Começámos em Maio 2009, recebemos 358 comentários aos 687 posts

Obrigada a todos os que de múltiplas formas contribuem para o esqueciaana Escrevam: esqueciaana@gmail.com




os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Nov 13, 2009

>> 10 Sinais de Aviso da Anorexia Nervosa


Os sinais de aviso da Anorexia Nervosa são vários e podem ser encontados em muitos dos sites indicados nos links/ligações (à direita). Na página da AFAAB encontra-se a lista abaixo com 10 sinais. Permitimo-nos mudar a ordem porque são apresentados e comentar brevemente a partir da nossa experiência pessoal.
1. "Não revelar sentimentos"
não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos ...não revelar sentimentos...não revelar sentimentos
Talvez a raíz e o maior obstáculo à solução do meu problema. Porque o mal não estava na comida o problema estava no que sentia na alma, no coração, algures em mim. Um sofrimento que me destruia por dentro e não saía. Uma teia em que me ia enleando, que se ia transformando em armadura e que me isolava num mundo só meu e aparentemente protector.
2. "Extremo auto-controlo"
Para não me alimentar precisava de ter uma grande disciplina, método e controlo das minhas acções. Não comer é contra a natureza. Conseguir controlar a fome era uma forma de aplicar o auto-controlo. E esse auto-controlo também o aplicava noutros domínios como o estudo, o trabalho, o desporto. Mas esse meu controlo era também contraditório, pois eu estava muito frágil e não conseguia dominar as minhas emoções. Por isso o controlo era aparente.
3. "Tornar-se progressivamente mais crítico e menos tolerante com os outros"
Os outros, sempre os outros os grandes ausentes e omnipresentes quando estava doente. Não me tornei particularmente crítica até porque sempre o fora. Mantive o meu terreno de socialização habitual (fugindo da que envolvia comida). Não fiquei menos tolerante (nunca fui) apenas tinha menos paciência. Porque a fome nos tira a paciência, mesmo quando controlamos a fome como aconteceu comigo durante anos. A magreza suscitava comentários de elogio, sarcásticos, preocupados, etc. Lá fui lidando com todos, comentários e olhares. Dos outros pode também chegar, travestida sabe-se lá como a fuga que nos faz cair na realidade. Não há príncipes encantados nem príncipes valentes cavalgando em cavalos brancos. Mas há pessoas encantadoras e valentes. Algumas jovens com anorexia chamam-se de 'princesas' e a interpretação que é dada está relacionada com a recusa em crescer, passsar de menina a mulher.
4. "Significativa ou extrema perda de peso sem causa médica aparente"
Esse foi um sinal acompanhado pela perda do período menstrual. Foi este último o sinal de que a família, e primeiro a minha mãe se apercebeu. Foi um sinal que me preocupou pois pensei que nunca poderia ser mãe no futuro. Conheço casos em que a anorexia nervosa esteve na origem de infertilidade. E ao contrário do que dizem alguns livros que a anorectiva vê a mestruação (como a comida) como algo sujo eu estava consciente de que a mestruação me faria falta. Por isso a primeira médica que consultei, por inciativa própria, em segredo, foi uma ginecologista.Ou seja, eu sentia-me doente mas não percebia que o mal era psiquico.Escusado será dizer que a primeira coisa que a dita médica me receitou foi...um teste à gravidez que fiz. Inútil, porque as cegonhas não voam de Paris.
5. "Redução da quantidade de alimentos ingeridos"
Uma redução que em resultados de condições particulares da minha vivência de então eu conseguia ocultar ou justificar. Um controlo rigoroso e doentio pela balança- pesava rigorosamente tudo- a fruta depois de descascada e ficava aborrecida quando não conseguia pesar coisas que só em balança de ourives conseguiria, tais como um pau de canela, sumo de um gomo de limão, uma azeitona, etc. Uma tabela de de calorias publicada numa revista de moda e um caderninho onde apontava tudo.
6. "Desenvolvimento de comportamentos ritualizados à refeição, como, por exemplo, cortar a comida em bocadinhos muito pequenos e mastigar cada bocado em grande número de vezes."
Como comia muitas vezes sozinha não usava desses rituais, que no caso de comer acompanhada só serviriam para dar nas vistas.
7. "Não assumir a fome"
Tinha fome e muita, principalmente nos primeiros tempos. Depois fui-me habituando e a própria debilidade do corpo já não estimulava tanto a fome. Mas quando era preciso mentia dizendo que não tinha fome. E se era obrigada a comer compensava nas horas e dias seguintes...com mais jejum. Hoje sei que a bulimia preceder ou suceder à anorexia. Mas nunca fui bulímica.
8. " Só comer produtos alimentares magros e de baixo valor calórico"
O pouco que comia era muito controlado, mas o problema para a identificação deste sinal é que ele se confunde (para os familiares e amigos) com a procura de uma alimentação saudável. As festas eram um suplício na parte tocante à comida mas eram também um teste apara eu saber até onde conseguia controlar as tentações.
9. "Prática excessiva de exercício físico"
Sempre tinha praticado desporto, por isso esse sinal sentido como excessivo pela família nunca foi identificado. O que não sabiam é que levava horas (muitas horas) sem parar a dançar e aos pulos no meu quarto. O exercício físico pode hoje assumir muitas formas e também mais uma vez ser confundido com práticas saudáveis.
10. "Achar-se sempre muito gordo mesmo quando isso está longe de ser verdade"
No início sentia-me gorda, embora tivesse uma massa corporal normal, não era uma pessoa gorda segundo os parâmetros de então. Mas depois de meses de doença, quando me via ao espelho e nas fotografias, quando lia o mostrador da balança, com os ossos espetados (as costelas à vista como as imagens dos campos de concentração) percebia e sabia que estava magra. Só que achava que ainda não estava suficiente magra para parar a luta pela magreza. Não, não queria ser modelo nem as modelo (poucas e mais para o cheio nessa altura) eram minha referência. Vivaia todos os dias uma espécie de morte lenta, de suicídio homeopático.
Imagem flickr cc [Madasor]

2 comments:

Luísa Teresa Ribeiro said...

Obrigada pela visita e pelo comentário no meu blogue. Graças a eles descobri este blogue, que é muito interessante. Vou voltar cá mais vezes;)

esqueci a ana (ex-ana) said...

Agradeço os comentários. Críticas mais que bem-vindas!
O estudo sobre os blogues (http://osbloggerstemsexo.blogspot.com/) tem/teve desenvolvimentos posteriores?