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Jun 13, 2013

...época de EXAMES (7 efeitos sobre os estudantes)

Interrogo-me muitas vezes sobre o quando e o porquê de ter tido anorexia nervosa. Foi há décadas (sim, décadas). Tenho quase a certeza que a doença me 'apanhou' numa fase de extremo cansaço depois de um qualquer período de exames em que existindo múltiplas razões objectivas para estar com a auto-estima elevada, me sentia muito deprimida. O perfeccionismo acompanha muitos dos doentes com anorexia (artigo científico sobre o assunto aqui; estudo com base em estudantes portugueses aqui). Nesta época de exames (em que por uma décima se pode alcançar ou perder a entrada "no-curso-com-que-sempre-se-sonhou'') o perfeccionismo, o stress, a depressão...podem agudizar-se. Alerta.
 
Outro post relacionado: inteligência e anorexia ... (aqui)  


(este post já tinha sido publicado em junho de 2010)
Fotografia flickc cc (aqui)

Jan 16, 2012

...23 ideias erradas sobre doenças do comportamento alimentar (fonte: NEDA-US)

" ESTÁ NA HORA DE FALARMOS SOBRE O ASSUNTO"Encontrei esta informação sobre os mitos relativos às doenças do comportamento alimentar ( no Brasil um termo frequentemente usado é Transtornos Alimentares-TA) (em inglês ED= EATING DISORDERS) aqui no National Eating Disorders Information Centre-Educator Toolkit.
Apenas transcrevo a lista dos 23 mitos fica a promessa de os comentar um a um em futuros posts (promessa ainda não cumprida pelo esqueciaana).
Gostaria de conhecer também os vossos comentários e interrogações sobre cada um dos 23 (ou acrescentar outros).
Nota: a ordem porque são apresentados não corresponde necessáriamente à importância de cada um dos mitos.
Algumas afirmações podem ser  'verdadeiras apenas parcialmente', logo falsas. Não há meias-verdades.
mito #1. Os transtornos alimentares (TA) não são uma doença FALSO
mito #2. Os transtornos alimentares são raros FALSO
mito #3. Os transtornos alimentares são uma escolha do doente FALSO
mito #4. Só as jovens e mulheres podem ter transtornos alimentares FALSO
mito #5. Homens que sofrem de transtornos alimentares tendem a ser gay FALSO
mito #6. A anorexia nervosa é a única doença grave do comportamento alimentar FALSO
mito #7. Não se pode morrer de bulimia FALSO
mito #8. Os transtornos alimentares sem sintomas graves (não diagnosticados) não são graves FALSO
mito #9. Fazer dieta é um comportamento normal(aceitável) do adolescente FALSO
mito #10. A anorexia é apenas uma dieta que 'deu para o torto' FALSO
mito #11. Uma pessoa com anorexia não come FALSO
mito #12. Pela a parência percebe-se sempre se uma pessoa sofre de uma TA FALSO
mito #13. Os transtornos alimentares têm a ver com a aparência e com a beleza FALSO
mito #14. Os transtornos alimentares são causados por imagens não saudáveis e irrealistas divulgadas pelos meios de comunicação FALSO
mito #15. Apenas pessoas de nível socioeconómico elevado sofrem de transtornos alimentares FALSO
mito #16. A recuperação nas doenças do comportamento alimentar é rara FALSO
mito #17. As doenças do comportamento alimentar são meras tentativas para chamar a atenção FALSO
mito #18. Purgar/Vomitar é apenas expelir a comida FALSO
mito #19. Purgar ajuda a perder peso FALSO
mito #20. Se não estiver 'pele e osso' então não está doente FALSO
mito #21. Crianças com menos de 15 anos são muito novas para terem uma doença do comportamento alimentar FALSO
mito #22. Apenas se pode ter um tipo de doença do comportamento alimentar de cada vez FALSO
mito #23. Quando o peso normal é alcançado a anorexia está curada FALSO

AQUI o original em inglês
5 comentários, interrogações e afins:
Exahmia disse...
É curioso este post, hoje uma amiga falou comigo sobre este assunto, ela quer fazer uma curta metragem sobre este tema e pediu me ajuda para escrever o argumento, sobre TA e sobre o facto de não ser só sobre anorexia e bulimia, há mais do que esses dois.

Sobre estes 23 mitos, acho que o 16 não está bem claro.

16. A recuperação nas doenças do comportamento alimentar é rara FALSO

Não é assim tão falsa, certo? Na verdade a recuperação total é realmente rara se não impossível.
Seria uma completa mentira dizer que certas coisas não vão ficar provavelmente para sempre, também depende muito do estado da pessoa, mas de uma forma geral a recuperação nunca é total, é possível viver bem e com uma certa paz em relação a comida mas provavelmente em 10, talvez o que? 1 recupere totalmente SE levar o tratamento até ao fim.

Claro que uma pessoa com 17 anos que teve TA durante 2 tem mais hipóteses de recuperar que uma com 30 que teve TA durante 14 anos, acho que o ponto 16 envolve muita coisa, não é assim tão linear responder a isso.

24 de Fevereiro de 2010 23:21
ex ana disse...
Por isso é indispensável analisar cada um dos 23 em seprado. Por isso referi as meias verdades...que são mentiras. Ou seja algumas das afirmações podem ter um certo grau (variável) de alguma verdade mas não podem ser tomadas em absoluto como ideias 100 verdadeiras e incontestáveis.
E sim pode existir recuperação total. E sim, quanto mais cedo o tratamento e portanto menor a duração maior a probabilidade de ela ocorrer.
Agradeço o comentário e irei tratar cada um dos pontos com os dados e argumentos objectivos que conheço. Pois como sabes o conhecimento científico ainda não é completo e consensual...

25 de Fevereiro de 2010 06:29
ex ana disse...
Exahmia,
Quando quiseres dar mais notícias da curta metragem terei muito gosto em divulgar aqui...
Sim há mais que dois TA, aliás esse é um aspecto actualmente em discussão no DSM V. Os outros são uma parcela grande no conjunto e por vezes nomeadamente nos US são falsamente classificados em A ou B por questõe spráticas associadas aos seguros de saúde (irei procurar tb informação sobre isso).

25 de Fevereiro de 2010 20:27
Sil disse...
Olá,
Tudo bem?
Bom e útil este post. A muitos mitos a serem desmitificados acerca dos Transtornos Alimentares. Estes que listastes e tantos outros que podem povoar a mente de muitos de nós. O importante é buscar-se as informações fidedignas, assimilá-las e transmiti-las, assim com estás a fazer.
Muitos Parabéns!!
Fica sempre com Deus.

6 de Março de 2010 13:16
Anónimo disse...
mito #7. Não se pode morrer de bulimia FALSO
-eu nem sonhava que isso era falso!
mito #9. Fazer dieta é um comportamento normal(aceitável) do adolescente FALSO
-eu nesse penso que é verdadeiro olha so se nao esta contente com seu corpo, melhor doque criar ilusoes e dar errado.
mito #11. Uma pessoa com anorexia não come FALSO
.nem sempre é assim é possivel passar um tempao sem comer ou entao comendo muito pouco
#16. A recuperação nas doenças do comportamento alimentar é rara FALSO
-é muito rara uma recuperacao total
mito #18. Purgar/Vomitar é apenas expelir a comida FALSO
-essa tambem pensava que era verdade
mito #19. Purgar ajuda a perder peso FALSO
-e essa tambem
mito #23. Quando o peso normal é alcançado a anorexia está curada FALSO
-tem ainda uma parte mental enorme pra recuperar
EU PENSO QUE MUITA GENTE TA MUITO MAL INFORMADA,E ISSO AJUDA A ESCLARECER MUITA COISA!

24 de Fevereiro de 2011 21:37

Oct 19, 2011

...5,2631579% a invadir os dias e a estragar a alegria?


5,2631579%, é a parcela de 3 quilos em relação a 57 quilos.
Pergunto-te, racionalmente, achas que tão pouco merece tamanha focagem, abrangência da tua vida, e pressa em alcançar?
OK, queres ter menos 5,2631579 % do peso que agora tens. Admitamos que depois disso, o peso continua a ser saudável segundo os padrões dos especialistas (IMC etc.). Porque não escolhes então a alternativa de multiplicar por 3 ou por 4 o tempo em que queres concretizar essa ‘meta’?
E aqui claro entra a ‘irracionalidade’ que eu já experimentei quando estava doente. Pensava: “consigo tanta coisa que traço como objectivo que vou também conseguir ESTA…e JÁ!”. E fui ‘conseguindo’, menos   5,2631579%, menos 10,5263158%, menos…26,3157895% …e por aí adiante ...e a morte a rondar cada vez mais perto… Não estou a exagerar. Alguns dos leitores deste blogue sabem bem quanto é verdade.

Oct 11, 2011

...16 tipos de "não sei" (pedir socorro em silêncio)

(design-dautore.com) Oleg Dou


(Os "Não sei"s ;  clique sobre a imagem acima para a ampliar

[Nota de esqueciaana: este post tem dedicatória: a todos os que como eu dizem demasiadas vezes não sei...sabendo ]
Do blogue de Laura Collins transcrevo este texto: [tradução livre de esqueciaana; texto original, em inglês,  pode ser encontrado aqui]

"Os doentes com doenças do comportamento alimentar (dca; transtorno alimentar) frequentemente têm dificuldade em descrever suas emoções. Isso tem um rótulo científico: "alexitimia" (definição da wikipedia aqui; a=ausência + lexi=palavra + timia=emoção)).
Uma definição de ALEXITIMIA da F.E.A.S.T- Families Empowered And Supporting Treatment of Eating Disorders, Eating Disorders Glossary:
"Alexitimia é um conceito que define a incapcidade de identificar ou expressar emoções. Vários estudos mostraram que os indivíduos em situações agudas de anorexia nervosa e bulimia nervosa apresentam níveis mais elevados nos testes de alexitimia quando comparados com os doentes recuperados" Fonte original (aqui)

Uma coisa é reconhecer  a alexitimia, mas encontrar resposta para ela é outra coisa completamente diferente. Gosto bastante do Diagrama Grey Thinking's : o "NÃO SEIs" [esqueciaana: 16 significados para as palavras 'não sei';  aqui no original e na figura acima].
Os pais podem querer imprimir e guardar!!"Laura Collins no blogue "Are you eating with your anorexic?"

Imagem sobre os "Não seis" originalmente publicada aqui.Para ampliar a imagem cliquar.
Iremos analisar aqui no esqueciaana em posterior post estes "não sei"

Jun 25, 2011

...Recuperar (breves testemunhos)

O blogue ed-bites, de Carrie Arnold convidou os leitores no post “Six Word Recovery Stories” que escrevessem a “história da recuperação em seis palavras”. Até agora mais de 60 leitores responderam, nem sempre cumprindo a métrica mas seguindo o espírito que é o que importa.

Transcrevo abaixo algumas das histórias breves e copiando a ideia de Carrie Arnold convido também os leitores do esqueciaana a escrever uma micro história de recuperação. Os comentários recebidos serão acrescentados a este post.

  • “Deixa de tentar; começa a viver”
  • “O meu filho merece uma mãe saudável”
  • “A minha vida merece a luta”
  • “Dois passos em frente um passo atrás”
  • “Ficamos melhor sem a ajuda da ana”
  • “Lutando para reconquistar a minha vida”
  • “Tentar. Falhar. Tentar outra vez. Falhar melhor”
  • “Pequenos passos numa grande caminhada”
  • “Tentar. Um pouco de cada vez”
  • “A recuperação é um processo, não é um episódio”
  • “Libertei-me! Pode haver melhor prazer?” (esqueciaana, ex-ana)
  •  cont.
Nota de esqueciaana: Existem várias micro contos atribuidos a diversos escritores, mas cuja autenticidade ainda se discute. É o caso do que dizem ser conto mais pequeno da literatura mundial escrito por Augusto Monterroso e citado por Italo Calvino "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá". É também o caso da história atribuída a Ernest Hemingway “Anúncio: Vende-se, sapatinhos de bébé, nunca foram usados”.

Imagem retirada de aqui, artista Lee Hufan

Oct 17, 2010

...Médicos, ignorância e doenças do comportamento alimentar

 Abaixo transcrevo com autorização da autora (Carrie  Arnold do Blogue  EDbites dos US ) um texto sobre os médicos. Há mais de um mês tenho este texto que está muito bem escrito no original inglês (espero que a minha tradução livre não o estrague) para colocar no blogue e tenho hesitado em fazê-lo. Porquê?


Porque, apesar de saber que a alguns médicos assentam que nem uma luva as ignorâncias abaixo enumeradas, existem médicos excelentes em Portugal. Muitos médicos portugueses têm apoiado a recuperação de muitos doentes com anorexia e bulimia. Muitos doentes foram "salvos" por médicos maravilhosos, tecnica e humanamente maravilhosos. Os ex-doentes estão aí para testemunhá-lo. Mas principalmente porque os doentes devem procurar apoio dos especialistas, sempre!
Concluído o preâmbulo-aviso, segue a transcrição
...Médicos, ignorância e doenças do comportamento alimentar (dca)
 [no original: Doctors, ignorance, and eating disorders]
03/09/2010

" Há um aspecto interessante que encontrei numa dicussão sobre porque é que os médicos estão tão alheados das doenças do comportamento alimentar (Anorexia, Bulimia). Há aspectos relativos às empresas de seguros (nos Estados Unidos) e às regras dos serviços nacionais de saúde (no Canadá, no Reino Unido, etc.). Mas não estou a referir-me a isso.  É que a maioria dos clínicos não entende a doença, mesmo quando, eventualmente se intitulam de "especialistas" em doenças do comportamento alimentar (dca).

Penso que as possíveis razões para esse facto são:

1. Desconhecimento. Alguns médicos de facto, no fundo, não possuem a chave para o problema.  A situação mais perigosa (e frequente) é quando os médicos pensam que possuem a chave, mas de facto não a têm. Posso ser ainda mais específica: há aqueles que não têm idéia de que eles não percebem do assunto e há aqueles que não querem admitir que não percebem do assunto.

É curioso, porque eu respeito a sério um médico que me diz: "Sabe, isso realmente não é minha área de especialização, mas deixe-me procurar alguém que possa ajudá-la melhor." Admito que é difícil para alguém (um médico em particular) admitir que não sabe tudo, mas posso garantir-vos que passarei a respeitá-lo mais se assumir essa ignorância.

2. Impotência. Muitas das coisas para que os clínicos são formados e treinados para tratar envolvem, basicamente, dizer a um paciente o que fazer ou receitar-lhe um remédio, e o problema ficará resolvido. Mesmo noutras doenças que podem ser crónicas, complexas, há um caminho óbvio a seguir. Primeiro tenta-se um tratamento A, depois o B, depois o C. Assim, alguns médicos vão aconselhar a velha rotina "have a sandwich"  porque é o tipo de coisa que funciona com outras doenças.

Mas o problema com um transtorno alimentar não é realmente comer a sandocha. É convencer-te a comer (e digerir) a sandocha. Nem todos os doentes com dca padecem de problemas gastrointestinais mas posso garantir-vos que a maioria dos doentes pensa em comer a sandocha.   É o medo do que poderá acontecer se comer uma sanduiche que ataca a maioria dos pacientes. Penso que isso não é de facto compreendido. 

Outra coisa que acho que muitos médicos não percebem é que anorexia e a bulimia não são como as outras doenças. Porquê?

3. Pressupostos  errados. Quando alguém fica doente, geralmente quer melhorar. O problema com as doenças do comportamento alimenta é que muitos doentes  não reconhecem que têm um problema. E mesmo quando reconhecem, muitas vezes há problemas sérios com o acompanhamento clínico. Às vezes a motivação desaparece. Às vezes o doente mente para sair do consultório.  Às vezes o paciente sub valoriza a dificuldade do tratamento. Ou então o doente não compreendem a gravidade do problema ("o meu transtorno alimentar não é problemático"). A maioria dos médicos não percebem este comportamento. Não percebem porque alguém fica com estes  sintomas. Por isso, assumem que o doente está pronto e disposto a parar o comportamento doentio- o que nem sempre é verdade.

4. Regulam-se pelo doente. Nem sempre isso é mau. Acho que é bom que os médicos deixem 'assumir a liderança' aos doentes num estilo interactivo, em relação aos tipos de tratamentos que funcionam melhor, esse tipo de coisas. Mas quando um paciente não se rala verdadeiramente com uma coisa que o está a matar, os médicos muitas vezes pensam que afinal não deve ser assim tão grave.
(Eu tive este problema com a depressão simplesmente porque não demonstro plenamente as minhas emoções e tenho ao mesmo tempo um forte sentido de humor negro. Por isso, posso estar com uma depressão grave e ao mesmo tempo dizer graçolas ... de que só eu sei o verdadeiro significado).

5. A comunicação social, os mídia . Na comunicação social, quando se veêm os casos de doenças do comportamento alimentar, são apresentadas as situações mais extremas.    Por isso quando alguém entra no consultório com um peso que não é tão baixo como daquela magrizela que viu na TV na noite passada, ou que não vomita ou usa laxantes com a mesma frequência, é muito mais fácil (mas apesar disso irresponsável e estúpido) mandar o doente embora.

6. Sobre-valorização ou desvalorização das análises laboratoriais. Muitas pessoas podem estar com graves distúrbios do comportamento alimentar e mesmo assim terem o resultado das análises laboratoriais nos parâmetros normais. Por outro lado, as pessoas podem parecer mais ou menos saudáveis e terem resultados laboratoriais malucos. Mas como que peso não é realmente baixo, possivelmente não estão muito doentes. Ou se o peso é muito baixo, mas os resultados das análises laboratoriais estão normais, então não é provável que esteja muito doente.  

7. A sobrevalorização do peso. Esta explica-se por si só.

 

8. A histeria anti-obsesidade. Quando todas as mensagens que se ouvem são para se certificar de que as pessoas não estão demasiado gordas, provavelmente os médicos não reparam se elas estão demasiado magras.  Frequentemente os médicos encorajam os esforços para os doentes perderem peso porque pensam "Finalmente! Alguém a quem não tenho de debitar a lenga-lenga dos perigos dos fritos!" . Ou então os médicos ignoram a perda de peso de uma criança em crescimento porque ainda não está com "subpeso", embora a perda de peso seja rápida, acentuada, e coloca essa criança fora da curva de crescimento normal.  

9. Simplesmente não sabem lidar com as doenças do comportamento alimentar.  Sou a primeira a reconhecer que não sou uma pessoa fácil de tratar, especialmente quando estava doente. Faltava às consultas ou desaparecia e ignorava as recomendações dos médicos.  Eu não sabia que  tinha um problema, e que uma crise iria aparecer e que o inferno iria desabar sobre mim. Não invejo a sorte dos meus  médicos e terapeutas, e esse é um dos motivos mais óbvios porque não quero ser médica / terapeuta. Mas os pacientes resistentes carregam muita coisa com eles. Faz parte do jogo, e é a vida de alguém que está em jogo nas mãos dos médicos.

Porque acha que tantos médicos não conseguem entender as doenças do comportamento alimentar? Partilhe connosco os seus comentários, mas peço que isso não se transforme numa comparação para saber quem está mais doente. Não precisa dizer quantas vezes por dia ..., ou o seu peso / IMC. Não é essa a questão. O que eu estou curiosa por saber é o que a sua experiência lhe ensinou sobre porque tantos médicos estão alheados do que são as doenças do comportamento alimentar. "

Mar 9, 2010

>> Anorexia ( 90%-100% do tempo pensar em comida)

Eu pensava muito em comida, sonhava com comida. Lembro nas aulas de desligar do que os professores estvam a dizer e 'ver' no quadro comida e quadros de calorias. Tinha muita dificuldade em me concentrar. As conclusões de um estudo em seguida apresentado mostram como esse comportamento é generalizado. " Na nossa prática clínica inquirimos 1000 indivíduos com doenças do comportamento alimentar. Os resultados mostraram que as pessoas com anorexia nervosa ocupam 90% a 100% do tempo em que estão acordadas a pensar em comida, peso e fome; para além disso sonham com comida e podem ter o sono perturbado pela fome. Os doentes com bulimia referiram que gastavam 70-a 90% do tempo em que estavam acordados a pensar em comida ou em assuntos relacionados com o peso. (...) Por comparação, as mulheres com hábitos alimentares normais gastavam 10 a 15 minutos a pensarem em alimentação, peso ou fome" Fonte original: Reiff D and Lampson-Reiff KK. Eating Disorders: Nutrition Therapy in the Recovery Process. Mercer Island, WA: Life Enterprises, 1999. Fonte secundária:NEDA.

Jan 7, 2010

>> Anorexia e inteligência (interrogações de Melissa)


Porque é que uma mente inteligente decide coisas tão estúpidas como comer apenas maçãs e alface (ou até nem comer nada)?

Porque é que o cérebro perde tempo a contar calorias e engendrar estratégias de passar fome? (*)
 
Algumas das razões possíveis indicadas pela Melissa para associação paradoxal entre inteligência e anorexia nervosa são : perfeccionismo, competitividade, estar numa onda ou ritmo diferente da maioria [ uma forma de ser diferente pergunto], pensar muito nas coisas. "

A inteligência não leva à doença de comportamento alimentar mas pode mantê-la. Cria condições para ela ir progredindo" comenta a Melissa.
 
Comentário de esqueciaana: Para mim, ex-anorectica, falta acrescentar uma coisa que não é pormenor: a inteligência cria também condições para que, tomada consciência da doença o perfeccionismo, etc. ( todos aqueles "maus da fita") sejam aplicados no bom sentido o da RECUPERAÇÂO (e passem ser alguns heróis na história).










(*) Encontrei estas perguntas na página da Melissa Wolfe de 29 anos (aqui) onde ela se interroga sobre a sua experiência de recuperação de uma anorexia nervosa . Tive conhecimento da página ao visitar os links de página d e um centro de investigação sobre doenças do comportamento alimentar de uma universidade britânica, Eating Disorders Research do King's College London (aqui) . É uma página muito rica em informação e disponibilizando resultados sobre as últimas investigações, nomeadamente sobre a anorexia nervosa. Acrescentei esse centro às ligações em inglês e passarei a ser visitante regular e divulgadora aqui neste blogue de alguma da informação disponibilizada. É muito revelador o título de uma das entradas dessa página do King's College: O QUE SABEMOS ( What we already know) a lembra-nos o muito que ainda existe para esclarecer.
 


 

 

Dec 6, 2009

>> o corpo: como é e como nos apercebemos

Ter uma imagem distorcida do próprio corpo é várias vezes referido como um sintoma dos doentes anorécticos. Sentirem-se gordas/os mesmo quando o índice de massa corporal (IMC) está em níveis tão baixos que a vida se encontra em risco ( IMC, relação entre peso e altura que permite quantificar as situações de magreza ou obesidade). Os ossos espetam-se para fora da pele, mas mesmo assim os doentes acham-se 'veêm-se" gordos. Contudo, isso não é verdade para todos os doentes. Como foi divulgado em dois artigos de Novembro na revista Psychological Medicine podem existir também doentes que olhando para o espelho se apercebem de que estão muito magros, mas apesar disso não conseguem parar os comportamentos anorécticos.Eu fui uma delas pois estavam muito magra e via-me ao espelho magra (mas nunca 'suficientemente magra') mas recentemente, em contacto com outras doentes e ex-doentes apercebi-me que não fui excepção, elas também se viam magras ou esqueléticas ao espelho).Independentemente de estarmos ou não afectados por uma doença de comportamento alimentar, o que vimos no espelho depende de vários factores, como informam as notas seguintes etiradas do site espanhol STOP OBSESION . Para uma explicação mais detalhada sobre os padrões estéticos, pode ler-se (em espanhol) o artigo de Carmen Bañuelos Madera (aqui , no arquivo de documentos deste blogue; contributos e sugestões para or arquivo são mais que bem-vindos)
"Qual a diferença entre o nosso corpo e a percepção que temos dele? O corpo é algo objectivo que se pode medir, quantificar. A percepção do nosso corpo é subjectiva, a ideia que temos dele. O corpo físico pode manter-se igual e no entanto a percepção que temos dele modificar-se.
A percepção do nosso corpo ( ou seja a “forma como nos vemos, tendo aqui a visão um sentido lato) depende entre outros factores, dos seguintes:
Da observação visual:
o que vimos quando nos olhamos ao espelho.
Dos sentimentos e o nosso estado de espírito .
As nossas ideias e pensamentos,
ou seja os nossos conhecimentos a informação que detemos, o que aprendemos.
O ambiente e factores sócio-culturais (por exemplo a moda, a publicidade, os meios de comunicação). Actualmente o padrão de beleza dominante está associado a um culto exagerado da magreza."

Nov 14, 2009

>> ( não) Centrar apenas na comida ...

Centrar exclusivamente o tratamento da anorexia na alimentação é um erro grave. Quem sofre de um distúrbio alimentar está a utilizar um mecanismo negativo para lidar com as emoções desagradáveis. Em cada um dos anorécticos existe uma causa ou um conjunto de causas e o sofrimento que provocam tem que ser curado, cada um têm que buscar e constuir formas alternativas saudáveis de lidar com a vida. Ter em conta todas as áreas de um distúrbio alimentar é fundamental para a recuperação da/o doente... stress, sofrimento (passado e presente), aprender a lidar com as emoções, em paralelo com aprender alimentar-se de modo saudável. Aprender a não usar a comida como um mecanismo para enfrentar as questões que estão na raiz do comportamento anoréctico é essencial. Os amigos e familiares por vezes pensam..."se eu conseguir obrigá-la/o a comer ele/ela conseguirá resolver o problema". O apoio na alimentação é essencial, mas não suficiente. [Fonte:tradução adaptada de texto original (em inglês) aqui]. Da experiência que vivi tenho POUCAS certezas e MUITAS dúvidas. Das certezas: (1) o problema não estava no prato, estava na cabeça, na alma, no coração, ou onde quer que os meus sentires se localizassem (...)
Fotografia Irving Penn.

Nov 13, 2009

>> 10 Sinais de Aviso da Anorexia Nervosa


Os sinais de aviso da Anorexia Nervosa são vários e podem ser encontados em muitos dos sites indicados nos links/ligações (à direita). Na página da AFAAB encontra-se a lista abaixo com 10 sinais. Permitimo-nos mudar a ordem porque são apresentados e comentar brevemente a partir da nossa experiência pessoal.
1. "Não revelar sentimentos"
não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos
Talvez a raíz e o maior obstáculo à solução do meu problema. Porque o mal não estava na comida o problema estava no que sentia na alma, no coração, algures em mim. Um sofrimento que me destruia por dentro e não saía. Uma teia em que me ia enleando, que se ia transformando em armadura e que me isolava num mundo só meu e aparentemente protector.
2. "Extremo auto-controlo"
Para não me alimentar precisava de ter uma grande disciplina, método e controlo das minhas acções. Não comer é contra a natureza. Conseguir controlar a fome era uma forma de aplicar o auto-controlo. E esse auto-controlo também o aplicava noutros domínios como o estudo, o trabalho, o desporto. Mas esse meu controlo era também contraditório, pois eu estava muito frágil e não conseguia dominar as minhas emoções. Por isso o controlo era aparente.
3. "Tornar-se progressivamente mais crítico e menos tolerante com os outros"
Os outros, sempre os outros os grandes ausentes e omnipresentes quando estava doente. Não me tornei particularmente crítica até porque sempre o fora. Mantive o meu terreno de socialização habitual (fugindo da que envolvia comida). Não fiquei menos tolerante (nunca fui) apenas tinha menos paciência. Porque a fome nos tira a paciência, mesmo quando controlamos a fome como aconteceu comigo durante anos. A magreza suscitava comentários de elogio, sarcásticos, preocupados, etc. Lá fui lidando com todos, comentários e olhares. Dos outros pode também chegar, travestida sabe-se lá como a fuga que nos faz cair na realidade. Não há príncipes encantados nem príncipes valentes cavalgando em cavalos brancos. Mas há pessoas encantadoras e valentes. Algumas jovens com anorexia chamam-se de 'princesas' e a interpretação que é dada está relacionada com a recusa em crescer, passsar de menina a mulher.
4. "Significativa ou extrema perda de peso sem causa médica aparente"
Esse foi um sinal acompanhado pela perda do período menstrual. Foi este último o sinal de que a família, e primeiro a minha mãe se apercebeu. Foi um sinal que me preocupou pois pensei que nunca poderia ser mãe no futuro. Conheço casos em que a anorexia nervosa esteve na origem de infertilidade. E ao contrário do que dizem alguns livros que a anorectiva vê a mestruação (como a comida) como algo sujo eu estava consciente de que a mestruação me faria falta. Por isso a primeira médica que consultei, por inciativa própria, em segredo, foi uma ginecologista.Ou seja, eu sentia-me doente mas não percebia que o mal era psiquico.Escusado será dizer que a primeira coisa que a dita médica me receitou foi...um teste à gravidez que fiz. Inútil, porque as cegonhas não voam de Paris.
5. "Redução da quantidade de alimentos ingeridos"
Uma redução que em resultados de condições particulares da minha vivência de então eu conseguia ocultar ou justificar. Um controlo rigoroso e doentio pela balança- pesava rigorosamente tudo- a fruta depois de descascada e ficava aborrecida quando não conseguia pesar coisas que só em balança de ourives conseguiria, tais como um pau de canela, sumo de um gomo de limão, uma azeitona, etc. Uma tabela de de calorias publicada numa revista de moda e um caderninho onde apontava tudo.
6. "Desenvolvimento de comportamentos ritualizados à refeição, como, por exemplo, cortar a comida em bocadinhos muito pequenos e mastigar cada bocado em grande número de vezes."
Como comia muitas vezes sozinha não usava desses rituais, que no caso de comer acompanhada só serviriam para dar nas vistas.
7. "Não assumir a fome"
Tinha fome e muita, principalmente nos primeiros tempos. Depois fui-me habituando e a própria debilidade do corpo já não estimulava tanto a fome. Mas quando era preciso mentia dizendo que não tinha fome. E se era obrigada a comer compensava nas horas e dias seguintes...com mais jejum. Hoje sei que a bulimia preceder ou suceder à anorexia. Mas nunca fui bulímica.
8. " Só comer produtos alimentares magros e de baixo valor calórico"
O pouco que comia era muito controlado, mas o problema para a identificação deste sinal é que ele se confunde (para os familiares e amigos) com a procura de uma alimentação saudável. As festas eram um suplício na parte tocante à comida mas eram também um teste apara eu saber até onde conseguia controlar as tentações.
9. "Prática excessiva de exercício físico"
Sempre tinha praticado desporto, por isso esse sinal sentido como excessivo pela família nunca foi identificado. O que não sabiam é que levava horas (muitas horas) sem parar a dançar e aos pulos no meu quarto. O exercício físico pode hoje assumir muitas formas e também mais uma vez ser confundido com práticas saudáveis.
10. "Achar-se sempre muito gordo mesmo quando isso está longe de ser verdade"
No início sentia-me gorda, embora tivesse uma massa corporal normal, não era uma pessoa gorda segundo os parâmetros de então. Mas depois de meses de doença, quando me via ao espelho e nas fotografias, quando lia o mostrador da balança, com os ossos espetados (as costelas à vista como as imagens dos campos de concentração) percebia e sabia que estava magra. Só que achava que ainda não estava suficiente magra para parar a luta pela magreza. Não, não queria ser modelo nem as modelo (poucas e mais para o cheio nessa altura) eram minha referência. Vivaia todos os dias uma espécie de morte lenta, de suicídio homeopático.
Imagem flickr cc [Madasor]

Oct 25, 2009

>> os 'outros' ( reais e virtuais)

Os outros. Quem são os outros? os amigos, os colegas, os irmãos, os pais, os companheiros, os professores, os médicos etc. Alguns outros podem ser muito importantes quer no desencadear da doença quer na recuperação. Uma frase aparentemente inocente sobre 'estás mais gorda' pode ser o gatilho. Outra dizendo que 'estás óptima assim mais magra' pode alimentar a doença. Outra dizendo ' estás bastante mais magra, estás com algum problema de saúde?' pode ajudar. Ou não. Para quem quer ajudar alguém que sofre de anorexia nervosa é difícil encontrar as palavras e acções certas. O momento e o local exactos. Porque quem está doente se debate com contradições múltiplas.

A magreza pode ser uma forma de ser melhor aceite socialmente (não serão todos os casos, cada caso é um caso como já escrevi ou " cada caso é um mundo" como li num blogue recentemente)... mas ao mesmo tempo a anorexia afasta o doente do convívio com os outros (e muito desse convívio se faz à volta da comida e bebida).
De um modo geral quem sofre de anorexia e bulimia procura isolar-se. E aqui entra o aspecto que pode ser muito perigoso do convívio virtual com outros com igual sofrimento. Ficar rodeado por outras pessoas (virtuais) com o mesmo problema (e o problema não está no prato) pode ajudar a reforçá-lo. Há pouco li um texto de alguém muito jovem que se propunha manter um comportamento de anorexia, estabelecendo uma meta de peso e pedia para lhe enviarem sms de incentivo.


Ao mesmo tempo que procura isolar-se muitos dos doentes sentem que estão a fazer sofrer aqueles (reais) de que mais gostam e que lhes são mais próximos. E por vezes decidem tratar-se porque percebem o sofrimento que geram sobre os outros que lhe são queridos. E esses outros, mesmo sofrendo, procuram por vezes aparentemente menosprezar a doença, resumir tudo a uma vontade de emagrecer ou uma tontisse juvenil, esperando que passe como uma constipação.
Foto flickr cc aqui

Sep 20, 2009

>> tive notícias da Valentina (venceu a ana)

Encontrei uma amiga da Valentina e fiquei a saber que esqueceu a ana. Desenvolve uma carreira académica brilhante no Reino Unido. A anorexia deixou-lhe danos na saúde física mas está a ultrapassá-los. Apercebi-me que a ana a tinha presa quando a reencontrei uns meses depois de ela se ter licenciado brilhantemente. Estava uma sombra da jovem sorridente, curiosa e entusiasta que eu conhecera. Convidei-a para almoçar e aceitou timidamente. Queria eu então falar-lhe da minha experiência e de como a tinha ultrapassado. Pensava eu que poderia ajudar. Mas não fui capaz de falar com ela sobre esse assunto. Faltou-me a coragem. Se cada uma de nós que esqueceu a ana fosse capaz de conversar abertamente com os outros sobre isso seria uma boa luta. Não acham? (Hoje eu já teria coragem de conversar com a Valentina e de lhe dizer tudo o que calei durante aquele almoço há anos...)

Jul 16, 2009

Mudar


Férias! Bom tempo para mudanças e planos e ...mudanças de planos!

E para esquecer a ana!
A ana detesta o imprevisto, a aventura e a descoberta que todas as férias trazem...
Foto CC (aqui)

May 21, 2009

anjos - demónios

Eu tinha muitas vezes a imagem de estar num abismo e chegar um anjo por trás de mim segurar-me de leve e eu não cair . Ou então estar numa cova muito funda em que olhava para cima via luz, por mais que pedisse ajuda (e não conseguia gritar) não me ouviam e havia alguém que espreitava lá no alto contra a luz e chamava e enviava uma espécie de corda. Mas não tenho a certeza de ser uma corda forte era mais um fio ou parecido. O anjo salvador pode ser gente(s) ou coisa(s). Ajudam. Ajudam-nos ...se os deixarmos ajudar-nos.


imagem G. Klimt (1916)

May 15, 2009

Revista Burda

Burda
As duas imagens acima foram retiradas duma revista Burda. Que era a Burda? Uma espécie de instituição. Há 40 anos, quando o negócio do pronto-a-vestir era ainda incipiente, o vestuário feminino era feito em 'modistas' (costureiras era para os arranjos e bainhas) ou pelas próprias ou familiares (a série que passa na rtp1 ao domingo 'conta-me como foi' ilustra essa actividade). A 'bíblia' de então eram as Burdas que traziam moldes que tornavam possível mesmo às iniciadas 'talhar' as ditas roupinhas. Publicada em todo o mundo e em várias línguas (quando passou a ser em português foi uma festa por cá entre as utilizadoras) . Para copiar os moldes era necessária alguma ciência ( e boa vista ! ) porque muitas vezes eram um labirinto de linhas sobrepostas, menos claras do que o exemplo acima.
"É importante manter as proporções certas!" avisa-se no molde. Ironicamente parece um apelo a seguir os ditames da moda. E que moda? E o que tem isto a ver com a anorexia e com a ana que esqueci? Pelo menos duas coisas. Uma mais pessoal, porque a Burda foi para mim também fonte das receitas culinárias hipo-hipo calóricas. Outra mais geral, a Burda desde os anos 50 mostrou sempre modelos cujo corpo se afastava muito do padrão médio real. As cinturinhas de vespa tão em voga chegaram a ser feitas à custa de corte de costelas. Mas a Burda tinha edições especiais 'para tamanhos grandes' (se descobrir uma irei mostrá-la aqui). Eram exemplares raríssimos e muito procurados. Não é pois recente a moda dos padrões esguios.

May 14, 2009

frágil - forte

O meu corpo (frágil, diziam) deixou-se aprisionar
Mas eu repetia de mim para mim: “Sou forte!”
Triste forma (vi muito depois; mostraram-me?) de usar as energias.




Negar, negar, negar. Negar como fuga. Para quê ? De quê? (ainda ando a descobrir)




O mundo estava lá fora e eu tinha sido alegre por dentro e por fora.
Perdi então o prazer de rir por dentro. Uma angústia vinda não sei de onde apagou-o.
Nunca deixei de rir por fora...pois que seria da ana sem a 'máscara'?


Depois... ao abandonar o fingimento senti-me levezinha (e exactamente quando os quilos iam aumentando eu estava cada vez mais leve!).
esqueci a ana


Imogen Cunningham - Hands and Aloe Plicatilis, 1960;

May 11, 2009

queria ser perfeita...

em tudo. TUDO! no que fazia, no que escrevia, no que dizia...E isso amarrava-me a escrita, a fala, o viver. Mas como pode ser perfeita alguém que se autodestrói todos os dias?

esqueci a ana.

gravura de Bartolomeu Costa

May 7, 2009

#1 eu e a ana

Dava-lhe todos os dias os bons dias
Durante muitos, muitos dias...
Uma manhã acordei e esqueci-me dela
Porquê? não sei.
Assim como não sei porque antes a escolhi
[...]
Passaram muitos, muitos anos...
Continuo a procurar razões