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Apr 22, 2019

"A anorexia era uma entidade à parte de mim..." Teresa Procopiak


Ler entrevista (aqui)
A autora do livro " Do outro lado do espelho" recentement publicado deu uma entrevista na TV num programa da tarde.


Dec 1, 2017

Quem quer participar? (2 convites)

Recebi recentemente dois contactos de uma estudante de enfermagem e de outra de jornalismo. Se quiserem participar enviem email para esqueciaana@gmail.com


Uma estudante de enfermagem contactou-me para " pessoas que tenham conseguido vencer a anorexia/bulimia ao serviço para poder falar com as doentes, no sentido de as ajudar de alguma forma." (recebido em 12.11.2017)

Uma estudante de jornalismo contactou-me no sentido de sugerir pessoas que quisessem participar em "reportagem de audio sobre distúrbios alimentares e o respectivo impacto na vida de quem passa ou já passou por isso".(recebido em 17.11.2017)

May 30, 2015

um caso de anorexia



Regularmente surgem notícias de casos de anorexia. Este, the uma actriz californiana é um deles. Como estes muitos milhares que continuam diariamente a matar.

Jul 26, 2014

aprende-se a andar na corda bamba



Não precisamos ser 'bicho de mato' sempre. Principalmente não gostamos que nos padronizem, nos formatem, etc. Somos quem somos em cada momento. Quem gosta de nós percebe isso. Ou tem que perceber.
 
Altos, baixos, assim-assim o nosso estado de espírito varia (nuns varia com mais frequência que noutros). E daí? Ah! parece que há um rótulo para tal comportamento, 'labilidade de humor' (cito de memória se calhar a palavra nem existe). Outra forma de dizer talvez instabilidade.
 
Mas pergunto: como podemos ser estáveis e VIVER ao mesmo tempo? Não, isto não é um elogio à instabilidade (ou desequilíbrio) é apenas um testemunho de quem sabe o que é a instabilidade e consegue ir avançando sem tonturas.
 
Aprende-se a andar na corda bamba, a sério.
 
esqueciaana
ex-ana
 
 

Jun 26, 2014

"Agora existo. Agora sou eu!…" (Testemunho)


(nota do esqueciaana em 26.06.2014: transcrevo com o coração a transbordar de alegria um comentário que acabei de ler recebido da . Os bolds são de esqueciaana. Um testemunho de que SIM!  é possível ficarmos LIVRES. Parabéns! Obrigada pelo teu testemunho! Obrigada pelas tuas (sábias, de experiência feitas...) palavras.
 
"Minha querida, é sempre bom voltar aqui… agora com uma presença diferente na vida.
 
Agora existo. Agora sou eu!…
 
Como tu sabes e acompanhaste, vivi muitos anos agarrada à doença mas também fui amiga de uma rapariga a quem detectei anorexia (já nessa altura eu mentia sobre mim)..
 
Todas estas dicas [refere-se ao post como ajudar uma amiga] são muito úteis para quem pouco sabe mas é preciso percebermos quem temos à frente e fazer uma triagem das características patológicas que ela apresenta e uma triagem nas nossas palavras para lhe chegar… quantas vezes eu deixei de falar com amigos por terem sido muito invasivos ou por me sentir atacada em vez de ajudada… é preciso assertividade mas deixar de lado os chavões… é preciso ser firme e dizer que estamos ali para ajudar a pessoa, não a doença.
 
Enquanto amigo é preciso não se iludir que vai salvar a doente… aconteceu-me ao longo de 10 anos de fase aguda, algumas pessoas aproximarem-se e quererem salvar-me… isso acabou com a possibilidade de continuarmos uma grande amizade… porque havendo a ilusão que aqui alguém salva alguém, acaba-se na desilusão de isso não acontecer… a maioria dessas pessoas acabou a cobrar-me uma força que eu não tinha sempre com frases do género "eu só acredito quando vir" "tu não queres sair disto" ou ainda "tu vais morrer"… isto claro, acompando a grande mágoa e frustração por me verem voltar a cair depois de tentativas de sair do fundo… Estas coisas pesaram-me em vez de ajudar… fizeram-me sentir que toda a gente que se aproximava iria sair triste e desiludida de ao pé de mim… a depressão em que estava generalizava os casos: de algumas pessoas, passei a julgar que qualquer pessoa no mundo que se aproximasse de mim, sairia magoado.
 
Fosse por este ou por outro motivo qualquer… E demorou até conseguir aproximar-me de outra pessoa… sempre com muitas reservas e com muitas máscaras…
 
E quando finalmente dei a volta tive de o fazer praticamente sozinha. Eu e a minha psicologa que me ia ouvindo… aluguei uma casa, trabalhei todos os dias para pagar as contas. Foi esse compromisso que me prendeu à vida e me libertou da doença… =)
 
Mas a solidão a que me obriguei foi só o meu método… aconselho sempre a que o façam rodeados, a partilhar jantares e pasteis de nata! A vida faz sentido partilhada… e é à procura dessa partilha que devemos esforçar-nos para sair da doença.grande beijinho minha querida! "
 

Apr 8, 2014

Feb 22, 2014

...como ajudar uma amiga

(nota de esqueciaana: já antes tinha publicado este post, uma leitora do blogue pediu-me para o divulgar outra vez)
Sei por experiência própria como 'os outros' podem ser muito importantes no tratamento e recuperação. Não quaisquer 'outros' mas sim quem, mesmo que não entenda completamente nem sequer parcialmente a doença, nos faz ter novos olhares para a vida. Quem construa as pontes entre o nosso mundo interior de sofrimento e a vida lá fora onde podemos descobrir a alegria.

Os sites informativos e de apoio a familiares e amigos sobre a anorexia e bulímia (ver links do lado direito) por vezes fornecem indicações específicas para grupos dos que são próximos do doente, tais como a familia e em particular os pais, os professores e ...AS AMIGAS (cito adaptando: "Caso suspeite ou tenha a certeza de que uma amiga sua tem problemas relacionados coma a alimentação..."). Pergunto eu: e OS AMIGOS? e O NAMORADO? Os rapazes e homens são não apenas uma minoria dos doentes anorécticos e bulímicos (pelo menos no que é estatisticamente conhecido), ELES também parecem estar um tanto à margem na informação sobre os OUTROS que podem ajudar.
 
No entanto, encontramos em vários testemunhos a importância do NAMORADO, do NOIVO, do MARIDO na procura de cura e recuperação da doença de TA. Sendo a partilha mútua nas relações amorosas mais intensa que noutras, não é de admirar que nelas seja possivel ultrapassar dificuldades em expressar sentimentos por parte de quem está doente, e que por isso sejam os namorados quem, ainda antes de pais, irmãos, amigas ou amigos se apercebem que alguma coisa não está bem. Não encontrei ainda no entanto nenhum texto que 'explique' e dê o devido destque a importância dos NAMORADOS (os príncipes! alguns que precisam ter uma coragem extrema!) .
 
Voltando às AMIGAS (supondo que quem sofre de AN é uma rapariga) existem algumas recomendações que abaixo alinho comentando. E o meu primeiro comentário é que não existindo receitas para a amizade, o que a seguir se escreve são apenas algumas indicações que em média se ajustam a cada caso concreto.
 
COMO PODES AJUDAR A TUA AMIGA?
 
(texto adaptado do original aqui e aqui)
 
+ A tua amiga é inteligente, informada, determinada...mas é característica da doença negá-la e recusar opiniões dos outros (mesmo das amigas) sobre o seu problema (que geralmente não identifica como tal). São raros os casos em que a doente resolve tratar-se por iniciativa própria. Como amiga dela procura em conjunto com outros que lhe são próximos que ela tome consciência do problema e comece a tratar-se com especialistas adequados. Não fiques frustrada com a tua (muitas vezes aparente) impotência para alterar a situação. Ela também se sente possivelmente muitas vezes impotente para se mudar. Não fiques zangada se muitas vezes ela 'te deixar a falar sozinha'.
 
+ A tua amiga pode estar está em risco de vida.A anorexia alimentar e os transtornos alimentares (TA) são doenças graves. Procura que contacte uma equipa especializada. Ajuda-a a dar o primeiro passo para o tratamento. Procura informar-te mais sobre a doença e encontrar os serviços de apoio a familiares e amigos e os serviços médicos públicos ou privados a que ela poderá recorrer na tua região. Mas atenção, por muito que julgues saber sobre a doença, lembra-te que apenas os profissionais poderão fazer um correcto diagnóstico e traçar caminhos para o tratamento e cura.
 
+ Evita centrar todas as conversas com ela na comida ou na aparência física. Comentários mais ou menos irónicos como 'qualquer dias desapareces', 'és só pele e osso', 'andas com dietas malucas' ou até elogiosos ' estás com um corpo fantástico! quem me dera vestir o 36 como tu'. Ou mesmo de incentivo a ganhar peso ' estás mais gordinha e fica-te bem' (pessoalmente tenho a impressão que se este último comentário vier de um amigo não será muito negativo, mas estamos a falar de amigas).Não te esqueças que a tua amiga tem parte da vida focada na aparência física (tentando dizer com o corpo o que ninguém é capaz de escutar) e nas calorias por isso, não lances mais fogo para essa fogueira. Fala com ela sobre arte, música, estudos, trabalho, viagens, projectos futuros.
 
+ Faz a tua amiga sentir (não por palavras de preferência) que ela tens excelentes qualidades e que ninguém é perfeito. Mostra-lhe a tua amizade por actos. Lembra-lhe que todos cometemos erros. E que a errar se aprende. Abre-lhe também o teu coração. É dos livros que quem sofre de TA mente sobre o comportamento e por vezes mente também compulsivamente (é uma componente da doença e como tal deve ser compreendida). Mas a identificação por ti de uma inverdade pode ser positivo. E mostrar que de quem gostamos esperamos sinceridade, não falsidade.
 
+ Procura que ela saia. Há muitas formas de sair. Sair da casca por exemplo ;) Conviver com outras pessoas diferentes. Pessoas com projectos, ideias, imaginação. Pessoas abertas a outras pessoas. Por vezes com a mesma idade as pessoas apresentam maturidades muito diferentes. E não raro quem sofre de TA tem níveis de maturidade e culturais acima da média. Muito possivelmente a tua amiga questiona-se e questiona os outros e o sentido da vida. Por isso ambientes em que dominem pessoas fúteis e vazias podem ser agressivos para ela. Mas cada um de nós é uma caixinha de surpresas. As possibilidades de convívio hoje em dia são imensas. procura que ela retome a alegria e sociabilidade que tinha antes da doença, mas sem pressas, sem forçar. A doença por vezes vai-se instalando de-va-ga-ri-nho e não é do dia para a noite que desaparece.
 
+ O que ela deve ou não comer deve ser recomendado pelos especialistas em nutrição e/ou endocrinologista. Se estiveres com ela durante as refeições principais, festas ou outras situações que envolvam comida procura comportar-te normalmente. Não adoptes uma posição de vigilância ou controlo sobre o que ela come ou de recomendações do tipo 'lá estás com a mania das calorias, não sejas parva vá lá come a bolacha', etc.
 
+ NÃO DESISTAS. O teu apoio pode não dar de imediato resultado. Tens que ter paciência se a tua amiga depois de parecer estar a recuparar tiver uma recaída. Não desistas da tua amiga, mantém o teu apoio mesmo durante uma recaída, evita comentários do tipo 'és uma fraca desisto'.´A tua amiga se tiver uma recaída já se sente suficientemente mal sem esses comentários 'amigos (por vezes pretendem ser para mostrar a dura realidade').Se ela for internada e os médicos não virem inconveniente e perceberes (as amigas verdadeiras percebem os sins mesmo quando ouvem não e vice versa) que ela o quer visita-a.
 
+ Se o conhecimento que com ela tiveres for principalmente ou exclusivamente virtual procura que ela reforce os laços com o MUNDO REAL. Os ombros virtuais não passam disso...virtuais. Nada substituí os ombros REAIS. para além disso estando a tua amiga psicologicamente fragilizada pode ser alvo de comportamento predatórios no mundo real e na internet.
 
+ Na Internet circula muita informação errada, nuns casos inconscientemente noutros, mais graves, conscientemente e criminosamente errada. Medicamentos, práticas e dietas que pululam na internet nos sites pro-ana e pro-mia e também noutros sites orientados comercialmente são muito perigosos. Dicas de emagrecimento que são fornecidas, por vezes sob capa de fundamentos científicos são autênticas 'receitas de morte'.
 
+ Lembra-te SEMPRE: A TUA AMIGA NÃO TEM CULPA. DEIXAR DE COMER NÃO É A DOENÇA, É O SINTOMA.
Procura ajuda para a tua amiga. Alguns contactos AQUI.
Foto f
Comentários recebidos a mensagem identica antes publicada no esqueciaana:

foreveryoung disse...
Qerida "esqeci-a-ana"...
Antes de mais qero voltar a agradecer pela maneira como te tens exprimido comigo porqe nota-se mesmo qe já passaste por isto tudo e és perfeitamente consciente a falar sem nunca "exigires" de mim coisas exageradas como às vezes me acontece por parte de pessoas qe desconhecem o problema em si! Quanto ao qe escreveste tens toda a razão..a fluoxetina tira-me o apetite e altera o meu humor (às vezes..ultimamente mais!)..mas a verdade é qe fico mesmo sem fome nenhuma e se o esforço por comer é grande já quando temos fome (contraditório?) então quando não temos aínda mais complicado é. Suponho qe me estejas a perceber. Mas ao mesmo tempo não qero de maneira nenhuma dizer isto ao psiquiatra porqe vou ser sincera..tenho medo qe ele me recomende tomar algo para abrir o apetite. Isso aterroriza me! Beijinho enorme, parabéns pelo post, até o patrocinei no meu blog :) ehehe
ex ana disse...
Eu já passei não direi por tudo, mas por algumas coisas parecidas.
Se o teu fim de semana foi inesquecível o que achas de ter a seguir uma semana igualmente BOA e inesquecível?
p.s.- Agradeço muito o 'patrocínio'. Não queres juntar sugestões? Prometo fazer uma actualização do post e prestar devida atribuição (ou não) como preferires. 30 de Novembro de 2009 20:41
aqui

Fotografia de flick cc aqui

Nov 13, 2013

...testemunho de anorexia (livro de BD de Katie Green )

 
Acaba de ser publicado um livro de BD, Lighter than my shadow que constitui um testemunho da sua autora (Katie Green) em relação à sua experiência de anorexia. A autora possui um blogue com várias ilustrações e testemunhos e algumas páginas do livro podem ser lidas on line.
 
A ilustração abaixo representa o estado de espírito após ter assinado o contrato com a editora.
 
 

(clique na imagem para ampliar)

Nov 6, 2013

... likes, instagram e anorexia (testemunho de Amanda Melito)


 


Quantos likes essa anorexia merece? Duas garotas lindas e inteligentes definham enquanto seus seguidores elogiam sua magreza. Esta semana, uma morreu. Amanda Melito, que acordou a tempo, conta sua história.

Postado em 23 ago 2013por :  no diário do Centro do Mundo (Brasil)
 
Na última terça-feira, dia 20, uma jovem gaúcha com milhares de fãs nas redes sociais, autora de comentários espirituosos no Twitter e com centenas de fotos que sublinhavam sua beleza postadas na rede, morreu. Ela atendia pela arroba @megan_foques e chamava-se Daiane Dornelles. Amigos e conhecidos apontam como causa da morte complicações de uma disfunção alimentar que pouco a pouco alcança níveis epidêmicos: a anorexia nervosa.
Outra tuiteira de sucesso, @amandamelito (ela já se apresentou como @cherguevara, mas desistiu do trocadilho), resolveu não calar. Elas não se conheciam. Mas Amanda experimentou o inferno do qual Daiane não foi resgatada. A pedido do Diário, ela escreveu um depoimento.
Bons tempos em que pegar o jornal sobre o capacho consistia na primeira fonte de informação do dia. Hoje, nossas manhãs se transformaram num ritual em que nos inteiramos da vida alheia: em que restaurante as pessoas andam comendo, em que balada cara entram no cheque especial, em que “look” as gatas andam se oferecendo. E nos mostrando, claro. Gastamos os primeiros minutos do dia apegados ao que muitos pregamos ser irrelevante: a incessável busca da aprovação da nossa audiência particular. Eu falei “primeiros minutos do dia”? Começa cedo e vai o dia inteiro, a gente sabe bem.
Vemos pessoas comuns exibindo suas silhuetas e assumindo notoriedade suficiente para se tornarem padrões de beleza entre seus fãs. É curioso, mas acompanhamos famosos nos seus dias de anônimos – e anônimos se transformando celebridades. Participamos da rotina das celebridades e dos momentos de glória dos aspirantes. “Podemos ser um deles” – será que é isso que secretamente pensamos?
Até meus 14 anos, mesmo estando naquela fase conturbada de pré-adolescência, nunca tive muita preocupação com a minha aparência. Na época, já tinha a altura que permanece intacta até hoje: 1,58 m. Meu peso era compatível com a minha estatura, e oscilava entre 48kg – 50kg. Era vaidosa, lógico, adorava me embonecar, mas satisfeita com o meu físico. Minha família se encaixava perfeitamente no modelo de lar ideal: pais com um casamento estável, patriarca com carreira em ascensão, filhos saudáveis e domáveis.
Mas, subitamente, as coisas começaram a degringolar. Meus pais tiveram problemas conjugais e eu, caçula, senti aquela redoma, até então blindada, espatifar. Desolada, consumida por uma tristeza profunda, aos poucos fui parando de comer. Não tinha nenhuma meta, fora a inconsciente de desviar a atenção do divórcio iminente deles. Comecei a emagrecer exponencialmente e consegui “reter” o olhar da minha família. E, pouco a pouco, passei a sustentar um objetivo palpável. Esquálida, pesando 38kg, me olhava no espelho e me via enorme. Usava roupas largas e ainda assim me queixava que elas acentuavam meu “sobrepeso”.
Já havia iniciado um tratamento psiquiátrico, mas mesmo assim não respondia as investidas médicas. Até que um dia, no banho, consegui por uma fração de segundo me enxergar. Entrei em pânico e resolvi voltar a comer. Passei muito mal no começo, meu organismo não aceitava quase nada do que eu ingeria. Mas gradativamente fui me recuperando, e consegui me manter estável pelos próximos 10 anos.
De 1997 pra cá, tive duas recaídas: a primeira foi em 2008, quando já morava sozinha. Voltei a pesar 38kg, precisei ser afastada do trabalho, mas consegui reagir e reverter o quadro relativamente rápido. A segunda, e mais violenta, começou em 2011.
Em ambas reincidências, eu havia sofrido um desgaste emocional pesado, estava com o coração em frangalhos. Veja, não estou atribuindo a responsabilidade de ter adoecido a nada e a ninguém. Não existem culpados. Existem situações e condições que te deixam mais vulnerável. Em menos de 1 ano, perdi 20% do meu peso – uma porcentagem expressiva para quem tem a minha altura.
Minha família, meus amigos, meu namorado, meus colegas de trabalho se mobilizaram para me ajudar, mas eu negava e era extremamente ríspida com quem se aproximava de mim para oferecer auxílio. Eu tentava os confortar dizendo que estava tudo bem, porque realmente achava que estava.
E esse é o grande perigo da anorexia nervosa, a única doença de ordem psiquiátrica que pode levar à morte: ela age de forma silenciosa; você não tem sintomas concretos que te alertam que algo está errado.
E aqui entra a parte sinistra da coisa. A coisa que, suspeito, matou a bela Daiane. Mesmo que apresentasse todos os sintomas, eu contava com o apoio de seguidores no Instagram que alimentavam (sem ironia) o resultado da minha privação.
Nunca fiz apologia à doença, até porque demorei muito para admitir que tinha um distúrbio, mas continuava publicando minhas famigeradas fotos de elevador. E, mesmo em um estado deplorável, recebia elogios que me davam forças para continuar enfraquecendo.
Bem, fui novamente afastada do trabalho e submetida a um tratamento intensivo, com respaldo semanal de nutricionista, psicólogo e psiquiatra. Dessa vez, a doença estava tão arraigada em mim que meu quadro apresentava sérios riscos clínicos. Pesando 30kg e correndo risco de morte, fui internada involuntariamente em 31 de agosto de 2012 no Ecal – Enfermaria de Comportamento Alimentar – centro do Hospital das Clínicas especializado em transtornos alimentares. Por 3 meses, convivi com meninas que tinham problemas de distorção de imagem, cada qual com sua peculiaridade.
Quantas noites chorando baixinho e pedindo paciência. Quantos sonos interrompidos por pesadelos. Quantas manhãs letárgicas experimentando os olhares mais tristes que eu já tive. Até que tudo que estava descarrilado foi entrando nos eixos. Quase um ano se passou, e me mantenho forte. Passei a canalizar toda a obstinação que era usada em prol de um biotipo que eu julgava ideal para a manutenção da minha saúde.
Graças a essa intervenção, aprendi a comer. Aprendi a encarar como um elogio a beleza “exótica” que me endereçavam e até a me orgulhar das pernocas grossas que eu sempre tive.
A máxima de qualquer tratamento deste tipo: um dia de cada vez.  Nunca estaremos livres. Eu tive ajuda. Outras garotas não têm.
O que elas têm são centenas, milhares de polegares estendidos positivamente em sua direção dizendo apenas umas coisa: continua assim. Você está linda.
O instagram da Daiane: http://instagram.com/daidornelles
 

Oct 21, 2013

programa de Ana Maria Braga (Globo Brasil) e anorexia . Procure Ajuda!


 
O programa de Ana Maria Braga da Globo Brasil apresenta alguns vídeos de testemunhos da anorexia assim como são indicados alguns sites no Brasil que apoiam os doentes. Apresento os títulos e os links abaixo e no final a lista dos locais de apoio listados na página da Globo.

A autora do programa:
http://globotv.globo.com/rede-globo/mais-voce/v/ana-maria-conta-os-dados-alarmantes-da-anorexia-nervosa-que-mata-em-15-dos-casos/2891561/

Deborah Evelyn relembra anorexia na adolescência foi uma fase muito difícil:
http://globotv.globo.com/rede-globo/mais-voce/v/deborah-evelyn-relembra-anorexia-na-adolescencia-foi-uma-fase-muito-dificil/2891582/

http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/O-programa/noticia/2013/10/deborah-evelyn-relembra-anorexia-na-adolescencia-foi-uma-fase-muito-dificil.HTML



Mulher que sofre de anorexia mostra o rosto e conta como enfrenta a doença



http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/videos/t/programas/v/ana-maria-conta-os-dados-alarmantes-da-anorexia-nervosa-que-mata-em-15-dos-casos/2891561/


http://tvg.globo.com/programas/mais-voce/videos/t/programas/v/especialista-em-transtornos-alimentares-explica-como-comeca-a-anorexia-nervosa/2891586/
Procure ajuda

Em todo o Brasil existem programas que ajudam pessoas que estão passando por este problema, e se você conhece alguém que esteja precisando de amparo, confira a lista de telefones e nomes de instituições que fornecem subsídios a estes casos:
Rio de Janeiro

 Nuttra - Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade - Telefone: (21) 9367-2369

 PUC - Telefone: (21)221-7577

 GOTA - Serviço de Psiconeuroendocrinologia - Telefone: (21)2507-0065

 UFRJ -Telefones: (21) 295-3208 ramal 22 / 295-3499

 Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Diabetes do RJ - Telefone: (21) 295-3796 / 274-8585

 Psiquiatria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro - Telefones.: (21) 9367-2369 / (21) 2221-4986 / (21) 2533-0118

São Paulo - Capital

 GATDA - Grupo de Apoio e Tratamento dos Distúrbios Alimentares - Telefones: (11) 3873-7817

 GENTA - Grupo de Estudos em Nutrição e Transtornos Alimentares - Telefone/Fax: (11) 3672-3869

 AMBULIM - Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares - do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Telefone: (11) 3069-6975

 PROATA - Programa de Orientação e Assistência aos Pacientes com Transtornos Alimentares UNIFESP - Telefone: (11) 5579-1543
Campinas

 Instituto de Psiquiatria de Campinas  - Telefone: (19) 3234-6577

Marília

 Programa de Transtornos Alimentares da Famema/Faculdade de Medicina de Marília - Telefone: (14) 421-1744 Fax: (14) 423-594

Ribeirão Preto

 Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP - Telefones: (016) 602-2559 ou 602-2327

 Bahia

 Irismar Reis de Oliveira - Professor titular de psiquiatria da UFBA - Telefone: (71) 351-5296.

 Ceará

 CETRATA - Centro de Estudos e Tratamento em Transtornos Alimentares - do Hospital das Clínicas da UFC - Telefone: 288-8149

 NEATA - Núcleo de Estudo e Atendimento aos Transtornos Alimentares - do Hospital de Saúde Mental de Messejana, Fortaleza -  Telefone: 488-5880

 Goiás

 Centro de Estudos, Pesquisa e Prática e Prática Psicológica da UCG - Telefone: (62) 227-1198

 Minas Gerais

 G.O.T.A - Grupo Interdisciplinar de Obesidade e Transtornos Alimentares - do Hospital SOCOR - Telefone: (31) 3330-3182

 Paraná

 Ambulatórios de Transtornos Alimentares da Clínica de Psicologia Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde - Universidade Tuiuti do Paraná -Telefones: 331-7845 ou 331-7846

 Rio Grande do Sul

 GEATA - Grupo de estudo e assistência em Transtornos Alimentares - Telefones: (51)3331-7208 / 3333-2540

Mar 4, 2013

...Anorexia e funcionamento dos rins (artigo científico de investigadores portugueses em British Medical Journal (2013)

Foi publicado recentemente (17 de Janeiro 2013) um artigo de investigadores portugueses na revista científica BMJ British Medical Journal  (que pode ser lido aqui). Transcrevemos a tradução adaptada do resumo e pedimos desculpa aos Autores se não somos completamente fiéis que pode ser lido em inglês aqui.
 
Título: Anorexia nervosa e diálise: não temos tempo quando o corpo está tão danificado!
Autores: 1. Eva Osório,2. Isabel Milheiro,3. Isabel Brandão,4. António Roma Torres
1. Departamento de Psiquiatria, Centro Hospitalar de São João, EPE, Porto, Portugal
1. Correspondência para o Dr. Eva Osório, eva.agape @ gmail.com
BMJ Case Reports2013; doi:10.1136/bcr-2012-007294
RESUMO
 
"Anorexia nervosa é díficil de tratar  e difícil de prevenir. Cerca de 5% dos indivíduos afectados morrem desta doença e 20% desenvolvem um transtorno alimentar crónico. A anorexia nervosa pode associar-se a várias complicações médicas de gravidade variável, incluindo a disfunção do sistema renal (rins). Embora existam alguns relatos de insuficiência renal em pacientes com anorexia nervosa, poucos são os relatos sobre pacientes que necessitaram de diálise de manutenção. Relatamos um caso de um paciente com  anorexia nervosa-compulsão alimentar/tipo purgativo persistentes e não tratadas durante muito tempo. Esse paciente iniciou   o tratamento psiquiátrico, quando estava numa situação de risco de vida (insuficiência renal com necessidade de diálise), com insucesso na recuperação de peso enquanto em diálise e que faleceu de septicemia. São descritos os mecanismos que parecem ter estado envolvidos no desenvolvimento da fase final da doença renal no paciente e os lutas associadas ao seu tratamento. Os pacientes com anorexia nervosa devem ser cuidadosamente acompanhados para descobrir as manifestações subtis de insuficiência renal."

Jan 26, 2013

... Tenho anorexia, mas não sou anoréctica (blog Little Steps to Freedom)

(hoje descobri este o blog Little Steps to Freedom e gostei da forma simples, com gosto pela vida como a autora escreve sobre a recuperação . Escreveu: "Uma coisa vos digo já. Tenho anorexia, mas não sou anoréctica." e "Desculpa lá, anorexia, mas começa a fazer as malas e arruma a tralha toda, que não tarda a nada vais embora. De vez!"

 
Transcrevo parte de dois  posts
 
Coisas Ridículas
 
"Isto hoje quase que podia ser coisas ridículas #1, quase em jeito de crónica. Porém, com o andar da carruagem, já estaríamos, por esta altura, no coisas ridículas #1386 (na melhor das hipóteses, a puxar cá para os mínimos). Por isso, mais vale deixar só assim, simples.
Ontem referi que existiam pequenos pormenores que faziam toda a diferença e que me têm deixado orgulhosa. Também já referi, para que não se sintam enganados, que são ridículos. Eu consigo perceber que sim. Aliás, se formos a analisar a cena, toda esta palhaçada é ridícula. Ridícula ao ponto de matar pessoas, mas ridícula. Sempre achei que quem se metia em processos de dependência só podia ser duas coisas - ou parvo ou parvo. Hoje percebo que não. E não é por me ter acontecido a mim, não mesmo. É porque pode acontecer a qualquer um, independentemente do nível de parvoíce. Adiante."
(continuar a ler aqui : http://littlestepstofreedom.blogspot.pt/2013/01/coisas-ridiculas.html)

Resumindo

"Por aí perguntava-se se eu era anoréctica ou também bulímica. Meus amigos, antes de responder, deixem-me ironizar um bocadinho. Deu-me vontade de rir quando li aquele . Só? Como se não fosse suficiente lutar apenas contra uma delas!.. Eu sei que o propósito de quem quer que tenha feito a pergunta - e, agora aproveito para dizer que é uma maravilha ler comentários, mas mais maravilhoso se torna quando estão devidamente identificados - bem, continuando, eu sei que o propósito não era diminuir a dimensão da luta, mas quando li dita frase pela primeira vez foi a primeira coisa que me ocorreu e não deixei de me sentir um bocadinho irritada."

Dec 11, 2012

...Testemunho (T.:"Quem dera que a anorexia fosse um capricho de miuda mimada")

Testemunho de T.
" E as pessoas não imaginam o quanto gostariamos que isto fosse apenas uma "doença/fase da adolescência"... Teria por certo um fim prometedor...
mas o maior problema (do que tenho pensado) da anorexia é que depois de algum tempo em tratamento: anos, muitos anos! é que quando começamos a comer vemos que o mais difícil de tratar não é recompor os valores do corpo nem sequer é comer adequadamente... o que tudo isto esconde é que é verdadeiramente dificil de pensar e resolver...
Hoje digo QUEM ME DERA QUE CURAR UMA ANOREXIA FOSSE COMER E TER UM IMC 18,5! Os medos profundos, a tristeza, a raiva, a revolta, a extrema necessidade de afecto, de nos sentirmos amadas... tanta coisa tão mais dificil de resolver que um dia abafámos por trás de um medo imenso da balança, de comer isto ou aquilo, de controlar medidas, calorias, refeições...
Quem dera que a anorexia fosse um capricho de miuda mimada..."
 
 

Dec 5, 2012

...Descodificação da Anorexia (Decoding Anorexia de Carrie Arnold)





 
Podemos 'espreitar' este livro da Carrie Arnold acabado de publicar aqui ou fazendo clique na imagem da capa acima. Da apresentação do livro da Amazon retiramos:(cito)
 



"Decodificação da Anorexia (Decoding Anorexia)  é o primeiro e único livro que explica a anorexia nervosa na perspectiva da biologia. As descrições claras relativas à genética e à neurociência  são acompanhadas de descrições na primeira pessoa e testemunhos pessoais sobre o significado das diferenças biológicas para os doentes. A autora, Carrie Arnold, é uma cientista experiente, uma escritora científica, e sofreu de anorexia. Carrie dialoga com médicos, investigadores, pais e outros familiars e com os doentes sobre os factores que tornam as pessoas vulneráveis à anorexia.  Carrie fala também da neuroquimica por detrás da restrição alimentar, e de como é difícil abandonar a anorexia. A autora trata ainda de :
-Como o ambiente envolvente é ainda importante e afecta os comportamentos,
-As características das pessoas com risco mais elevado de desenvolverem anorexia
-Porque é que as pessoas com anorexia consideram a fome “recompensadora”
-Porque é que a negação da doença é tão característica e como é que os doentes a podem superar
Carrie ainclui ainda entrevistas com figuras ligadas à doença que explicam o trabalho desenvolvido e como contribui para compreender a anorexia.
Durante muito tempo pensada como uma doença psicosocial de adolescentes (*), este livro altera a forma como a anorexia é compreendida e tratada e dá aos doentes, aos médicos e especialista  que os acompanham e às famílias factores de esperança."

(*) Nota de esqueciaana: Testemunho de T. recebido como comentário e que transcrevo: 
" E as pessoas não imaginam o quanto gostariamos que isto fosse apenas uma "doença/fase da adolescência"... Teria por certo um fim prometedor...
mas o maior problema (do que tenho pensado) da anorexia é que depois de algum tempo em tratamento: anos, muitos anos! é que quando começamos a comer vemos que o mais difícil de tratar não é recompor os valores do corpo nem sequer é comer adequadamente... o que tudo isto esconde é que é verdadeiramente dificil de pensar e resolver...
Hoje digo QUEM ME DERA QUE CURAR UMA ANOREXIA FOSSE COMER E TER UM IMC 18,5! Os medos profundos, a tristeza, a raiva, a revolta, a extrema necessidade de afecto, de nos sentirmos amadas... tanta coisa tão mais dificil de resolver que um dia abafámos por trás de um medo imenso da balança, de comer isto ou aquilo, de controlar medidas, calorias, refeições...
Quem dera que a anorexia fosse um capricho de miuda mimada..."


Nov 20, 2012

...LABIRINTO (5 promessas e 5 realidades) fonte: Suzanne Abraham p.170-171

O texto foi escrito por Stephanie que sofria de Anorexia Nervosa e a nutricionista/psicóloga pediu-lhe para comparar as PROMESSAS que a doença lhe fizera com o que REALMENTE sucedera.

" O LABIRINTO

1.
PROMESSA: ordem e satisfação na minha vida.
REALIDADE:desapontamento e depressão.

2.
PROMESSA:disciplina e controlo.
REALIDADE: confusão e incerteza.

3.
PROMESSA:popularidade e sociabilidade.
REALIDADE:isolamento e solidão.

4.
PROMESSA:respeito e admiração.
REALIDADE:pena.

5.
PROMESSA:perfeição em todas as áreas da vida.
REALIDADE: auto-destruição física e mental. " (*)

Já antes no esqueciaana tinhamos referido o livro (aqui) de onde foi retirado este 'labirinto', um testemunho importante.
(*) Fonte: Distúrbios Alimentares de Suzanne Abraham, ed. Texto 2010, páginas 170-171.
Tradução da 6ª edição de Eating Disorders, The Facts  da Oxford University Press (aqui na amazon podem ser consultadas algumas páginas)