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Jul 25, 2012

... Atletas e Olimpíadas (Citius, Altius, Fortius; Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte)



( não sei se quem lê este blogue gosta de acompanhar as Olimpíadas, a autora do esqueciaana gosta muito! sempre gostou o lema Mais rápido, Mais alto, Mais forte, é um lema extraordinário! A busca da perfeição! A superação-individual ou equipa- dos limites. Mas essa busca da perfeição por vezes traz problemas para os quais atletas, treinadores, clubes devem estar atentos. Em seguida reproduzo um post já antes publicado e o link para a publicação completa sobre os distúrbios alimentares e os atletas)
Prevenir distúrbios alimentares em atletas
O esqueciaana transcreve parcialmente 10 dicas para treinadores
(No original em inglês TIPS FOR COACHES: preventing eating disorders in athletes; compiled by Karin Katrina, PhD, MPE, RD,LD; estes textos estão online no site do NEDA-US)
ou um documento mais detalhado (45 págs) aqui.

10 dicas para treinadores e preparadores físicos
1. Leve a sério os sinais de comportamentos de distúrbio alimentar! Ataques cardíacos e suicídio são as causas de morte de pessoas com doenças do comportamento alimentar!



2. Se um atleta está cronicamente a fazer dieta ou manifesta comer com frequência abaixo do normal, encaminhe-o para um especialista em doenças do comportamento alimentar. (+ aqui)



3. Não enfatize a questão do peso, não pesando e não fazendo comentários sobre o peso. (+ aqui)



4. Não assuma que reduzir a gordura ou o peso irá aumentar a performance(+ aqui)



5. Eduque os treinadores e preparadores físicos para reconhecer os sinais e sintomas de distúrbios alimentares e entenderem o seu papel na prevenção(+ aqui)



6. Disponibilize aos atletas informação fiável sobre peso, perda de peso, estrutura física, nutrição e performance desportiva para reduzir a desinformação e para contrariar práticas não saudáveis. (+ aqui)



7. Enfatize os riscos para a saúde de um peso baixo, especialmente para as atletas com irregularidade da menstruação ou amenorreia. (+ aqui)



8. Compreenda porque o peso é uma questão tão sensível e tão pessoal para tantas mulheres.(+ aqui)



9. Não impeça automaticamente a participação se um atleta tem um problema alimentar, a menos que isso seja determinado pela condição clínica. (+ aqui)

10. Os treinadores e preparadores físicos devem analisar os seus próprios valores e atitudes em relação ao peso, à dieta, à imagem do corpo e como esses valores e atitudes podem, inadvertidamente afectar os seus atletas. (+ aqui)

Jan 13, 2012

...7 efeitos - Estudantes com Anorexia e Bulimia

Sendo a anorexia uma doença com maior incidência na população jovem ela afecta muitos estudantes. As anorécticas/os e bulímicas/os são frequentemente, antes da doença ou até mesmo em alguma fase dela muito bons estudantes e com bons desempenhos em actividades físicas (como o desporto ou a dança). Estudantes brilhantes em alguns casos. Atletas de excelência noutros. Já referimos no esqueciaana a relação entre inteligência e anorexia usando um texto do blogue Finding Melissa.


Mas qual o efeito das doenças do comportamento alimentar sobre a actividade escolar/académica?


Uma associação norte americana a NEDA inclui no seu site um conjunto de materiais orientados para os educadores/escola e outros para os pais. De entre os inúmeros para os educadores retirámos e traduzimos (bolds nossos) este sobre os efeitos das doenças do comportamento alimentar no desempenho escolar (fonte original, em inglês, aqui em pdf).
Efeito dos problemas do Comportamento Alimentares nas capacidades cognitivas e no desempenho escolar

"Apesar de a desnutrição, a atitude perfeccionista de quem sofre de anorexia e bulimia pode estimular os doentes a manter um elevado nível de desempenho académico, que é ainda mais difícil dado o seu estado físico e mental." [nota de esqueciaaana: este aspecto é particularmente relevantes para os pais e familiares que muitas vezes pensam erradamente que 'se vai bem nos estudos' tudo vai bem...]

“Os transtornos alimentares (TA) podem afectar profundamente a capacidade de aprendizagem de uma criança ou jovem. Compreender como algumas das formas de um distúrbio alimentar podem afectar a função cognitiva pode ajudar os educadores a reconhecer que um aluno está com problemas. Abaixo são listadas os principais efeitos de um transtorno alimentar sobre o funcionamento cognitivo. A função cognitiva também será afectada pelo transtorno mental que frequentemente coexiste com um distúrbio alimentar, tal como a ansiedade, a depressão e o transtorno obsessivo-compulsivo.
Resumo dos resultados da investigação sobre o impacto da desnutrição nos estudantes:
1. pode ter efeitos prejudiciais para o desenvolvimento cognitivo em crianças e jovens;
2. tem um impacto negativo sobre o comportamento do estudante e o desempenho escolar;
3.
faz os estudantes sentirem-se irritados, diminui a capacidade de concentração e atenção, diminui a capacidade de ouvir e processar informação, pode causar náuseas, dor de cabeça, e faz com que os estudantes se sintam cansados e com falta de energia;
4.
faz com que os estudantes com doenças do comportamento alimentar sejam menos capazes de executar tarefas comparando com restantes os colegas;
5.
leva a carências de nutrientes específicos, como o ferro, que tem um efeito imediato na memória  e na capacidade de concentração;
6.
pode fazer com que os estudantes se tornam menos activos e mais apáticos, se isolem, e tenham pouco convívio social;
7. pode prejudicar o sistema imunológico e tornar os estudantes mais vulneráveis a doenças ao aumento do absentismo." Fonte: NEDA
Mais posts no esqueciaana sobre Estudantes no search e :
aqui: Sobre estudantes e dca
Imagem: flickr cc (aqui)

Jun 26, 2011

...atletas portugueses e transtornos alimentares (2 artigos científicos 2011)

A revista European Eating Disorders Review, publicou um número especial sobre exercício compulsivo (Special Issue: Special edition on compulsive exercise) Volume 19, Issue 3, May/June 2011. Nas páginas 190–200 pode ler-se o artigo de três investigadores portugueses da Universidade do Minho  (tradução adaptada do resumo do artigo: Doenças do Comportamento Alimentar em atletas portugueses: a influência das características pessoais, desportistas e variáveis psicológicas.)
Eating disordered behaviours in Portuguese athletes: The influence of personal, sport, and psychological variables

A. Rui Gomes, Carla Martins, Luiz Silva
RESUMO
Objectivo - O estudo descreve transtornos do comportamento alimentar numa amostra de atletas de elite portugueses e analisa o impacto de factores pessoais e desportivos esses comportamentos.
Método- Duzentos e noventa atletas (51,7% homens) praticantes de desportos colectivos (64,8%) e individuais foram incluídos no estudo. O protocolo de avaliação incluiu o Eating Disorder Examination Questionnaire; o Sport Condition Questionnaire; o Sport Anxiety Scale; o Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire; o Cognitive Evaluation of Sport–Threat Perceptions e o Self-Presentation Exercise.
RESULTADOS
ndivíduos do sexo feminino, atletas com maior índice de massa corporal, e aqueles com um desejo de pesar menos, manifestaram mais transtornos do comportamento alimentar. Não foi encontrada nenhuma relação com variáveis desportivas. Finalmente, uma maior prevalência de distúrbios do comportamento alimentar foi prevista para os que tinham menor satisfação em termos de forma do corpo e da aparência física, maior ansiedade e impression motivation.
CONCLUSÃO
As características pessoais dos atletas, assim como a sua satisfação corporal, ansiedade, motivação, e percepção de ameaça e comentários do treinador em relação ao peso, representam aspectos que poderem elevar o risco de transtornos do comportamento alimentar nos atletas.

Luiz Silva, A. Rui Gomes, and Carla Martins também um outro artigo, disponível aqui:
Psychological Factors Related to Eating Disordered Behaviors: A Study with Portuguese Athletes, The Spanish Journal of Psychology,  2011, Vol. 14 No. 1, 323-335
Transcrevemos o resumo (em castelhano)
"Este estudio analiza los trastornos alimentarios en una muestra de atletas portugueses y explora la relación de este problema con algunas dimensiones psicológicas. Participaron en el estudio 299 atletas (153 hombres, 51.2%), practicantes de modalidades
colectivas (65.2%) e individuales (34.8%). El protocolo de evaluación incluyó los siguientes instrumentos: Cuestionario de Evaluación de los Trastornos Alimentarios (CETA, Fairburn y Beglin, 1994); Cuestionario de Evaluación del Estado Físico y Deportivo (Bruin et al., 2007; Hall et al., 2007); Escala de Ansiedad en el Deporte-2 (Smith et al., 2006); Cuestionario de Orientación Motivacional para el Deporte (Duda, 1992; Duda y Whitehead, 1998); Escala de Evaluación Cognitiva de la Competencia: Percepción de Amenaza(Cruz, 1994; Lazarus, 1991); y el Cuestionario de Auto-presentación en el Deporte (Gammage et al., 2004).
Los resultados revelaron:
i) inexistencia de valores con significación clínica en las dimensiones evaluadas simultáneamente en el CETA;
ii) las mujeres presentaron valores superiores en la dimensión global del CETA y los atletas con mejores resultados deportivos asumieron unamayor tendencia para la restricción en el CETA;
iii) atletas con el deseo de pesar menos obtuvieron resultados más elevados enel valor global del CETA;
iv) atletas con valores inferiores en el CETA total mostraron resultados más positivos en las dimensionespsicológicas;
v) diferentes dimensiones psicológicas fueron identificadas como predictoras de los trastornos alimentarios.
En conclusión, y a pesar de que la prevalencia de trastornos alimentarios no fue significativa en este estudio, los resultados relativos ala relación con los factores personales, deportivos y psicológicos fueron muy evidentes."

Feb 5, 2011

... Parabéns Vanessa Fernandes! ( actualizada em 17 Setembro 2013)



 
 
PARABÉNS VANESSA !
(actualizado em 15 set 2013)

Vanessa Fernandes irá estar em Londres a apoiar os colegas participantes nos Jogos olímpicos. Notícia em Julho 2012 aqui
PARABÉNS VANESSA !



A triatleta portuguesa voltou à competição após um interregno de 15 meses [...] A Vanessa já não era uma pessoa", confidenciou a medalha de prata em Pequim 2008, acrescentando: "Agora sei quem sou e quero ganhar pontos para ir aos Jogos Olímpicos".

Apesar do lugar modesto, numa prova ganha pela neozelandesa Andrea Hewit, para o treinador Paulo Colaço o objectivo prioritário desta participação de Vanessa Fernandes foi "uma reintegração progressiva na alta roda da elite mundial" e que foi "conseguido".
Quem brilhou em Yokohama foi João Silva ao vencer a etapa mundial, na qual João Pereira ficou em 17º lugar. "Foi um dia muito especial com este triunfo e com o regresso da Vanessa", disse João Silva (1h49,21) que se impôs aos russos Alexander Bryukhankov (1:49.35) e Dmitry Polyansky (1:50.04), segundo e terceiro classificados da prova.
Fonte: correio da manhã

Depois de ter feito uma pausa na carreira de cerca de um ano, por razões pessoais (*), Vanessa Fernandes regressou aos treinos e competições. + informação aqui e aqui.
No dia 18 de Setembro participará no Yokohama round - ITU World Championship
(*)Vanessa Fernandes (25 anos) teve 20 vitórias em taças do mundo, com 18 anos foi oitava em Atenas 2004. Foi Campeã Europeia em 2004, 2005, 2006, 2007, 2008. Campeã Mundial em 2007. Medalha de Prata em Pequim 2008. Venceu Taça da Europa em 2010. Segundo o DN de hoje uma anorexia nervosa leva a Vanessa Fernandes interromper a carreira. (DN 6.02.2011 p.34). Actualização em 23 fevereiro 2011 o Comité Olimpico decidiu apoiar a recuperação da atleta (ver notícia aqui no JN). Actualização em 29 de Março de 2011: Vanessa Fernandes na carta que abaixo se transcreve incoca "razões de saúde" não especificando quais. Várias razões têm sido divulgadas noutros meios de comunicação. O importante mesmo é desejar-lhe as rápidas melhoras seja qual for a razão que tenha tido.

No esqueciaana escrevemos então: "Aos leitores deste blogue:façam chegar de todas as formas o apoio à Vanessa Fernandes uma atleta tão querida dos portugueses neste momento díficil da sua vida.Obrigada pela tua coragem Vanessa! Vais vencer !"
 Em 16/20 de Maio  foram divulgadas notícias sobre Vanessa Fernandes jornais online e revistas. As notícias do internamento para tratamento 'agressivo' (o que é isso?) não têm sido divulgadas nos chamados jornais de referência. O sentido de algumas dessas notícias é de que a Vanessa deve recuperar rapidamente para ganhar medalhas. As doenças do comportamento alimentar não se tratam à força nem do dia para a noite. Quanto às medalhas, a Vanessa já ganbhou muito, é maior de idade e a ela caberá escolher o que fazer quando recuperar!
Transcrevemos abaixo a carta de Vanessa Fernandes divulgada no início de Fevereiro 2011 onde decide interromper temporariamente a prática desportiva:
“Há momentos na vida em que temos de assumir opções que são difíceis, mas sendo difíceis não podemos fugir delas. Esta é, sempre foi, a minha forma de estar na vida, e apesar da angústia que sinto ao assumir esta decisão, creio que é a melhor forma de preservar tudo aquilo que fiz e dediquei ao Triatlo nacional e a Portugal.

Por razões de saúde que me tem impedido nos últimos meses de me dedicar à prática da modalidade que abracei e que tantas alegrias me proporcionou, queria comunicar-vos a minha intenção de interromper temporariamente a prática desportiva. Não se trata de um abandono, mas apenas de uma interrupção temporária que me permita regressar em pleno dentro de pouco tempo.
Espero que compreendam as minhas razões e entendam a dificuldade do momento que actualmente vivo. Sei que vou conseguir voltar e que esta fase representa apenas um curto intervalo na minha carreira desportiva. Espero contar com o vosso apoio,
Vanessa Fernandes ”
(carta de Vanessa fernandes publicada originalmente aqui no site do clube em Fevereiro de 2011) Hoje, 7 de Maio, a NovaGente noticia em capa, (aqui) que a Vanessa Fernandes se encontra internada. Devemos fazer chegar todo o nosso apoio à Vanessa que está a lutar com um tipo de doença que é terrível, e que é uma doença mental, não uma opção como infelizmente o geral das notícias parecem sugerir. Hoje, 6 de Fevereiro de 2011 o Diário de Notícias chama à capa a notícia de Vanessa Fernandes e incluí nas páginas 34 e 36 um Especial sobre "Da glória à depressão num penoso caminho dos jovens campeões" ( de Cipriano Lucas e Sílvia Freches) e uma breve entrevista a Sidónio Serpa Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Desportiva
Pode ler a notícia  aqui em http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=1776880
A entrevista de Vanessa Fernandes ao DN em Dezembro 2010 (aqui):
http://www.dn.pt/desporto/outrasmodalidades/interior.aspx?content_id=1737119&page=-1#_page0
Na Publica/Público em 26 de Junho 2011 aqui.
Vanessa Fernandes na Wikipédia (aqui)

...10 dicas a treinadores [ atletismo anorexia e bulimia: prevenção] Fonte: NEDA

DN online em 4 de fevereiro:"Isabel do Carmo, especialista em endocrinologia, revelou ao DN que a anorexia nervosa é muito comum em atletas de alta competição, mas é perfeitamente recuperável, apesar de poder deixar graves problemas a nível ósseo".


Prevenir distúrbios alimentares em atletas
O esqueciaana transcreve parcialmente 10 dicas para treinadores
(No original  em inglês TIPS FOR COACHES: preventing eating disorders in athletes; compiled by Karin Katrina, PhD, MPE, RD,LD; estes textos estão online no site do NEDA-US)
ou um documento mais detalhado (45 págs) aqui.

10 dicas para treinadores e preparadores físicos

1. Leve a sério os sinais de comportamentos de distúrbio alimentar! Ataques cardíacos e suicídio são as causas de morte de pessoas com doenças do comportamento alimentar!


2.Se um atleta está cronicamente a fazer dieta ou manifesta comer com frequência abaixo do normal, encaminhe-o para um especialista em doenças do comportamento alimentar. (+ aqui)

3.Não enfatize a questão do peso, não pesando e não fazendo comentários sobre o peso. (+ aqui)


4.Não assuma que reduzir a gordura ou o peso irá aumentar a performance(+ aqui)

5.Eduque os treinadores e preparadores físicos para reconhecer os sinais e sintomas de distúrbios alimentares e entenderem o seu papel na prevenção(+ aqui)

6.Disponibilize aos atletas informação fiável sobre peso, perda de peso, estrutura física, nutrição e performance desportiva para reduzir a desinformação e para contrariar práticas não saudáveis. (+ aqui)

7.Enfatize os riscos para a saúde de um peso baixo, especialmente para as atletas com irregularidade da menstruação ou amenorreia. (+ aqui)

8.Compreenda porque o peso é uma questão tão sensível e tão pessoal para tantas mulheres.(+ aqui)

9.Não impeça automaticamente a participação se um atleta tem um problema alimentar, a menos que isso seja determinado pela condição clínica. (+ aqui)
10.Os treinadores e preparadores físicos devem analisar os seus próprios valores e atitudes em relação ao peso, à dieta, à imagem do corpo e como esses valores e atitudes podem, inadvertidamente afectar os seus atletas. (+ aqui)

Nov 13, 2009

>> 10 Sinais de Aviso da Anorexia Nervosa


Os sinais de aviso da Anorexia Nervosa são vários e podem ser encontados em muitos dos sites indicados nos links/ligações (à direita). Na página da AFAAB encontra-se a lista abaixo com 10 sinais. Permitimo-nos mudar a ordem porque são apresentados e comentar brevemente a partir da nossa experiência pessoal.
1. "Não revelar sentimentos"
não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos
Talvez a raíz e o maior obstáculo à solução do meu problema. Porque o mal não estava na comida o problema estava no que sentia na alma, no coração, algures em mim. Um sofrimento que me destruia por dentro e não saía. Uma teia em que me ia enleando, que se ia transformando em armadura e que me isolava num mundo só meu e aparentemente protector.
2. "Extremo auto-controlo"
Para não me alimentar precisava de ter uma grande disciplina, método e controlo das minhas acções. Não comer é contra a natureza. Conseguir controlar a fome era uma forma de aplicar o auto-controlo. E esse auto-controlo também o aplicava noutros domínios como o estudo, o trabalho, o desporto. Mas esse meu controlo era também contraditório, pois eu estava muito frágil e não conseguia dominar as minhas emoções. Por isso o controlo era aparente.
3. "Tornar-se progressivamente mais crítico e menos tolerante com os outros"
Os outros, sempre os outros os grandes ausentes e omnipresentes quando estava doente. Não me tornei particularmente crítica até porque sempre o fora. Mantive o meu terreno de socialização habitual (fugindo da que envolvia comida). Não fiquei menos tolerante (nunca fui) apenas tinha menos paciência. Porque a fome nos tira a paciência, mesmo quando controlamos a fome como aconteceu comigo durante anos. A magreza suscitava comentários de elogio, sarcásticos, preocupados, etc. Lá fui lidando com todos, comentários e olhares. Dos outros pode também chegar, travestida sabe-se lá como a fuga que nos faz cair na realidade. Não há príncipes encantados nem príncipes valentes cavalgando em cavalos brancos. Mas há pessoas encantadoras e valentes. Algumas jovens com anorexia chamam-se de 'princesas' e a interpretação que é dada está relacionada com a recusa em crescer, passsar de menina a mulher.
4. "Significativa ou extrema perda de peso sem causa médica aparente"
Esse foi um sinal acompanhado pela perda do período menstrual. Foi este último o sinal de que a família, e primeiro a minha mãe se apercebeu. Foi um sinal que me preocupou pois pensei que nunca poderia ser mãe no futuro. Conheço casos em que a anorexia nervosa esteve na origem de infertilidade. E ao contrário do que dizem alguns livros que a anorectiva vê a mestruação (como a comida) como algo sujo eu estava consciente de que a mestruação me faria falta. Por isso a primeira médica que consultei, por inciativa própria, em segredo, foi uma ginecologista.Ou seja, eu sentia-me doente mas não percebia que o mal era psiquico.Escusado será dizer que a primeira coisa que a dita médica me receitou foi...um teste à gravidez que fiz. Inútil, porque as cegonhas não voam de Paris.
5. "Redução da quantidade de alimentos ingeridos"
Uma redução que em resultados de condições particulares da minha vivência de então eu conseguia ocultar ou justificar. Um controlo rigoroso e doentio pela balança- pesava rigorosamente tudo- a fruta depois de descascada e ficava aborrecida quando não conseguia pesar coisas que só em balança de ourives conseguiria, tais como um pau de canela, sumo de um gomo de limão, uma azeitona, etc. Uma tabela de de calorias publicada numa revista de moda e um caderninho onde apontava tudo.
6. "Desenvolvimento de comportamentos ritualizados à refeição, como, por exemplo, cortar a comida em bocadinhos muito pequenos e mastigar cada bocado em grande número de vezes."
Como comia muitas vezes sozinha não usava desses rituais, que no caso de comer acompanhada só serviriam para dar nas vistas.
7. "Não assumir a fome"
Tinha fome e muita, principalmente nos primeiros tempos. Depois fui-me habituando e a própria debilidade do corpo já não estimulava tanto a fome. Mas quando era preciso mentia dizendo que não tinha fome. E se era obrigada a comer compensava nas horas e dias seguintes...com mais jejum. Hoje sei que a bulimia preceder ou suceder à anorexia. Mas nunca fui bulímica.
8. " Só comer produtos alimentares magros e de baixo valor calórico"
O pouco que comia era muito controlado, mas o problema para a identificação deste sinal é que ele se confunde (para os familiares e amigos) com a procura de uma alimentação saudável. As festas eram um suplício na parte tocante à comida mas eram também um teste apara eu saber até onde conseguia controlar as tentações.
9. "Prática excessiva de exercício físico"
Sempre tinha praticado desporto, por isso esse sinal sentido como excessivo pela família nunca foi identificado. O que não sabiam é que levava horas (muitas horas) sem parar a dançar e aos pulos no meu quarto. O exercício físico pode hoje assumir muitas formas e também mais uma vez ser confundido com práticas saudáveis.
10. "Achar-se sempre muito gordo mesmo quando isso está longe de ser verdade"
No início sentia-me gorda, embora tivesse uma massa corporal normal, não era uma pessoa gorda segundo os parâmetros de então. Mas depois de meses de doença, quando me via ao espelho e nas fotografias, quando lia o mostrador da balança, com os ossos espetados (as costelas à vista como as imagens dos campos de concentração) percebia e sabia que estava magra. Só que achava que ainda não estava suficiente magra para parar a luta pela magreza. Não, não queria ser modelo nem as modelo (poucas e mais para o cheio nessa altura) eram minha referência. Vivaia todos os dias uma espécie de morte lenta, de suicídio homeopático.
Imagem flickr cc [Madasor]

Oct 20, 2009

>> Anorexia nos Homens

Texto original em Something Fishy recolhido aqui.
Estima-se que 8 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem de um distúrbio alimentar sendo 10% homens. Esta percentagem deve estar subavaliada, por causa da idéia errada de que esta doença atinge apenas as mulheres. É uma dificuldade adicional que enfrentam os doentes que pretendem tratar-se. Segundo Arnold Andersen na investigação publicada no livro [Os homens com transtornos alimentares], enquanto as mulheres que desenvolvem distúrbios alimentares se sentem gordas antes do início da doença, os homens geralmente têm peso médio. Além disso, os homens que são comedores compulsivos podem permanecer sem diagnóstico devido à maior permissividade da sociedade em relação à gordura nos homens. Associar a anorexia masculina à homosexualidade é também um erro frequente. Assim existe um conjunto de factores que agravam ainda mais os problemas dos rapazes e homens com anorexia ou bulimia. Isso gera sentimentos adicionais de vergonha quer em heterosexuais quer em homosexuais. São também raros ou inexistentes os centros de tratamento específicos para doentes do sexo masculino.
Os homens que participam em desportos orientados para baixo peso (jóqueis, corredores, etc.) têm um risco acrescido de desenvolver um transtorno alimentar como a anorexia ou a bulimia. A pressão para ter sucesso, ser o melhor, ganhar a todo o custo, combinadas com outras pressões (problemas familiares, abuso, etc) potencia o aparecimento dos distúrbios.
Por vezes, os homens que sofrem de um distúrbio alimentar também sofrerem de alcoolismo e / ou abuso de drogas. Isto pode ser devido à natureza viciante da doença psicológica combinada com alguma indulgência da sociedade em relação aos homens alcoolicos. Além disso, os homens que sofrem com anorexia e bulimia parecem ter mais ansiedade sexual. Também pode haver uma ligação entre o TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade nos homens e a Anorexia e Bulimia (relação ainda muito pouco estudada).
Para todos aqueles que sofrem, sejam homens ou mulheres, há várias doenças do foro psicológico que podem existir em simultâneo (depressão, ansiedade, stress, comportamento auto-lesão, abuso de substâncias, transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade bipolar, etc.) A coisa mais importante, em termos globais, é que, independentemente de diferenças nos sintomas e sinais entre homens e mulheres, a maioria dos factores psicológicos subjacentes que levam a um transtorno alimentar são os mesmos para ambos.Baixa auto-estima, necessidade de ser aceite, depressão, ansiedade, incapacidade de lidar com as emoções, questões pessoais, etc.. Todos os perigos físicos e complicações associadas com ser o portador de um distúrbio alimentar são os mesmos. Acima de tudo, todas as pessoas com transtornos alimentares merecem receber atenção e encontrar a felicidade e o amor-próprio.

Imagem: exposição de Alberto Giacometti