Começámos em Maio 2009, recebemos 358 comentários aos 687 posts

Obrigada a todos os que de múltiplas formas contribuem para o esqueciaana Escrevam: esqueciaana@gmail.com




os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Showing posts with label moda. Show all posts
Showing posts with label moda. Show all posts

Jun 4, 2015

...anúncio de Yves Saint Laurent da revista Elle banido no Reino Unido

 
 

"Esta modelo parece "pouco saudável e demasiado magra"? Autoridade Britânica achou que sim.
Um anúncio da Yves Saint Laurent foi banido no Reino Unido. Em causa está a extrema magreza da modelo da marca francesa, que levou a Autoridade para Padrões Publicitários do Reino Unido (ASA na sigla inglesa) a censurar a imagem que apareceu na última edição da Elle.
 
A ASA considerou que a modelo parece "pouco saudável e demasiado magra" na imagem e que o anúncio é "irresponsável". Segundo a autoridade, viola o código da publicidade no país, uma vez que este diz que os anúncios têm de ser preparados com um sentido de responsabilidade para com os consumidores e a sociedade".

Fonte: Diário de Notícias online 3 de Maio de 2015

A ASA refere em relação à fotografia: "a posição da modelo chama a atenção para peito, onde é visível a proeminência da caixa torácica, e para as pernas, em que coxas e joelhos parecem da mesma a largura, e muito magros", sobretudo em contraste com os sapatos.

Segundo o jornal Guardian, a Yves Saint Laurent não concordou com a argumentação mas não fez comentários. Em 2014 uma petição para a YSL deixar de usar modelos tão magras conseguiu quase 50 mil assinaturas.
 
A magreza das modelos é um tema que está na ordem do dia: as preocupações com os distúrbios alimentares e a imagem aumentaram à medida que os corpos nos anúncios e passerelles foram perderam peso. França, por exemplo, quer banir das 'passerelles' as manequins demasiado magras para combater os distúrbios alimentares.
 
Fonte: Diário de Notícias online 3 de Maio de 2015
 
[ nota de esqueciaana: a fotografia abaixo representa o criador da casa de moda Yves Saint Laurent ; para além de questões estéticas a 'normalidade' dos corpos representados parece-me contrastar; e quanto à 'normalidade' refiro-me tão só à não apologia da doença/anorexia  numa delas. Estarei enganada?]
 
 
 
Fotografia de Yves Saint Laurent em 1971
 
 
 

 

Feb 16, 2015

Modelo sem Photoshop (Cindy Crawford 2013)


 
Cindy Crawford fez 400 capas como modelo. Hoje tem 48 anos é casada e tem dois filhos. Fez parte de um pequeno grupo se supermodelos dos anos 90 (Linda Evangelista, Naomi Campbell, Claudia Schiffer, Christy Turlington e Kate Moss).
Já tínhamos falado da Cindy Crawford no esqueciaana (aqui) e também aqui, a propósito do que ela designou como ditadura da magreza. Hoje o Público dá notícia de uma fotografia da Cindy Crawford que foi tirada em 2013 para a revista Marie Claire do México mas que nunca foi publicada apesar da atriz ter feito capa na sequência dessa sessão.
(nota em 17 de Fevereiro: já depois de publicar este post vi que pelo menos uma revista-cor-de-rosa reproduz numa pequena fotografoa na capa a imagem abaixo. Alguns comentários que ouvi a essa mesma fotografia - de homens e de mulheres!- fizeram-me ter vontade de tirar a fotografia daqui! Desde 'coitada' até 'sem-vergonha' e outros menos citáveis por uma questão de bom gusto...há de tudo um pouco. Como é 'bonitinho', o 'mundinho' tratado a photoshp!
Citando o Público:
“É um corpo que desafia as expectativas. É real, honesto e é lindo”, descreve uma editora da Marie Claire, explicando que não sabe como chegou à Internet mas que a imagem é verdadeira. “Independentemente do sítio de onde veio, a foto é esclarecedora. Sempre soubemos que a Cindy Crawford era linda mas vê-la assim só nos faz gostar ainda mais dela”, acrescentou.
No Twitter, os utilizadores, tanto homens como mulheres, aplaudiram. “Está maravilhosa e dá-nos mais confiança. O Photoshop desmoraliza” ou “espero ficar com um corpo como este depois de ter dois filhos” são alguns dos comentários. Seguem-se elogios como “linda”, “impressionante” ou “inspiradora”. “É um bom lembrete ver que mesmo as estrelas de cinema e as supermodelos também envelhecem”, diz a revista feminina The Gloss.
A responsável pela divulgação da foto escreve, no Guardian, que ler todos os comentários positivos têm sido “emocionante” mas deixa um desafio à publicação. “Sabem o que seria realmente maravilhoso? Que esta não fosse uma foto não oficial mas sim uma imagem de uma sessão fotográfica utilizada nas páginas de uma revista. Conseguem imaginar o poder que teria?”.
No início de Fevereiro, por ocasião da estreia do seu novo documentário Hospital in the Sky, Cindy Crawford disse à Marie Claire norte-americana que todas as mulheres deviam aprender a sentir-se confortáveis com o seu corpo e em qualquer idade. “O que torna uma mulher mais atraente é a sua autoconfiança. E é isso que as pessoas vêem”.

 

 

 
 
 

Oct 20, 2014

Para Mulheres Reais (carta de Jessica Athayde)


A Jessica é uma atriz portuguesa que recentemente desfilou num evento de moda e algumas fotografias divulgadas (não a que acima reproduzo, que são da autoria da própria e retiradas do blogue que possui a jessyjames) derem origem a ataques verbais nas redes sociais, blogosfera. Houve muitas respostas de várias origens. Prefiro esta na primeira pessoa que abaixo transcrevo. Os sublinhados são do esqueciaana.
 "Para mulheres reais"
"As palavras que vos escrevo poderiam não ser escritas. Era mais fácil “não dar importância assunto” e “deixar morrer a coisa”. Era mais fácil…. mas não é o que vou fazer porque as palavras que vos escrevo não são só sobre mim: são sobre as mulheres e a forma como são permanentemente olhadas, julgadas e atacadas. São sobre uma ditadura de imagem imposta, uma tendência redutora de nos verem e de nós próprias olharmos umas para as outras. Isto tem de ser denunciado. Este bulliyng permanente tem de acabar e pretendo ser uma voz activa neste caminho que tem de ser percorrido por todas nós.
Sou actriz. Não sou modelo. Optei há muito por um estilo de vida saudável, com escolhas que faço todos os dias em relação à minha alimentação e prática de exercício físico.
Faço-o porque quero viver muito. Quero viver bem. Quero ser saudável e feliz como tantas outras mulheres.
Desfilei na Moda Lisboa como convidada. Desfilei com o corpo que tenho que é o meu e no qual me sinto muito bem.
Qual não foi a minha perplexidade quando observo que, a propósito de uma fotografia menos feliz, sou alvo de críticas, comentários desagradáveis e uma série de mimos, próprios deste mundo das redes sociais, em que ainda nos estamos a habituar a viver.
Estes comentários foram feitos na maioria por mulheres. Mulheres, vou repetir.
Mulheres que são filhas, mulheres que são mães, mulheres que ainda não perceberam que cada vez que cedem à tentação de atacar outra mulher com base nas suas características físicas, estão a enfraquecer a condição feminina, em vez de lhe dar força.
Estão a cultivar as inseguranças, as desordens alimentares, a escravidão da imagem.
Sou uma mulher segura, pelo menos trabalho nesse sentido. Se este incidente fosse só sobre mim, posso garantir-vos que pouca importância lhe daria.
Mas questiono-me sobre a quantidade de mulheres menos seguras, de todas as idades, mais ou menos felizes, magras, gordas, altas, baixas sofrem este tipo de perseguição no seu dia-a-dia. Mulheres que ao contrário de mim, não têm uma voz que se faça ouvir… Para alguma coisa tem de servir o facto de ser figura pública. Que seja então para dar voz a um grito que sei ser de muitas que me estão a ler neste momento: CHEGA!
Cada mulher é um mundo muito para além do corpo que a recebe. Apoiem -se. Defendam -se. Não permitam olhares redutores sobre aquilo que somos.
A dignidade da condição feminina passa também pelas mulheres perceberem que têm se unir nessa procura e nessa luta.
Queremos um mundo com mulheres felizes, inteligentes, pró-activas, inovadoras, solidárias e que façam a diferença.
Temos de estar juntas nesse objectivo.
Há pouco tempo perguntaram-me numa entrevista quem é que eu admirava, foi fácil responder. Emma watson, 22 anos, penso eu.
Emma Watson (actriz como eu) no seu primeiro discurso como Embaixadora das Nações Unidas para a Boa Vontade, inspirou o mundo lançando a campanha ONU #HeForShe, que fala sobre a liberdade e a igualdade entre os sexos.
Fala sobre a importância dos homens apoiarem as mulheres neste caminho.
Eu acrescento e peço em Portugal que abracemos também o #SheForShe
Ela por ela. Cada uma de nós pela mulher ao nosso lado. Seja no autocarro ou numa fotografia no ecrã do computador.
Beijinhos
Jessy"
FONTE da imagem e texto: http://jessyjames.pt/?p=3054

Jun 29, 2014

UM Padrão de Beleza ÚNICO? (e Photoshop...) projeto de Esther Honing



Esther Honing, uma jornalista dos Estados Unidos desenvolveu um projeto interessante para analisar até que ponto os padrões de beleza são universais.

Enviou uma fotografia sem retoques a uma serie de indivíduos de dezenas de países (designers amadores e profissionais) pedindo para eles a 'fazerem bonita' usando Photoshop (programa de tratamento de imagem).

Os resultados até agora divulgados podem ser vistos aqui. Apresentamos dois exemplo, um da Índia e outro dos Estados Unidos.
A autora do projeto resume-o assim (tradução livre e abreviada do esqueciaana):
"Nos  EUA o Photoshop tornou-se um símbolo de padrões de beleza inatingíveis. Este meu projeto, BEFORE & AFTER [Antes & Depois], examina como esses padrões variam entre culturas  numa escala global.
Contactei plataformas de Free-lancers, como Fiverr, que me permitiram contratar cerca de 40 pessoas, de mais de 25 países. Alguns são profissionais outros amadores.
Com um custo variando de cinco a trinta dólares, e na esperança de que cada designer iria  usar da sua concepção pessoal e cultural de beleza para melhorar a minha imagem original (fotografia sem qualquer photoshop, ou seja imagem não alterada) tudo o que eu lhes pedi foi “façam-me bonita”.
 
[nota de esqueciaana: no site de Esther Honing, encontra-se  uma seleção das 22 imagens resultantes, até agora]. Elas são intrigantes e elucidativas; cada uma é um reflexo  das concepções pessoais e culturais de belezados respectivos criadores.
O Photoshop permite-nos  atingir  os nossos padrões inatingíveis de beleza, mas quando comparamos essas normas à escala mundial, obter o ´padrão ideal´continua a ser impossível."
 
Já antes no esqueciaaana tínhamos postado sobre este assunto. Por exemplo:
 

Aug 28, 2012

...“Nova moda das revistas é aumentar as curvas” um artigo de Nuno Cardoso publicado no Diário de Notícias


“Nova moda das revistas é aumentar as curvas” Adele, Beyounce, Jennifer Lopez, Kim Kardashian surgem nas capas das revistas Glamour, Allure, Cosmopolitan e outras revistas afins com “aumentos de peso digital” ou “acentuação das curvas”. Já antes no esqueciaana escrevemos sobre o tratamento digital de imagem e criação de distorções da imagem real, mas em sentido oposto. Qual é o limite afinal do uso do Photoshop e similares para a distorção da imagem? Dizem agora que 'as curvas vendem' e que Hollywood está a impor as curvas.

Apr 2, 2012

... "Que tamanho de roupa vestem [os modelos] em Paris?"


No Diário de Notícias  a jornalista Catarina Carvalho (CC) entrevista o modelo internacional Armando Carvalho(AC) publicado no dia 1 de Abril de 2012: (toda a notícia aqui: http://www.dn.pt/revistas/nm/interior.aspx?content_id=2392551 )
CC:Fala-se muito dos distúrbios alimentares na moda, a anorexia.
AC:_Dá-me pena. As mulheres, sobretudo, levam muito com isso. Tenho amigas que já passaram por isso. É a pressão. As agências dizem: "Estás gorda. Não podes trabalhar." Quando se está no mundo da moda, que é muito competitivo, a única forma de vencer é, infelizmente, com a nossa estética. Muitos modelos passam pelo testes psicológico, de perceber que são pessoas inteligentes. Infelizmente, as mulheres sofrem mais com isto, porque, para elas singrarem e para terem uma boa carreira, têm de ter a estrutura e a estética que é considerada normal. E tenho amigas que estão agora na fase de tratamento, que levaram isso a sério.
CC:E nos homens não?
AC:_Não. Nos EUA eles gostam de homens mais fortes e robustos, com músculos. É um mercado completamente diferente. Na Europa é que é preciso. Eu, por exemplo, em Paris, não teria a carreira que tenho hoje se fosse grande. Não caberia nas roupas.
Que tamanho de roupas vestem em Paris?
AC: _Zero, ou menos, sample size -modelo amostra - que são mais pequenos do que os mais pequenos que se vêem nas lojas. “
(*)“Armando Carvalho tem 30 anos e parece que já viveu uma vida inteira. Nasceu na Guiné, veio morar para a Amadora com três anos, foi estudar gestão em Inglaterra e trabalhou em Wall St, em gestão de fortunas. Ao mesmo tempo, foi modelo internacional e desfilou no top do top, para a Louis Vuitton, Calvin Klein, Hugo Boss, Dior, Alexander McQueen, ou Benetton e H&M. É a cara da J Crew - a marca favorita de Michelle Obama - nos Estados Unidos e fez todo o catálogo do armazém de luxo Bergdorf and Goodman. E, no meio de tudo isto, toda a gente o conhece como «o modelo português». Agora, abandonou as passereles e fundou uma marca de sapatos de homem como seu nome, que já é um enorme sucesso internacional - e está em plena expansão a Oriente.”
fotografia de Nick Knight

Dec 4, 2011

... nem os ossos são o limite ( a propósito de uma notícia do Expresso do jornalista Carlos Afonso Monteiro)

 


Já várias vezes no esqueciaaana temos referido o poder das imagens e como elas podem ser manipuladas para criar rostos e caras perfeitos mas que de facto não existem ( por exemplo aqui nem os ossos são o limite ) . Ficámos agora a saber por uma notícia de Carlos Afonso Monteiro do Expresso (de 30 de Novembro 2011 Expresso on line, aqui) que foi criado um software anti-Photoshop, ou seja que permite detectar a manipulação das imagens. Hany Farid, um professor e engenheiro informático "criou um programa que identifica fotografias alteradas e consegue ainda julgar, com notas de 1 a 5, o nível de alteração das mesmas."
Podem ser encontradas on-line várias imagens (antes e depois, bastando carregar no botão TOGGLE, as duas imagens acima foram assim obtidas por exemplo aqui).


Segundo o artigo do Expresso, "O objetivo de Hany Farid é que este software venha a ser usado para dar "avisos de saúde" nas revistas, especificamente revistas de estilo e moda, onde este tipo de alterações é mais comum, e muitos defendem que cria expectativas irrealistas quanto aos corpos, tanto masculinos como femininos. (...) O projeto começou com a análise de 468 conjuntos de fotografias nas suas versões originais e retocadas, para depois desenvolver um programa que avalia as fotografias e as classifica consoante as suas alterações, com notas de 1 a 5, com o nível máximo a querer dizer que uma fotografia foi muito modificada."
"Agora temos um modelo matemático para medir as alterações fotográficas", disse o professor, que acredita nos dados que ligam este tipo de imagens às doenças alimentares como a anorexia e bulimia, assim como à insatisfação de homens e mulheres com os seus corpos."
Para saber mais sobre os projectos e trabalho deste investigador, ver os links abaixo. O autor disponibiliza também para download e Código do programa Matlab (Matlab code).
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/Hany_Farid/Research/Entries/2011/6/4_Photo_Retouching.html
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/downloads/publications/pnas11/
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/Hany_Farid/Research/Entries/2011/6/3_Computer_Generated_or_Photographic.html

A fotografia abaixo não foi certamente uma das 468 analisadas ("Mulheres reais...sem publicidade a sabonete ou creme"):

Sep 18, 2011

..." A evolução da beleza" (artigo de Anabela Natário Publicado na Única (Expresso de 28.08.2011 )

O texto integral do artigo pode ser lido aqui.
(...)
"Olhemos para uma daquelas estátuas de menina que os artistas do século VI a.C. esculpiam...", começa por dizer Umberto Eco, na sua "História da Beleza". "Os pitagóricos teriam explicado que a rapariguinha era bela porque nela um justo equilíbrio dos humores produzia um colorido agradável e porque os seus membros estavam numa relação certa e harmónica, dado que eram regulados pela mesma lei que regia a distâncias entre as esferas planetárias. O artista do século VI estava obrigado a realizar aquela beleza imponderável de que falavam os poetas e que ele próprio teria captado numa manhã de primavera, observando o rosto da rapariga amada, mas obrigado a ter de a realizar na pedra e concretizar a imagem da rapariga numa forma."

Avançando até à Renascença, assiste-se a uma nova visão e utilização do corpo, apoiada na redescoberta e recriação da Antiguidade Clássica. Entre o fim do século XIII e o princípio do XVII, o corpo passa a ser algo que se deve enfeitar com arte e de modo a ver-se bem. Os ourives criam peças para ostentar pelo corpo, artigos concebidos "segundo cânones de harmonia, proporção e decoro", como refere o professor italiano licenciado em Estética, lembrando que "o Renascimento é um período de empreendimento e atividade para a mulher, que na vida de corte dita leis na moda, se adequa ao fausto imperante, mas não se esquece de cultivar a sua mente, participa ativamente nas belas-artes, tem capacidades discursivas, filosóficas e polémicas".

"Mais tarde, o corpo da mulher, que se mostra publicamente, será contrabalançado pela expressão privada, intensa e quase egoísta dos rostos, de não fácil decifração psicológica e, por vezes, intencionalmente misteriosa: eis a Vénus de Urbino de Ticiano ou a mulher da Tempestade de Giorgione. A Vénus de Velázquez aparece-nos de costas, enquanto só lhe percebemos o rosto por reflexo, no espelho.

Artificialidade do espaço e caráter fugidio da beleza feminina encontrar-se-ão ainda, nos séculos seguintes, nas mulheres de Fragonard, em que o caráter onírico da beleza preludia já a extrema liberdade da pintura moderna: se não há vínculos objetivos para a representação da beleza, porque não colocar uma bela nudez numa merenda burguesa sobre a relva?"




Quanto ao corpo do homem, por esta época, o entendimento é diferente. Quando eles são retratados, não interessam as regras da proporção e da simetria, sim personificar o poder ou, talvez, dar o grito do Ipiranga em relação aos preceitos clássicos. "As formas do corpo não escondem a força nem os efeitos do prazer: o homem de poder, gordo e entroncado, quando não musculoso, tem e ostenta os sinais do poder que exerce. Certamente não são esbeltos Ludovico, o Mouro, nem Alexandre Bórgia (que goza da fama de objeto de desejo das mulheres do seu tempo), nem Lourenço, o Magnífico, nem Henrique VIII. E, se Francisco I de França, no retrato de Jean Clouet, dissimula debaixo de amplas vestes a sua esbelteza démodée, a sua amante Ferronière, retratada por Leonardo, enriquece a galeria de olhares femininos indecifráveis e fugidios", diz Umberto Eco.



Seja como for, para a mulher e para o homem, o ideal de beleza foi mudando e... repetindo-se. A dada altura, regressámos aos tempos em que gordura volta a ser formosura e as mulheres se querem pequenas como a sardinha.

Foi no século VIII e, na centúria de 20, depois da morte dos espartilhos e das cinturas finíssimas, quando o corpo feminino se libertou, literalmente. Não chegou às formas do paleolítico, mas andou perto...
Só que, entretanto, surgiu a inglesa Lesley Hornby, mais conhecida por Twiggy, a primeira supermodelo do mundo, que impôs, no final dos anos 1960, o corpo franzino, o cabelo curto e olhos rasgados encimados por longas sobrancelhas, transmitindo um ar andrógino.
A partir daí, os corpos foram-se querendo, por força dos desfiles de moda, cada vez mais finos, esquálidos, mesmo. Tanto de mulheres como de homens. O primeiro sinal foi dado pela Calvin Klein, nos anos 1990, quando fotografou a modelo Kate Moss, seminua, macérrima, com ar de viciada em drogas duras. E todos começaram a aparecer muito magros, olheirentos, num estilo de "heroinómanos chiques". De tal forma se regressou ao fino, mas acrescentando-lhe o ar de doente terminal, que alguns países resolveram impedir a disseminação da ideia de que magreza é beleza.

Em 2006, o governo regional de Madrid proibiu desfiles de looks anoréticos e a polémica resolução foi bem aceite pela Cibele, uma das mais importantes semanas da moda europeias que decorre anualmente na capital espanhola. Perto de 40 por cento das manequins foram vetadas: todas as que apresentavam um aspeto doentio e um índice de massa corporal abaixo dos 18.
"Estamos magras mas não doentes", queixaram-se as excluídas, estranhando o comportamento espanhol (em França e em Inglaterra houve apelos no mesmo sentido, mas não se chegou a medidas drásticas). As modelos poderão ter alguma razão, face às exigências do outro lado do mundo.


Ainda no passado mês de outubro, a Ralph Lauren despediu uma das suas modelos com o argumento de que era muito gorda, isto depois de abusar do Photoshop (ver post no esqueciaana) para lhe adelgaçar o corpo nas fotos das suas campanhas publicitárias e com tanto exagero que a modelo aparecia com a cabeça muito mais larga do que o corpo. Ora, Filippa Hamilton, de 23 anos, que trabalhava para a marca desde 2002, pesava 54 quilos e media 1,77 de altura, com estes números não poderia desfilar em Espanha e, segundo a Organização Mundial de Saúde, o seu peso ideal deveria ser de 70,9 kg...

(a modelo com tratamento de imagem e a modelo quando despedida).
De facto, o mundo parece esquizofrénico. Nos Estados Unidos, onde os corpos do cidadão comum são cada vez mais volumosos, a marca que redefiniu o "estilo americano" quer cabides. Na Alemanha, a revista feminina de maior tiragem (Brigitte post no esqueciaana)decidiu substituir as fotografias de corpos de manequins moldados por programas informáticos por "mulheres reais". A causa? A diretora da publicação, Andreas Lebert, disse estar farta de engordar corpos com Photoshop para que as raparigas parecessem pessoas normais. "O peso médio das modelos é cerca de 23% menor do que a maioria das mulheres", disse, adiantando que também tinha recebido muitas queixas de leitoras incapazes de se identificarem com as modelos das capas.
(páginas da revista Brigitte; a 'modelo' trabalha numa loja)
O corpo, independentemente da beleza, é o património natural do ser humano. "As sociedades humanas agem sobre o corpo através de regras de etiquetas, sanções e proibições, de prémios e castigos, de leis e penas e tudo isso se reflete na forma de andar, sentar, dormir, amar, de se alimentar, etc. Nesse sentido, o corpo é uma encruzilhada de acontecimentos culturais e sociais, animais e psíquicos, uma confluência de fenómenos, uma rede de emoções, uma teia de movimentos, um repertório inesgotável de gestos", dizia, no século XIX, o pensador brasileiro José Carlos Rodrigues.
(fotografia de Stephen Chernin nos bastidores da Semana da Moda de NY 2011) 

Jun 3, 2011

...Vogue Italia capa junho 2011 e petição (campanha real ou marketing?)


A revista Vogue em Itália publica este mês uma capa especial. Dizem que não acontecia na capa há cerca de 10 anos, incluir modelos que vestem tamanhos grandes. A revista tem também on line uma petição anti sites pro anorexia (aqui). As modelos são Tara Lynn, Candice Huffine e Robyn Lawley. O título original italiano Belle Vere (ou Belas de Verdade ou Beleza Verdadeira) pretende chamara a atenção para a existência de beleza em todas as formas e feitios. A directora da Vogue italiana Franca Sozzani  declarou "Por é que estas mulheres mulheres deveriam emagrecer? Muitas que têm quilos a mais são especialmente bonitas e também mais femininas". Já há anos a editora da Vogue Britânica se tinha declarado contra o tamanho zero (aqui). Mesmo que seja mero marketing (e em minha opinião é mesmo)  é interessante acompanhar esta tendência e a importância nos padrões de beleza que se vão formando.
Imagens: Capa da Vogue Italiana de Junho 2011 (Belle Vere) e capa de uma vogue do Brazil onde o photoshop é mais que evidente e os ossos não são limite para o photoshop e outros programas de tratamento de imagem.

Dec 30, 2010

Isabelle Caro (28 anos) faleceu [actualizada em 9.01.2011 com um novo texto e link; actualizada em 22.01.2011 ]

Talvez seja a imagem do corpo de Isabelle Caro que mais seja divulgada. Mas aquele corpo era apenas a consequência...Se fosse possível fotografar os pensamentos...A campanha (publicitária recorde-se, a uma marca de roupa, Nolita) tem estado a ser noticiada erradamente como uma campanha anti anorexia. As imagens chocantes contribuiram certamente para a discussão geral dos tamanhos zero na moda.

A anorexia é uma doença mental não uma opção ou estilo de vida em relação à qual existem muitos preconceitos, mitos e ideias erradas. Ser anoréctico não é 'ter a mania das dietas' é algo muito mais complexo. 'Coitada, tão magrinha' ou 'Que horror, tão magra' ou 'Por esse andar acontece-te o mesmo que áquela que morreu' são palavras que não ajudam a quem sofre da doença.

Como ex-anoréctica faço um pedido aos familiares, amigos, colegas, professores, treinadores que convivem com alguém com doenças do comportamento alimentar (anorexia ou bulimia): procurem informar-se sobre a doença e como ajudar. Não se preocupem tanto em 'entender a doença', não se preocupem tanto com o corpo esquelético, os cabelos a cair, a perda de forças...ANTES DO CORPO MAGRO VEJAM O SER HUMANO EM SOFRIMENTO QUE O HABITA.

A anorexia mata também em Portugal.

[acrescentado em 9 de Janeiro 2011]Uma médica portuguesa, Ana Matos Pires,  comentou assim (aqui) a campanha em 2007 quando foi lançada.
citando parcialmente o post cuja leitura integral recomendo:
"O lado positivo desta campanha, para mim e enquanto médica, é chamar a atenção para a necessidade de tratar precoce e eficazmente esta doença de modo a evitar situações como a apresentada nos cartazes, isto é, estados limite de caquexia que podem levar à a morte. Não me parece, contudo, que vá atingir outros objectivos medicamente significativos e, neste sentido, assino de cruz as declarações da psiquiatra Dulce Bouça, Presidente do Núcleo das Doenças do Comportamento Alimentar, presentes no Público de domingo passado: "Esta imagem tem um impacto mediático muito forte e uma mensagem muito intensa, que estabelece uma relação muito próxima entre o que é a vida e o que é a morte" e mais à frente "Quando um doente tem já uma anorexia, está de tal maneira em sofrimento que fica pouco sensível a estas imagens. Uma pessoa que esteja a iniciar a doença ou uma pessoa saudável que queira perder algum peso pensa sempre que nunca vai chegar àquele ponto". Na mesma peça jornalística podiam ler-se as opiniões de dois clínicos italianos que, tal como a Dulce Bouça, são autoridades na matéria, com provas científicas dadas. Fabiola de Clercq, presidente da Associação Italiana para o Estudo da Anorexia, comentou que a imagem é "demasiado crua" e que pode até fazer com que algumas pessoas sintam inveja do corpo de Isabelle e tentem ficar mais magras do que ela.  Riccardo dalle Grave, presidente da Associação Italiana de Problemas da Alimentação e do Peso, afirmou que "As imagens tornam banal um problema sério".
Também um texto e discussão sobre a história de Isabelle Caro pode ser encontrado em EDbites (aqui em inglês)
O blogue de Isabelle: http://neigeisabelle.blog.mongenie.com/
Actualização em 22.01.2011: Em Janeiro de 2011 a mãe de Isabelle suicidou-se. O post publicado em EdBites (em inglês) discute as falsas ideias sobre a 'reponsabilidade' na doença dos que envolvem o doente. Como habitualmente a recentrar a questão fugindo aos sensasionalismo, que foi infelizmente e mais uma vez o modo como o assunto voltou a ser tratado na imprensa.Ler aqui em EDBites.

Aug 25, 2010

...À Procura do Sonho (e expulsões)

O concurso/programa chama-se à Procura do Sonho e é inspirado no America's Next Top Model. A imagem acima foi retirada da página do programa da SIC.
A escolha do termo (expulsões) é infelizmente frequente neste tipo de concursos. Participam também menores de idade. No final serão seleccionados dois modelos. Ouvi alguns comentários do júri sobre estreitar ancas, ganhar músculo e similares. Não percebi ainda porque os rostos devem ser 'originais' e os corpos 'normalizados'. Porque são essencialmente esses os critérios de selecção (expulsão?). Ah,  dizem que são ainda necessários a 'atitude', a 'capacidade de assumir um personagem', a 'fotogenia', etc.
Perguntaram a uma concorrente se a magreza dela 'era natural' ao que  respondeu de imediato que 'não tinha nenhum distúrbio alimentar nem nada disso'. [pois é...porque ela espreita]
A relação entre moda e anorexia e bulimia já foi discutida várias vezes no blogue esqueci a ana. Com base na minha experiência pessoal posso afirmar que se pode chegar à anorexia ignorando completamente o que são os padrões de beleza impostos pela moda num dado tempo e espaço. Culpar a moda e os padrões por ela ditados pela doença é não ir às raizes últimas do problema, mas a preocupação com a imagem pode induzir alguns comportamentos doentios. Algumas doentes com anorexia procuram a sua 'inspiração' em modelos da moda mesmo quando a imagem que deles existe são fotografias tratadas digitalmente.
Afinal a beleza cabe em tantos formatos e tamnhos...

Apr 8, 2010

...sem retoques

Segundo notícia lida aqui, A revista Marie Claire de Abril 2010 (capa acima) apresenta as fotografias sem retoques de Photoshop...(não todas, a publicidade inserida na revista mantem os retoques nas imagens). Esta publicação é mais um contributo (e também resultado?) de um debate sobre a manipulação das imagens que já (aqui, aqui e aqui) referimos.

Apr 5, 2010

...anorexia na moda



Já várias vezes referimos notícias sobre quem conhece por dentro o mundo da moda e se declara e AGE contra a anorexia (por exemplo a directora da Vogue aqui).
Em notícia de 25 de Março de 2010 três modelos brasileiras discutem o problema (ver mais
aqui
).
E em Portugal? Não é preciso andar nos bastidores para nos apercebermos que ela existe. Poderia acrescentar aqui alguns links para recentes apresentações de moda nacional ou de anúncios profusamente espalhados nas ruas.

Nov 2, 2009

>> Imagens manipuladas

Uma deputada (Valérie Boyer) propôs no parlamento francês em Setembro uma legislação que obrigasse a indicar nas imagens manipuladas digitalmente: 'manipulada por um programa de tratamento de imagem'. A proposta gera polémica num país em que uma fotografia de férias de Sarkosy foi manipulada para o emagrecer.
A mesma deputada propôs em conjunto com outros cerca de 46 medidas de saúde pública com particular atenção para as mulheres. Entre elas diversas medidas de prevenção junto dos jovens de doenças relacionadas com comportamentos alimentares (no blogue da deputada, em francês, aqui).
A manipulação das fotografias sempre existiu. Há umas décadas, em Portugal, recordo que a concorrência entre fotógrafos profissionais era também efectuada a partir do chamado 'retoque' que por vezes usava cor e fazia maravilhas (procurem em fotografias antigas e encontrarão muitos produtos desses retoques mais ou menos conseguidos). Opiniões diversas em relação à proposta sobre a identificação de imagem manipuladas (em português) aqui.
Qual o interesse desta discussão? Alertar para o facto de certas imagem que servem de 'padrão' ou 'modelo' para quem tem doenças de comportamento alimentar são de facto meras criações...nalguns casos artísticas.
Em baixo um exemplo de transformação por maquilhagem clássica (40 segundos) e digital (35 segundos).

Oct 31, 2009

>> Cindy Crawford : contra a ditadura da magreza

Cindy Crawford declarou recentemente a propósito da magreza escessiva na moda "Em 2009 não me poderia ter tornado uma top model. Tenho um ar demasiado saudável para ser uma topmodel em 2009. Um corpo como o meu, com seios grandes e coxas normais não é o que a indústria [da moda]actualmente procura ” A magreza é uma ditadura da moda. Cindy, que tem agora 43 anos afirmou estar feliz com sua forma física e que se preocupa apenas com alguns efeitos do envelhecimento como as rugas.“Eu gosto de sentir os meus 40 anos porque estou em paz comigo mesma e conheço os meus pontos fortes, que vão para além do facto de ser bonita".

>> Qual o peso ideal para uma modelo ?

A notícia chama a atenção para a magreza enquanto ditadura da moda (ver opinião de Cindy Crawford) . Pena que não tenha feito perguntas também por exemplo a um profissional de saúde que desse alguma informação sobre o que pode ser o peso ideal...Ficam as imagem. Comentários?

Cindy Crawford declarou recentemente a propósito da magreza escessiva na moda "Em 2009 não me poderia ter tornado uma top model. Tenho um ar demasiado saudável para ser uma topmodel em 2009. Um corpo como o meu, com seios grandes e coxas normais não é o que a indústria [da moda]actualmente procura ” A magreza é uma ditadura da moda. Cindy, que tem agora 43 anos afirmou estar feliz com sua forma física e que se preocupa apenas com alguns efeitos do envelhecimento como as rugas.“Eu gosto de sentir os meus 40 anos porque estou em paz comigo mesma e conheço os meus pontos fortes, que vão para além do facto de ser bonita".

Crystal Renn, uma modelo que se debateu com a anorexia durante vários anos, decidiu passar a ser modelo de tamanhos acima do zero. Sente-se mais feliz e continua a ser modelo. “Quero ver todas as formas a vestir todos os tamanhos na passerelle” “O tamanho zero não pode ser a norma”No vídeo abaixo fala também do seu livro Hungry.


Oct 7, 2009

>> Brigitte: negócios e 'mulheres reais' ...

A mais vendida 'revista feminina' alemã, a Brigitte, tomou (ou vai tomar) uma iniciativa que está a ser noticiada há alguns dias. Como campanha de marketing já provou ser eficaz. Informam que a partir de 2 de Janeiro (reparem a subtileza do anúncio prévio a lembrar uma campanha há anos para lançar a coca-cola com diferente gosto...) passarão a usar mulheres reais em vez de modelos.
O texto on line (ver abaixo) é de um pretenso feminismo hipócrita! Descobriram, assim, da noite para o dia que havia mulheres reais!
Para além do debate on-line no site da própria revista já com mais de uma centena de opiniões ( "resolveram cortar nos custos, pois as vendas estão a descer") uma notícia num jornal inglês o Guardian, pode ler-se:
"No que é visto como uma tentativa de eliminar o "tamanho zero" a editora da revista diz que vai passar a usar mulheres com estatura normal ( já aqui reportámos a posição contrária ao tamanho zero por parte da directora da revista Vogue). "Vamos deixar de trabalhar com modelos a partir de 2010" disse Andreas Lebert editor chefe da Brigitte, acrescentando que vai abandonar os retoques usando o Photoshop. Diz que o fez para responder aos protestos dos leitores que diziam não corresponderem as imagens às mulheres reais. "Hoje o peso das modelos está cerca de 23% abaixo do peso de uma mulher normal. Toda a indústria de modelos é uma indústria de anorexia" disse Andreas. Acrescentou ainda que a revista está à procura de mulheres que tenham a sua própria identidade. Podem ser jovens estudantes brilhantes, empresárias, músicas ou futebolistas [ a lista exemplificativa é curta convenhamos]. Quer um misto de mulheres conhecidas e completamente desconhecidas. E dizem que até vão pagar o mesmo que às anteriores modelos [perguntamos: ou às agências?].
Do outro lado do NEGÓCIO, a reacção não se fez esperar. Louisa von Minckwitz, a proprietária da agência alemã Louisa Models onde
os modelos são de tamanho 36 (UK 10) tendendo para o modelo 34 (UK 8) afirma que não tem dúvidas de que "os leitores querem de facto comprar uma revista em que as roupas sejam vestidas por pessoas bonitas, elegantes e simpáticas"
Perguntamos nós será que a dita negociante (perdão, empresária) proprietária da agência de modelos conhece a probabilidade de haver seres humanos adultos E SAUDÁVEIS que usem tamanho 36, a tender para o 34?]
Imagem: capa de uma outra revista feminina, a Harper's Bazaar dos anos 50.
****

Citando a revista, texto on-line (tradução livre e possível do alemão; original disponível aqui):

"Porque a beleza tem muitas faces a Brigitte tomou resolveu lançar a iniciativa “Sem Modelos” . A partir de agora todas as fotografias que aparecerão na revista não serão fotografias de modelos, mas de mulheres como vocês e como nós. Convidamos a juntar-se a nós.
A moda mudou.
As mulheres mudaram.
O nosso mundo está diferente.


A partir de hoje [ou de 2 de Janeiro de 2010?] todas as fotografias da moda à beleza dos estilos de vida ao ginásio não serão feitas com modelos mas sim com mulheres comuns.
Porque as mulheres não precisam de procuração.
Porque elas podem ser exigentes.
Porque a roupa/moda não é hoje uma questão de tendências, mas sim de personalidade.
Porque queremos criar novos olhares na passarela, nas ruas, nas escolas, nos palcos , no cinema, no café da esquina.
Porque queremos mostrar no futuro moda e beleza das mulheres que não estão sujeitas às leis, muitas vezes perversas dos negócios, mas as suas vidas reais.
Porque não há nada melhor do que as MULHERES.
Convidamos a leitora a participar.
Se quiser, clique aqui. Esperamos por si.
Sem Modelos
Uma iniciativa de Brigitte" (fim de citação)

Sep 28, 2009

>> Crystal Renn - uma modelo


Crystal Renn, uma modelo que se debateu com a anorexia durante vários anos, decidiu passar a ser modelo de tamanhos acima do zero. Sente-se mais feliz e continua a ser modelo. “Quero ver todas as formas a vestir todos os tamanhos na passerelle” “O tamanho zero não pode ser a norma”No vídeo abaixo fala também do seu livro Hungry.


Jun 21, 2009

Directora da Vogue britânica sobre tamanho ZERO




Vogue ataca criadores de roupas "minúsculas"
notícia de Joana Amaral Cardoso no jornal Público
(à esq. fotografias da última capa da VOGUE portuguesa e fotografia da Alexanda Shulman)
Nesta história, só a culpa não tem tamanho. A polémica do "tamanho zero" e da magreza excessiva foi reacendida pela directora da Vogue UK a Ela é um dos pesos-pesados da moda. E decidiu enviar uma carta a dezenas de criadores e designers de moda europeus e americanos a queixar-se de uma questão de leveza: eles enviam-lhe roupas "minúsculas" para as produções da sua revista - a Vogue - e isso obriga-a a contratar modelos irrealmente magras. A carta de Alexandra Shulman, directora da Vogue britânica [desde 1992], já fez o seu papel: relançou o debate sobre o chamado "tamanho zero".
Alexandra Shulman pesou bem as suas palavras na carta enviada no final de Maio e que não se destinava ao conhecimento dos media, mas que foi revelada sábado pelo Times. "
Chegámos ao ponto em que muitos dos tamanhos das peças de mostruário não servem às modelos-estrela, já estabelecidas [no mercado], de forma confortável", lê-se na carta enviada às casas - Prada, Versace, Yves Saint Laurent, Balenciaga - e aos criadores - Karl Lagerfeld, John Galliano, Stella McCartney, Alexander McQueen - mais conceituados do mundo.
Shulman, juntamente com as directoras das Vogue de Nova Iorque, Paris e Milão, é considerada uma das vozes mais influentes na indústria. Mais de dois anos depois de ter eclodido a discussão sobre o peso dos manequins e modelos nas passerelles, na sequência da morte de duas modelos sul-americanas por subnutrição e da proibição de modelos demasiado magras (o tal "tamanho zero" na tabela americana, que corresponderia a um tamanho 30 na tabela europeia) nas passerelles de Madrid, Nova Iorque e Milão, agora o dedo é apontado aos criadores de moda. Até aqui, o peso da questão estava sobre os manequins.
De acordo com Shulman, as roupas tornaram-se "substancialmente mais pequenas", obrigando revistas como a sua a contratar manequins com "ossos salientes e sem peito ou ancas". Alexandra Shulman diz que já se viu obrigada a "retocar" fotografias para tornar as modelos mais cheias e afirma ter decidido apelar aos designers porque "o feedback dos leitores e a sensação geral no Reino Unido é de que as pessoas não querem ver raparigas tão magras". Ontem, os jornais britânicos espelhavam o apoio à directora da Vogue: a associação que combate os distúrbios alimentares
Beat acha "muito encorajador ver a Vogue a tomar uma posição destas"; a ex-modelo e actual vice-directora da Semana de Moda de Londres Erin O'Connor considerou a carta "um grande avanço"; a editora de moda do Telegraph, Hillary Alexander, apoia "totalmente" a iniciativa, que já vem tarde e que deve ter o apoio das outras revistas.
A moda é um negócio
Em revistas como a Vogue, com meses de preparação a anteceder cada produção de moda, as roupas-amostra são recebidas cerca de seis meses antes de chegarem às lojas, sendo exemplares quase únicos e em torno dos quais se tem mesmo que trabalhar. Paulo Gomes, produtor de moda, explicou ao P2 que a questão da diminuição dos tamanhos - "nos últimos anos, mesmo em Portugal, já há alguns criadores que usam o tamanho 34" para as suas peças de amostra - pode dever-se a uma deformação recente do mercado:
já antes da crise global, as grandes casas passaram a fazer apenas uma colecção de sample que viaja pelo mundo, quando antes havia pelo menos uma para cada continente.
E como a moda "é um negócio, não tem a ver com anorexias nem nada disso", atenta Paulo Gomes, e dado que na Ásia (um dos mercados mais ricos) os tamanhos são de facto mais pequenos, isso pode explicar o domínio do 34. Na sua experiência, recorda casos em que já lhe chegaram peças, sobretudo casacos mais estruturados, em que os braços e cavas eram estreitos ao ponto de não permitirem braços de modelos mais cheios.
Mas, em termos de bastidores, o produtor de moda português ficou espantado com o teor da carta de Shulman, nesta que é a primeira vez em que uma revista de moda enfrenta os criadores quanto aos tamanhos das roupas. "Parece-me estranho. Se fosse outra revista, como a Marie Claire...", exemplifica. "Mas as directoras da Vogue de Nova Iorque, Paris, Milão têm sempre uma palavra a dizer [sobre as peças] antes da própria apresentação ao público", gozando de um acesso privilegiado aos grandes criadores. Pelo que a selecção das peças para produções de moda sempre lhe pareceu que "pressupõe uma cumplicidade, um consenso".
Os criadores visados pela carta ainda não reagiram publicamente, mas outros designers chamam a atenção para o que consideram ser "o ciclo vicioso" da moda e das suas imagens de magreza/beleza. Dino Alves, criador português, não concorda com as culpas atribuídas por Shulman aos designers. "Os tamanhos que fazemos como protótipos, para os desfiles, são 36, o que me parece ser absolutamente razoável", explica ao P2. São roupas para modelos, assim chamados por alguma razão, aponta: "São modelos estéticos, de beleza". E sim, "há peças que indiscutivelmente assentam melhor em corpos mais magros", admite. Para ele, nem modelos nem criadores são únicos responsáveis pela associação da moda à anorexia e outros distúrbios alimentares: o criador português defende que "se deveria reforçar o acompanhamento e a atenção que a família dá".
O debate está novamente lançado, com o ónus sobre os criadores. Mas nas palavras da supermodelo e empresária Heidi Klum (que veste o 36/38), na moda, num dia está-se in e no outro está-se out. No fim de 2006, Flor, uma das mais requisitadas modelos portuguesas, dizia ao PÚBLICO: "Os manequins são magros, é assim, é o que os estilistas querem, o que as revistas querem, é o padrão de beleza". Ontem, o designer italiano Kinder Aggugini, que trabalhou com John Galliano e Calvin Klein, dizia ao Guardian que "se amanhã todas as revistas, agências de modelos e stylists usassem raparigas maiores, então os criadores também o fariam". Ou seja, como um belo chapéu (ou carapuça), a tendência "tamanho zero" tem culpas que servem a quase todos - modelos, agências, criadores, editores de moda e até celebridades.