTERNATIONAL REPORT FROM THE 2005/2006 SURVEY (aqui na página da WHO-OMS) de HBSC INTERNATIONAL COORDINATING CENTRE, Child and Adolescent Health Research Unit (CAHRU); The Moray House School of Education; University of Edinburgh, http://www.education.ed.ac.uk/cahru

Jan 11, 2010

>> Imagem do corpo: 67.873 rapazes e raparigas de 41 países responderam...( I )

(clique na imagem à esquerda para ver os detalhes dos mapas)
A diferença entre a imagem que as raparigas e os rapazes da mesma idade (15 anos) possuem em relação ao corpo é evidente em todos os 41 países estudados. Estando a anorexia nervosa associada a uma imagem negativa do próprio corpo este resultado ajuda a perceber (apenas parcialmente) as diferenças de incidência da doença entre os dois sexos. O inquérito foi efectuado em 41 países. Responderam um total de 100.233 rapazes e 104.301 raparigas. Os mapas abaixo foram baseados apenas nos adolescentes com 15 anos ( um total de 67.873 respostas) Em resposta à pergunta como se apercebiam do próprio corpo ( body image) em repostas que iam do "demasiado magro" até ao "demasiado gordo". Os mapas ao lado (clique na imagem para ampliar), um para raparigas de 15 anos e outro para rapazes de 15 anos representa a percentagem no total das respostas daqueles que responderam "demasiado gordo" ou "um pouco gordo". O estudo aborda muitos outros aspectos da vida das crianças e jovens nesses 41 países. Voltaremos várias vezes a este estudo.
FONTE: Organização Mundial da Saúde - WHO World Health Organization. O inquérito em que se baseia o relatório foi levado a cabo por equipas de cada um dos países. Em Portugal foi uma equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (FMH-UTL).
INEQUALITIES IN YOUNG PEOPLE’S HEALTH HEALTH BEHAVIOUR IN SCHOOL-AGED CHILDREN
INTERNATIONAL REPORT FROM THE 2005/2006 SURVEY (aqui na página da WHO-OMS)
de HBSC INTERNATIONAL COORDINATING CENTRE, Child and Adolescent Health Research Unit (CAHRU); The Moray House School of Education; University of Edinburgh, http://www.education.ed.ac.uk/cahru

Jan 9, 2010

>> Entrevista sobre Anorexia (na SIC dia 7 de Janeiro 2010)


Rita Ferro entrevista a Dra. Isabel do Carmo (HSM), José Delgado (AFAAB) e Ana Sofia Fernandes (ex-anoréctica). nota: o video, com duração total de 22 minutos, pode levar alguns segundos iniciar-se. O programa conta ainda com a participação pelo telefone de Mafalda Neves cujo testemunho em video em 2008 pode ser visto num blogue aqui.
A Professora Doutora Isabel do Carmo tem vários livros publicados (pela dom quixote) um deles reprozuz-se a capa em cima.

>> 08.01.2009

Fotografia flickr cc (aqui)

>> Apoio a Familiares e Amigos. Onde? (actualizada 8 Jan 2010)

A AFAAB tem sede em Matosinhos, Núcleos no PORTO (reuniões regulares no São João de que vamos dando notícia nest blogue, a próxima reunião será no dia 29 de janeiro de 2010 no Serviço de Psiquiatria do Hospital de S. João, pelas 21H30), BRAGA, LISBOA e FARO. Está em reactivação um núcleo em COIMBRA. Seguem os contactos recolhidos na página da AFAAB:
BRAGA: Helena Campos 25 361 25 08
helena.f.campos@seg-social.pt
FARO: Guiomar Paulo 28 999 14 28
guiomarpaulo342@hotmail.com
LISBOA: José Delgado 21 432 19 67
jjcdelgado@mail.cp.pt
217 972 110 ou 914 929 928 (2ª feira a 5ª das 14h-17h); Próxima reunião: 27 de Novembro 21:30, 2009-11-27 - NDCA - Rua Sousa Lopes, 63-C -LISBOA (Frente ao CC Gemini) pelas 21H30
MATOSINHOS: 91 492 99 28 (Todos os dias);Sede da AFAAB:Rua de Augusto Gomes, 313 (traseiras) Apartado 2198; 4450-999 MATOSINHOS; Atendimento às 2ª, 4ª e 6ª feiras das 15H às 18H ; 22 938 56 44 (2ª,4ª e 6ª feira das 15H às 18H); 91 492 99 28 (Todos os dias); 22 200 00 42; afaab@
sapo.pt
PORTO: 91 492 99 28

Jan 8, 2010

>> AFAAB , contacto 91 492 99 28

Reproduzimos acima uma informação da AFAAB
Associação dos Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bulímicos
"Se quiser falar connosco podemos recebê-lo(a) nas nossas instalações em Matosinhos,
todas as 2ª, 4ª e 6ª das 15h às 18h. Marcação de dia e hora 914929928
Se tem dúvidas nós podemos ajudar"

Jan 7, 2010

>> Anorexia e inteligência (interrogações de Melissa)


Porque é que uma mente inteligente decide coisas tão estúpidas como comer apenas maçãs e alface (ou até nem comer nada)?

Porque é que o cérebro perde tempo a contar calorias e engendrar estratégias de passar fome? (*)
 
Algumas das razões possíveis indicadas pela Melissa para associação paradoxal entre inteligência e anorexia nervosa são : perfeccionismo, competitividade, estar numa onda ou ritmo diferente da maioria [ uma forma de ser diferente pergunto], pensar muito nas coisas. "

A inteligência não leva à doença de comportamento alimentar mas pode mantê-la. Cria condições para ela ir progredindo" comenta a Melissa.
 
Comentário de esqueciaana: Para mim, ex-anorectica, falta acrescentar uma coisa que não é pormenor: a inteligência cria também condições para que, tomada consciência da doença o perfeccionismo, etc. ( todos aqueles "maus da fita") sejam aplicados no bom sentido o da RECUPERAÇÂO (e passem ser alguns heróis na história).










(*) Encontrei estas perguntas na página da Melissa Wolfe de 29 anos (aqui) onde ela se interroga sobre a sua experiência de recuperação de uma anorexia nervosa . Tive conhecimento da página ao visitar os links de página d e um centro de investigação sobre doenças do comportamento alimentar de uma universidade britânica, Eating Disorders Research do King's College London (aqui) . É uma página muito rica em informação e disponibilizando resultados sobre as últimas investigações, nomeadamente sobre a anorexia nervosa. Acrescentei esse centro às ligações em inglês e passarei a ser visitante regular e divulgadora aqui neste blogue de alguma da informação disponibilizada. É muito revelador o título de uma das entradas dessa página do King's College: O QUE SABEMOS ( What we already know) a lembra-nos o muito que ainda existe para esclarecer.
 


 

 

Jan 6, 2010

>> " O problema era comigo mesma..." (testemunho)

Encontrámos este testemunho (integral aqui na revista Marie Claire, globo Brasil, entrevista a Fernanda do Valle autora de um livro sobre a anorexia pela jornalista Letícia González). As imagens- com mais e menos photoshop mostram capas recentes da revista Marie Claire em quatro países e ilustram a adaptação aos diferentes contextos/mercados (?, Rússia, França, Índia )"Fernanda hoje, pesando 10 quilos a mais que em 2008, conta em livro o drama que viveu Prestes a completar 30 anos, a turismóloga Fernanda do Valle desencadeou um pico do distúrbio que a acompanhava desde a adolescência. Por conta de um conselho médico que limitava sua dieta, simplesmente parou de comer. O problema cresceu na proporção inversa dos números na balança. Quanto mais emagrecia, mais pensava “só outro quilo a menos”. Até que, depois de uma primeira internação e a certeza de que controlava seus impulsos, teve um colapso que quase lhe custou a vida. Em “Eu, ele e a enfermeira...na luta contra a anorexia”, lançado nesta quinta-feira, ela conta os altos e baixos da doença - e eles são muitos.
Fernanda conversou por telefone com Marie Claire Online e revelou as partes mais difíceis dessa luta contra os próprios pensamentos. Confira:
Marie Claire - No livro, você diz que a sua anorexia foi desencadeada por um diagnóstico de hipoglicemia. Como isso pode acontecer?Fernanda do Valle - Eu tenho transtorno alimentar desde os 12 anos, mas convivi com ele por anos e minha família nunca notou. Quando comecei essa dieta (o médico havia cortado doces, açúcares, frituras e carboidratos de farinha branca), eu fiquei sem opções. Aí eu perdi a mão de vez.MC - Como eram os seus pensamentos em relação à comida?FV - Meu pensamento sempre foi obsessivo pela magreza. Meu pai e minha irmã mais velha tinham sobrepeso e, no pânico de engordar, eu tentava criar uma margem de segurança de magreza. Eu sabia o valor nutricional de cada alimento. No final do dia, fazia a conta para ver se batia com o que eu queria. Então, programava o dia seguinte.
MC - Como era a sua alimentação?
FV - Eu fazia tudo errado. Ficava muito tempo sem me alimentar e, quando comia, perdia a mão e comia demais. Chegava a fazer 24 horas sem comer. Toda segunda-feira começava um regime novo, sempre por conta. Além disso, comia e ia correndo para a academia queimar o que havia ingerido. Comer de três em três horas só entrou na minha vida depois do tratamento contra a anorexia.
MC - Qual foi o seu menor peso?
FV - Eu cheguei a pesar 41 kg.
MC - Por que você acha que teve tantos altos e baixos no tratamento?
FV - Porque os pensamentos obsessivos são muito fortes. Eu estava vendo uma cena na novela (“Viver a Vida”, da TV Globo) em que a Bárbara Paz dizia
“eu quero melhorar, mas não consigo”, e eu senti aquilo dentro de mim. Você tem a consciência, mas a doença é muito forte. Depois que você aceita (se tratar), ainda tem de lutar contra os seus pensamentos.MC - O que você sentia quando ganhava peso?
FV - Eu tinha muito medo de perder o controle. Sonhava que acordava e não conseguia levantar da cama de tão gorda que estava.
Pensava que as pessoas não gostariam de mim se fosse gorda.MC - Você tinha medo de perder o amor do seu namorado?
FV - Na época eu estava tão egoísta e obsessiva comigo que eu nem pensava nos outros. O problema era comigo mesma. Ele me pedia para ganhar peso, pois havia me conhecido com 10 quilos a mais, mas eu não dava bola.
MC - Por que os outros não percebiam o que se passava?
FV - Eu era uma bela de uma atriz. Não fazia a compensação na frente dos outros. Às vezes dava desculpas como “já comi no colégio”, “jantei em casa”, “estou com dor de garganta”. Desculpas existem muitas.
MC - Você se considera uma pessoa ansiosa?
FC - Sim, eu ainda me considero uma pessoa muito ansiosa. Tenho que me vigiar para não fazer três coisas ao mesmo tempo, não puxar o laptop quando estou comendo, não levantar. Tenho dificuldade de slow-down.
MC - Você se pesava muitas vezes?FC - Muitas vezes por dia! Eu tinha balança em casa e, se passava na farmácia, parava para me pesar. Pesava antes e depois da atividade física. Eu era obcecada pelo número. Hoje me peso só na nutricionista.
MC - Como você se via?
[ continuar a ler
aqui na revista Marie Claire on line]LIVRO: "Eu, ele e a enfermeira... na luta contra a anorexia"
AUTORA: Fernanda do Valle
EDITORA (Brasil): Clio

Jan 4, 2010

>> Prioridades nas urgências ( qual a COR da Anorexia Nervosa?)

Li este testemunho no passado dia de Natal de um irmão de uma doente com anorexia nervosa e interroguei-me sobre quais serão as prioridades dadas a estes casos na admissão nas urgências hospitalares (seguindo o critério de prioridades baseado nas cores, figura acima). O mapa de apoio a estes doentes está de facto muito incompleto.
O testemunho parcial (testemunho integral pode ser lido aqui, no site da AFAAB)
"Sou irmão de uma rapariga de 19 anos que já há cerca de 3 anos sofre de anorexia. Já andou em psicólogos, psiquiatras, nutricionistas, médica de familia e não se veêm resultados. Ela está extraordinariamente magra, deve pesar neste momento menos de 30 quilos e vinha-vos pedir ajuda para ajudarem os meus pais, que não sabem o que podem fazer. Em Novembro foi internada no Hospital de Leiria, onde nós moramos e esteve lá 1 mês e meio. Deram-lhe alta argumentando que não colaborava, que os valores dos vários exames estavam bons e que não poderia estar lá mais tempo internada. Durante o tempo em que esteve internada nunca teve uma consulta de psicoterapia, apenas medicação e uma dieta especifica para ela. Desde o dia em que teve alta já foi lá mais 2 vezes, incluindo hoje, 25 de Dezembro, porque se recusa a comer, diz que não tem apetite e que quer morrer. Os médicos do serviço de psiquiatria dizem que não podem fazer mais porque ela não colabora e apenas dizem aos meus pais para a obrigar a comer. Os meus pais também já falaram aos médicos da hipótese da minha irmã ser transferida para os HUC onde têm uma consulta própria para os distúrbios alimentares mas eles levantam muitas reticências e dificuldades, dizendo que é muito complicado ela conseguir uma cama, só em casos muito urgentes. Mas ela é um caso URGENTE!! (...)"
Na admissão de urgências hospitalares existe na maior parte dos hospitais a triagem de prioridades conhecida como a triagem de Manchester que usa as cores na figura acima e cuja explicação está disponível , entre muitos outros locais, na págin a do Hospital de Leiria .
QUAL A COR DA ANOREXIA ? (perguntamos novamente) Sabemos que qualauer resposta poderá ter início com a palavra "depende..." e a seguir ...?