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Aug 17, 2014

3 artigos científicos de 2014 sobre Compulsão Alimentar e outras doenças do comportamento alimentar em Portugal



A revista científica European Eating Disorders Review publica artigos que nos ajudam a perceber melhor as causas, diagnóstico e tratamento da Anorexia Nervosa, da Bulimia e de outras doenças relacionadas com o comportamento alimentar.
 
Referenciamos em seguida 3 artigos publicados em 2014 que analisam casos em Portugal (em todos são incluídos os links para a revista onde podem ser lidos os resumos e os textos integrais em inglês).
 
Juntamos ainda uma tradução livre do resumo de um deles referente a um estudo sobre Compulsão Alimentar (Binge Eating Disorder, BED) nos estudantes do ensino superior em Portugal publicado em Maio de 2014.
 

European Eating Disorders ReviewVolume 22, Issue 3, May 2014, Pages: 185–190, Mónica Ribeiro, Eva Conceição, Ana Rita Vaz and Paulo P. P. Machado

RESUMO:

A Compulsão Alimentar (Binge eating disorder, BED) tem outras doenças associadas e foi recentemente considerada como uma categoria específica no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fifth Edition (nota de esqueciaana: neste blogue  encontra várias referencias ao DSM e como nele têm evoluído as categorias das doenças de comportamento alimentar).

Este estudo investiga a prevalência da Compulsão Alimentar (BED) numa amostra de estudantes universitários portugueses tendo sido selecionada a amostra em duas etapas [nota de esqueciaana: no esquema abaixo resume-se as etapas de selecção da  amostra]. 

Entre Outubro de 2008 e Julho de 2009,  805 estudantes universitários de uma universidade pública do Minho completaram o questionário Questionnaire on Eating and Weight Patterns – Revised  [nota de esqueciaana: um questionário similar pode ser encontrado aqui, e uma versão portuguesa aqui]. Com base nesse questionário foram identificados os casos a entrevistar numa segunda fase. 85 estudantes que apresentavam o critério para compulsão alimentar foram convidados a ser entrevistados, nessa segunda fase, com base no Eating Disorder Examination.

Na primeira etapa, 9,6% dos inquiridos assinalaram episódios de compulsão alimentar. Na segunda etapa do estudo a taxa de prevalência foi de 0,5% para Compulsão Alimentar e de 1% no caso de ser excluído o critério de uma grande quantidade de alimentos.
 
Nota de esqueciaana:As Figura 1 e Tabela 2 abaixo foram retiradas do artigo original cuja leitura recomendo.
 


European Eating Disorders ReviewVolume 22, Issue 3, May 2014, Pages: 185–190, Mónica Ribeiro, Eva Conceição, Ana Rita Vaz and Paulo P. P. Machado
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References
 
 
European Eating Disorders Review
Volume 22, Issue 4, July 2014, Pages: 243–251, Bárbara C. Machado, Sónia F. Gonçalves, Carla Martins, Hans W. Hoek and Paulo P. Machado
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References


Early Response as a Predictor of Success in Guided Self-help Treatment for Bulimic Disorders
European Eating Disorders ReviewVolume 22, Issue 1, January 2014, Pages: 59–65, Ana R. Vaz, Eva Conceição and Paulo P. P. Machado
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References

(imagens de Escher)

Feb 22, 2014

...como ajudar uma amiga

(nota de esqueciaana: já antes tinha publicado este post, uma leitora do blogue pediu-me para o divulgar outra vez)
Sei por experiência própria como 'os outros' podem ser muito importantes no tratamento e recuperação. Não quaisquer 'outros' mas sim quem, mesmo que não entenda completamente nem sequer parcialmente a doença, nos faz ter novos olhares para a vida. Quem construa as pontes entre o nosso mundo interior de sofrimento e a vida lá fora onde podemos descobrir a alegria.

Os sites informativos e de apoio a familiares e amigos sobre a anorexia e bulímia (ver links do lado direito) por vezes fornecem indicações específicas para grupos dos que são próximos do doente, tais como a familia e em particular os pais, os professores e ...AS AMIGAS (cito adaptando: "Caso suspeite ou tenha a certeza de que uma amiga sua tem problemas relacionados coma a alimentação..."). Pergunto eu: e OS AMIGOS? e O NAMORADO? Os rapazes e homens são não apenas uma minoria dos doentes anorécticos e bulímicos (pelo menos no que é estatisticamente conhecido), ELES também parecem estar um tanto à margem na informação sobre os OUTROS que podem ajudar.
 
No entanto, encontramos em vários testemunhos a importância do NAMORADO, do NOIVO, do MARIDO na procura de cura e recuperação da doença de TA. Sendo a partilha mútua nas relações amorosas mais intensa que noutras, não é de admirar que nelas seja possivel ultrapassar dificuldades em expressar sentimentos por parte de quem está doente, e que por isso sejam os namorados quem, ainda antes de pais, irmãos, amigas ou amigos se apercebem que alguma coisa não está bem. Não encontrei ainda no entanto nenhum texto que 'explique' e dê o devido destque a importância dos NAMORADOS (os príncipes! alguns que precisam ter uma coragem extrema!) .
 
Voltando às AMIGAS (supondo que quem sofre de AN é uma rapariga) existem algumas recomendações que abaixo alinho comentando. E o meu primeiro comentário é que não existindo receitas para a amizade, o que a seguir se escreve são apenas algumas indicações que em média se ajustam a cada caso concreto.
 
COMO PODES AJUDAR A TUA AMIGA?
 
(texto adaptado do original aqui e aqui)
 
+ A tua amiga é inteligente, informada, determinada...mas é característica da doença negá-la e recusar opiniões dos outros (mesmo das amigas) sobre o seu problema (que geralmente não identifica como tal). São raros os casos em que a doente resolve tratar-se por iniciativa própria. Como amiga dela procura em conjunto com outros que lhe são próximos que ela tome consciência do problema e comece a tratar-se com especialistas adequados. Não fiques frustrada com a tua (muitas vezes aparente) impotência para alterar a situação. Ela também se sente possivelmente muitas vezes impotente para se mudar. Não fiques zangada se muitas vezes ela 'te deixar a falar sozinha'.
 
+ A tua amiga pode estar está em risco de vida.A anorexia alimentar e os transtornos alimentares (TA) são doenças graves. Procura que contacte uma equipa especializada. Ajuda-a a dar o primeiro passo para o tratamento. Procura informar-te mais sobre a doença e encontrar os serviços de apoio a familiares e amigos e os serviços médicos públicos ou privados a que ela poderá recorrer na tua região. Mas atenção, por muito que julgues saber sobre a doença, lembra-te que apenas os profissionais poderão fazer um correcto diagnóstico e traçar caminhos para o tratamento e cura.
 
+ Evita centrar todas as conversas com ela na comida ou na aparência física. Comentários mais ou menos irónicos como 'qualquer dias desapareces', 'és só pele e osso', 'andas com dietas malucas' ou até elogiosos ' estás com um corpo fantástico! quem me dera vestir o 36 como tu'. Ou mesmo de incentivo a ganhar peso ' estás mais gordinha e fica-te bem' (pessoalmente tenho a impressão que se este último comentário vier de um amigo não será muito negativo, mas estamos a falar de amigas).Não te esqueças que a tua amiga tem parte da vida focada na aparência física (tentando dizer com o corpo o que ninguém é capaz de escutar) e nas calorias por isso, não lances mais fogo para essa fogueira. Fala com ela sobre arte, música, estudos, trabalho, viagens, projectos futuros.
 
+ Faz a tua amiga sentir (não por palavras de preferência) que ela tens excelentes qualidades e que ninguém é perfeito. Mostra-lhe a tua amizade por actos. Lembra-lhe que todos cometemos erros. E que a errar se aprende. Abre-lhe também o teu coração. É dos livros que quem sofre de TA mente sobre o comportamento e por vezes mente também compulsivamente (é uma componente da doença e como tal deve ser compreendida). Mas a identificação por ti de uma inverdade pode ser positivo. E mostrar que de quem gostamos esperamos sinceridade, não falsidade.
 
+ Procura que ela saia. Há muitas formas de sair. Sair da casca por exemplo ;) Conviver com outras pessoas diferentes. Pessoas com projectos, ideias, imaginação. Pessoas abertas a outras pessoas. Por vezes com a mesma idade as pessoas apresentam maturidades muito diferentes. E não raro quem sofre de TA tem níveis de maturidade e culturais acima da média. Muito possivelmente a tua amiga questiona-se e questiona os outros e o sentido da vida. Por isso ambientes em que dominem pessoas fúteis e vazias podem ser agressivos para ela. Mas cada um de nós é uma caixinha de surpresas. As possibilidades de convívio hoje em dia são imensas. procura que ela retome a alegria e sociabilidade que tinha antes da doença, mas sem pressas, sem forçar. A doença por vezes vai-se instalando de-va-ga-ri-nho e não é do dia para a noite que desaparece.
 
+ O que ela deve ou não comer deve ser recomendado pelos especialistas em nutrição e/ou endocrinologista. Se estiveres com ela durante as refeições principais, festas ou outras situações que envolvam comida procura comportar-te normalmente. Não adoptes uma posição de vigilância ou controlo sobre o que ela come ou de recomendações do tipo 'lá estás com a mania das calorias, não sejas parva vá lá come a bolacha', etc.
 
+ NÃO DESISTAS. O teu apoio pode não dar de imediato resultado. Tens que ter paciência se a tua amiga depois de parecer estar a recuparar tiver uma recaída. Não desistas da tua amiga, mantém o teu apoio mesmo durante uma recaída, evita comentários do tipo 'és uma fraca desisto'.´A tua amiga se tiver uma recaída já se sente suficientemente mal sem esses comentários 'amigos (por vezes pretendem ser para mostrar a dura realidade').Se ela for internada e os médicos não virem inconveniente e perceberes (as amigas verdadeiras percebem os sins mesmo quando ouvem não e vice versa) que ela o quer visita-a.
 
+ Se o conhecimento que com ela tiveres for principalmente ou exclusivamente virtual procura que ela reforce os laços com o MUNDO REAL. Os ombros virtuais não passam disso...virtuais. Nada substituí os ombros REAIS. para além disso estando a tua amiga psicologicamente fragilizada pode ser alvo de comportamento predatórios no mundo real e na internet.
 
+ Na Internet circula muita informação errada, nuns casos inconscientemente noutros, mais graves, conscientemente e criminosamente errada. Medicamentos, práticas e dietas que pululam na internet nos sites pro-ana e pro-mia e também noutros sites orientados comercialmente são muito perigosos. Dicas de emagrecimento que são fornecidas, por vezes sob capa de fundamentos científicos são autênticas 'receitas de morte'.
 
+ Lembra-te SEMPRE: A TUA AMIGA NÃO TEM CULPA. DEIXAR DE COMER NÃO É A DOENÇA, É O SINTOMA.
Procura ajuda para a tua amiga. Alguns contactos AQUI.
Foto f
Comentários recebidos a mensagem identica antes publicada no esqueciaana:

foreveryoung disse...
Qerida "esqeci-a-ana"...
Antes de mais qero voltar a agradecer pela maneira como te tens exprimido comigo porqe nota-se mesmo qe já passaste por isto tudo e és perfeitamente consciente a falar sem nunca "exigires" de mim coisas exageradas como às vezes me acontece por parte de pessoas qe desconhecem o problema em si! Quanto ao qe escreveste tens toda a razão..a fluoxetina tira-me o apetite e altera o meu humor (às vezes..ultimamente mais!)..mas a verdade é qe fico mesmo sem fome nenhuma e se o esforço por comer é grande já quando temos fome (contraditório?) então quando não temos aínda mais complicado é. Suponho qe me estejas a perceber. Mas ao mesmo tempo não qero de maneira nenhuma dizer isto ao psiquiatra porqe vou ser sincera..tenho medo qe ele me recomende tomar algo para abrir o apetite. Isso aterroriza me! Beijinho enorme, parabéns pelo post, até o patrocinei no meu blog :) ehehe
ex ana disse...
Eu já passei não direi por tudo, mas por algumas coisas parecidas.
Se o teu fim de semana foi inesquecível o que achas de ter a seguir uma semana igualmente BOA e inesquecível?
p.s.- Agradeço muito o 'patrocínio'. Não queres juntar sugestões? Prometo fazer uma actualização do post e prestar devida atribuição (ou não) como preferires. 30 de Novembro de 2009 20:41
aqui

Fotografia de flick cc aqui

Oct 21, 2013

programa de Ana Maria Braga (Globo Brasil) e anorexia . Procure Ajuda!


 
O programa de Ana Maria Braga da Globo Brasil apresenta alguns vídeos de testemunhos da anorexia assim como são indicados alguns sites no Brasil que apoiam os doentes. Apresento os títulos e os links abaixo e no final a lista dos locais de apoio listados na página da Globo.

A autora do programa:
http://globotv.globo.com/rede-globo/mais-voce/v/ana-maria-conta-os-dados-alarmantes-da-anorexia-nervosa-que-mata-em-15-dos-casos/2891561/

Deborah Evelyn relembra anorexia na adolescência foi uma fase muito difícil:
http://globotv.globo.com/rede-globo/mais-voce/v/deborah-evelyn-relembra-anorexia-na-adolescencia-foi-uma-fase-muito-dificil/2891582/

http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/O-programa/noticia/2013/10/deborah-evelyn-relembra-anorexia-na-adolescencia-foi-uma-fase-muito-dificil.HTML



Mulher que sofre de anorexia mostra o rosto e conta como enfrenta a doença



http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/videos/t/programas/v/ana-maria-conta-os-dados-alarmantes-da-anorexia-nervosa-que-mata-em-15-dos-casos/2891561/


http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/videos/t/programas/v/especialista-em-transtornos-alimentares-explica-como-comeca-a-anorexia-nervosa/2891586/
Procure ajuda

Em todo o Brasil existem programas que ajudam pessoas que estão passando por este problema, e se você conhece alguém que esteja precisando de amparo, confira a lista de telefones e nomes de instituições que fornecem subsídios a estes casos:
Rio de Janeiro

 Nuttra - Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade - Telefone: (21) 9367-2369

 PUC - Telefone: (21)221-7577

 GOTA - Serviço de Psiconeuroendocrinologia - Telefone: (21)2507-0065

 UFRJ -Telefones: (21) 295-3208 ramal 22 / 295-3499

 Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Diabetes do RJ - Telefone: (21) 295-3796 / 274-8585

 Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro - Telefones.: (21) 9367-2369 / (21) 2221-4986 / (21) 2533-0118

São Paulo - Capital

 GATDA - Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares - Telefones: (11) 3873-7817

 GENTA - Grupo de Estudos em Nutrição e Transtornos Alimentares - Telefone/Fax: (11) 3672-3869

 AMBULIM - Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares - do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Telefone: (11) 3069-6975

 PROATA - Programa de Orientação e Assistência aos Pacientes com Transtornos Alimentares UNIFESP - Telefone: (11) 5579-1543
Campinas

 Instituto de Psiquiatria de Campinas  - Telefone: (19) 3234-6577

Marília

 Programa de Transtornos Alimentares da Famema/Faculdade de Medicina de Marília - Telefone: (14) 421-1744 Fax: (14) 423-594

Ribeirão Preto

 Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP - Telefones: (016) 602-2559 ou 602-2327

 Bahia

 Irismar Reis de Oliveira - Professor titular de psiquiatria da UFBA - Telefone: (71) 351-5296.

 Ceará

 CETRATA - Centro de Estudos e Tratamento em Transtornos Alimentares - do Hospital das Clínicas da UFC - Telefone: 288-8149

 NEATA - Núcleo de Estudo e Atendimento aos Transtornos Alimentares - do Hospital de Saúde Mental de Messejana, Fortaleza -  Telefone: 488-5880

 Goiás

 Centro de Estudos, Pesquisa e Prática e Prática Psicológica da UCG - Telefone: (62) 227-1198

 Minas Gerais

 G.O.T.A - Grupo Interdisciplinar de Obesidade e Transtornos Alimentares - do Hospital SOCOR - Telefone: (31) 3330-3182

 Paraná

 Ambulatórios de Transtornos Alimentares da Clínica de Psicologia Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde - Universidade Tuiuti do Paraná -Telefones: 331-7845 ou 331-7846

 Rio Grande do Sul

 GEATA - Grupo de estudo e assistência em Transtornos Alimentares - Telefones: (51)3331-7208 / 3333-2540

Oct 14, 2013

...Terapia pela Arte (link e livro) Não posso culpar a chuva...


Mais um post do blogue Salpicos que destaco aqui. Este é sobre a terapia pela arteAlain de Botton é o autor do site e também co-autor com John Armstrong  de livro com o mesmo nome.

Por exemplo, o "Não posso culpar a chuva"
http://100087-adb-art-as-therapy-app.twotwentyseven.com/#free-time/i-cant-bear-the-rain
 
 
imagem: David Hockney,  Portrait of an Artist (Pool with two figures), 1972

Mar 4, 2013

...Anorexia e funcionamento dos rins (artigo científico de investigadores portugueses em British Medical Journal (2013)

Foi publicado recentemente (17 de Janeiro 2013) um artigo de investigadores portugueses na revista científica BMJ British Medical Journal  (que pode ser lido aqui). Transcrevemos a tradução adaptada do resumo e pedimos desculpa aos Autores se não somos completamente fiéis que pode ser lido em inglês aqui.
 
Título: Anorexia nervosa e diálise: não temos tempo quando o corpo está tão danificado!
Autores: 1. Eva Osório,2. Isabel Milheiro,3. Isabel Brandão,4. António Roma Torres
1. Departamento de Psiquiatria, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto, Portugal
1. Correspondência para o Dr. Eva Osório, eva.agape @ gmail.com
BMJ Case Reports2013; doi:10.1136/bcr-2012-007294
RESUMO
 
"Anorexia nervosa é díficil de tratar  e difícil de prevenir. Cerca de 5% dos indivíduos afectados morrem desta doença e 20% desenvolvem um transtorno alimentar crónico. A anorexia nervosa pode associar-se a várias complicações médicas de gravidade variável, incluindo a disfunção do sistema renal (rins). Embora existam alguns relatos de insuficiência renal em pacientes com anorexia nervosa, poucos são os relatos sobre pacientes que necessitaram de diálise de manutenção. Relatamos um caso de um paciente com  anorexia nervosa-compulsão alimentar/tipo purgativo persistentes e não tratadas durante muito tempo. Esse paciente iniciou   o tratamento psiquiátrico, quando estava numa situação de risco de vida (insuficiência renal com necessidade de diálise), com insucesso na recuperação de peso enquanto em diálise e que faleceu de septicemia. São descritos os mecanismos que parecem ter estado envolvidos no desenvolvimento da fase final da doença renal no paciente e os lutas associadas ao seu tratamento. Os pacientes com anorexia nervosa devem ser cuidadosamente acompanhados para descobrir as manifestações subtis de insuficiência renal."

Jan 12, 2013

...'fome' ou vários tipos de 'fome'?

Como já aqui escrevi várias vezes, com base na minha experiência, as doenças de distúrbio alimentar ou transtorno alimentar (TA) estão associadas à alimentação, mas o problema essencial não está no prato…são doenças mentais. Claro que para recuperar é necessário retomar uma alimentação saudável, claro que muitos dos sintomas passam pela alimentação (abandonar as práticas de não comer ou comer compulsivamente), mas insisto, o problema não está no prato.
Muitas vezes se pergunta: alguém doente com anorexia tem fome? A resposta pode ser sim ou não. Pode ter fome - eu acho que tem sempre - só que algures no cérebro são enviadas mensagens para ‘controlar’ essa fome. Por outro lado, e isto é frequente no período de recuperação, recomeçar a comer normalmente pode gerar nos primeiros tempos dores de estômago (ou mesmo uma sensação de que o corpo ‘não quer comer’). Por isso se alguém em recuperação vos disser ‘se comer dói-me a barriga’ pode não ser ‘fita’. Contudo, no caso da anorexia sem comer mais, sem ganhar um peso mínimo recomendado, a recuperação é impossível.
E será que há uma ‘fome’ ou várias fomes?
Não me estou a referir à fome enquanto flagelo mundial: 925 milhões de pessoas no mundo não comem o suficiente para serem consideradas saudáveis. Isso significa que uma em cada sete pessoas no planeta vai para a cama com fome todas as noites. (Fonte: FAO, 2012). Mais informação aqui: https://www.fao.org.br/oqvpssf2012.asp
Estou a referir-me à ‘fome’ sentida por quem sofre de um Transtorno Alimentar. No blogue recoveringanorexic a autora identifica 5  tipos de fome pois acha que a podem ajudar a combater a doença. No essencial concordo com essas categorias. O post original com a definição de cada um dos tipos de fome pode ser lido aqui.
Fome normal ou média
 
Fome intensa com impulsos e desejos
Fome extrema, com queda de açúcar no sangue
Fome emocional
Desejo compulsão / fome falsa
 
 

Dec 5, 2012

...Descodificação da Anorexia (Decoding Anorexia de Carrie Arnold)





 
Podemos 'espreitar' este livro da Carrie Arnold acabado de publicar aqui ou fazendo clique na imagem da capa acima. Da apresentação do livro da Amazon retiramos:(cito)
 



"Decodificação da Anorexia (Decoding Anorexia)  é o primeiro e único livro que explica a anorexia nervosa na perspectiva da biologia. As descrições claras relativas à genética e à neurociência  são acompanhadas de descrições na primeira pessoa e testemunhos pessoais sobre o significado das diferenças biológicas para os doentes. A autora, Carrie Arnold, é uma cientista experiente, uma escritora científica, e sofreu de anorexia. Carrie dialoga com médicos, investigadores, pais e outros familiars e com os doentes sobre os factores que tornam as pessoas vulneráveis à anorexia.  Carrie fala também da neuroquimica por detrás da restrição alimentar, e de como é difícil abandonar a anorexia. A autora trata ainda de :
-Como o ambiente envolvente é ainda importante e afecta os comportamentos,
-As características das pessoas com risco mais elevado de desenvolverem anorexia
-Porque é que as pessoas com anorexia consideram a fome “recompensadora”
-Porque é que a negação da doença é tão característica e como é que os doentes a podem superar
Carrie ainclui ainda entrevistas com figuras ligadas à doença que explicam o trabalho desenvolvido e como contribui para compreender a anorexia.
Durante muito tempo pensada como uma doença psicosocial de adolescentes (*), este livro altera a forma como a anorexia é compreendida e tratada e dá aos doentes, aos médicos e especialista  que os acompanham e às famílias factores de esperança."

(*) Nota de esqueciaana: Testemunho de T. recebido como comentário e que transcrevo: 
" E as pessoas não imaginam o quanto gostariamos que isto fosse apenas uma "doença/fase da adolescência"... Teria por certo um fim prometedor...
mas o maior problema (do que tenho pensado) da anorexia é que depois de algum tempo em tratamento: anos, muitos anos! é que quando começamos a comer vemos que o mais difícil de tratar não é recompor os valores do corpo nem sequer é comer adequadamente... o que tudo isto esconde é que é verdadeiramente dificil de pensar e resolver...
Hoje digo QUEM ME DERA QUE CURAR UMA ANOREXIA FOSSE COMER E TER UM IMC 18,5! Os medos profundos, a tristeza, a raiva, a revolta, a extrema necessidade de afecto, de nos sentirmos amadas... tanta coisa tão mais dificil de resolver que um dia abafámos por trás de um medo imenso da balança, de comer isto ou aquilo, de controlar medidas, calorias, refeições...
Quem dera que a anorexia fosse um capricho de miuda mimada..."


Nov 27, 2012

...AFAAB (reunião dia 30 Novembro, Porto)

Recebi esta informação da AFAAB que como habitualmente divulgo.
Recebi também a informação que a AFAAB irá ter
página no FACEBOOK, logo que conheça o endereço informo aqui.

Nov 23, 2012

... "Conselhos de uma filha" (T.) e 10 "Dicas de um pai" (actualizado em 25.11.2012)

 
Antes das '10 dicas', junto um comentário que recebi da T. e que vale mais que qualquer lista de dicas publicada algures.
 
  • Quando tiver dúvidas em como lidar com uma situação, pergunte ao médico...
  • Não culpe a sua filha pela tristeza ou mesmo depressão, sua ou de outro membro da família.
  • Não faça de conta que não viu ou não percebeu só para não ter de confrontar-se com ela.
  • LEMBRE-SE que apesar de ser a mesma doença, não faça a mesmas coisas que viu um amigo seu fazer à filha...cada doente tem as suas particularidades (*) e o que a umas pode ajudar, a outras pode ser altamente prejudicial.
(*)[ ver por exemplo no esqueciaana cada caso é um caso artigo científico]
 
Seguem 10 conselhos gerais de um pai com experiência de terapia familiar e de apoio familiar que lidou durante anos com uma filha com anorexia nervosa. (Fonte Suzanne Abraham 2010, pág. 173 mais informação sobre o livro aqui) (nota do esqueciaana: eu resumiria as 10 dicas numa palavra: amor)
 
"1. Lute contra a doença, não contra a pessoa.
 2. Não se acuse a si próprio de causar a doença.
 3. Procure ajuda profissional o mais rapidamente possível.
 4. Tente normalizar a vida familiar.
 5. Informe-se sobre a doença.
 6. Dê amor e apoio incondicionais.
 7. Tente não ser muito reservado a respeito da doença.
 8. Tente manter o seu sentido de humor.
 9. Actue com respeito pela pessoa doente.
10. Seja firme quando necessário. "
 
 
Desenho de Andrea Joseph em  flickr creative commom (aqui;http://www.flickr.com/people/andreajoseph/)
Fotografia de Carl Sagan com o filho Nick (fonte blogue do filho aqui)

Nov 20, 2012

...LABIRINTO (5 promessas e 5 realidades) fonte: Suzanne Abraham p.170-171

O texto foi escrito por Stephanie que sofria de Anorexia Nervosa e a nutricionista/psicóloga pediu-lhe para comparar as PROMESSAS que a doença lhe fizera com o que REALMENTE sucedera.

" O LABIRINTO

1.
PROMESSA: ordem e satisfação na minha vida.
REALIDADE:desapontamento e depressão.

2.
PROMESSA:disciplina e controlo.
REALIDADE: confusão e incerteza.

3.
PROMESSA:popularidade e sociabilidade.
REALIDADE:isolamento e solidão.

4.
PROMESSA:respeito e admiração.
REALIDADE:pena.

5.
PROMESSA:perfeição em todas as áreas da vida.
REALIDADE: auto-destruição física e mental. " (*)

Já antes no esqueciaana tinhamos referido o livro (aqui) de onde foi retirado este 'labirinto', um testemunho importante.
(*) Fonte: Distúrbios Alimentares de Suzanne Abraham, ed. Texto 2010, páginas 170-171.
Tradução da 6ª edição de Eating Disorders, The Facts  da Oxford University Press (aqui na amazon podem ser consultadas algumas páginas)


Oct 9, 2012

... site "Feliz Mente" informa jovens sobre problemas de saúde mental (inaugurado hoje 9.10.2012)

 
 

"Feliz Mente" informa jovens sobre problemas de saúde mental

Sítio na internet é lançado terça-feira em Coimbra

Um sítio na internet no qual adolescentes e jovens podem informar-se sobre problemas como depressão, stress e ansiedade ou perturbações alimentares fica disponível na terça-feira, por iniciativa da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).
Intitulado “Feliz Mente”, o sítio é uma ferramenta desenvolvida na instituição no âmbito do projeto “Educação e sensibilização para a Saúde Mental: um programa de intervenção escolar para adolescentes e jovens”.
 
Trata-se de “um modo rápido de encontrar informação sobre saúde e problemas ou perturbações mentais, destinando-se a adolescentes e jovens que procuram esclarecer-se acerca dos problemas de saúde mental mais comuns”, segundo o professor da ESEnfC Luís Loureiro.
 
“Não faz diagnóstico em saúde mental, mas ensina estratégias de ação para a primeira ajuda, caso o problema se esteja a passar com o próprio adolescente ou com um amigo”, adiantou o coordenador científico do projeto.
 
Depressão, esquizofrenia, abuso de álcool, stress e ansiedade e perturbações alimentares são as perturbações explicadas no “Feliz Mente”, que é apresentado publicamente na terça-feira, por ocasião da abertura solene das aulas na ESEnfC.
Os adolescentes e jovens podem tirar dúvidas, mantendo o anonimato e confidencialidade, adiantou aquele docente, referindo que a maioria não procura ajuda por timidez, receio ou devido ao estigma associado às doenças mentais, entre outros motivos.
 
O sítio, que "não deve ser percebido como substituto de uma consulta com o médico ou outro profissional de saúde", encontra-se em http://felizmente.esenfc.pt/felizmente/
8 de outubro de 2012
@Lusa
Fonte: sapo
 
Fonte das imagens: http://felizmente.esenfc.pt/felizmente/

Aug 20, 2012

...sentir-se 'um todo' (artigo científico)


O artigo pode ser lido na totalidade (aqui em pdf) e apresenta os resultados de um estudo que apesar de realizado numa escala pequena pode ser importante para o aperfeiçoamento das terapias associadas à anorexia. Destaco o aspecto de sentir-se 'como um todo' sem dicotomias sem 'vozes más' a perturbar o comportamento.


Das entrevistas efetuadas o processo de mudança (para a recuperação) foi influenciado pela tomada de consciência dos efeitos da anorexia. Citando: Na consciência das consequências e do contributo para o processo de mudança muitas mulheres referiram as perdas resultantas da anorexia como as perdas na vida académica e na amizade. Outras aperceberam-se de que a anorexia as impediu de alcançar determinados objetivos como começar ou terminar estudos universitários, casar ou ter filhos. Ter a consciência das consequências negativas da anorexia fizeram com que as mulheres concluissem que estariam melhor sem a anorexia. Muitas falaram em ser 'alimentadas pela anorexia' ou 'doentes de anorexia'.

Becoming ‘Whole’ Again: A Qualitative Study of
Women’s Views of Recovering From Anorexia Nervosa
European Eating Disorders Review, Volume 20, Issue 1, Article first published online: 10 MAR 2011
Jana Jenkins1y & Jane Ogden2*,z1Talking Therapies (IAPT), Berkshire Healthcare Foundation NHS Trust, UK2Department of Psychology, University of Surrey, UK,
RESUMO
"A investigação explora como as mulheres interpretam a recuperação da Anorexia Nervosa (AN) . Foram efectuadas quinze entrevistas semi-estruturadas a mulheres diagnosticadas com AN e que se auto-classificavam como estando recuperadas ou em recuperação. Os dados foram analisados pela metodologia  interpretative phenomenological analysis (IPA). As mulheres da amostra definiam as respectivas experiências em três áreas genéricas: ser anorexica; o processo de mudança (*) e estar recuperada. Para além destes temas existiam uma série de dicotomias envolvendo a divisão entre corpo e mente, o comportamento da anorexia e o conhecimento dos aspectos racionais e irracionais da doença. Para além disso indicaram que a recuperação reflete o tempo em que as diferentes components internas DEIXAM DE ESTAR DIVIDIDAS (maíusculas de esqueciaana) e isso foi geralmente facilitado através de terapia e de interacções que lhes permitiram encontrar formas de manifestar o desagrado sem ser pelo corpo. A terapia deverá portanto facilitar o sentido de tornar-se novamente ‘um todo’.
(*) Cinco aspetos são referidos e exemplificados com os testemunhos das mulheres inquiridas: (1) tratamento/recuperação um processo difícil(2) limitações da terapia (3) ajuda recebida da trerapia e das interrelações (4) gerir as emoções e (5) ter consciência das consequências