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Jan 25, 2010

>> Recuperar ( o mais difícil é ...)

Transcrevo em versão portuguesa o post deixado aqui por Carrie Arnold . Questiona aspectos muito importantes da recuperação que ao envolver o ultrapassar de problemas de personalidade pode criar a ideia falsa de 'descaracterização'. Como pergunta a canção "pode alguém ser quem não é ?". Respondo: não. Mas pode sem deixar de ser quem é , conhecer-se melhor e aprender a lidar com traços da personalidade inerentes à doença de que se está a libertar. Por isso o papel dos especialistas é tão importante na recuperação. Por isso depois de recuperadas nos sentimos ( e somos!) pessoas melhores.


Superar os principais traços de personalidade

"Uma das minhas parceiras de recuperação no Twiter escreveu esta semana:

"É mais que evidente que para se recuperar de uma doença do comportamento alimentar é necessário superar os traços de personalidade neurológicos e psicológicos" .

E eu tive que concordar. Outra das minhas amigas, Finding Melissa, questionou com razão se poderíamos realmente superar esses traços fundamentais de personalidade. Pelo contrário, disse Melissa, a tarefa é aprender a viver com eles. O meu terapeuta coloca a questão de modo um pouco mais informal: tenho que aprender a usar os meus traços de personalidade para o bem em vez de ser para o mal. Travando uma guerra com nós próprias estaremos condenadas a perder, de alguma maneira, o que somos. E isso é realmente a parte mais difícil da recuperação. A parte mais difícil não é comer e ganhar peso, mas sim a tarefa de nos conhecermos. Conhecer as nossas próprias motivações. Conhecer as nossas vulnerabilidades. Conhecer os nossos pontos fracos. Saber como se pode entrar em crise, ou antecipar a crise. Conhecer os sinais das recaídas. Conhecer os sinais antes dos sinais.

A minha recuperação da anorexia mudou-me profundamente, não sou a mesma pessoa, nem quero ser. Apesar de ter mudado de forma muito profunda, ainda tenho a mesma personalidade e temperamento. Ainda estou frequentemente ansiosa e irritável (irritabilidade, aprendi que é sempre um sinal de ansiedade), ainda sou perfeccionista, eu ainda tenho muitas situações do pensamento preto ou branco [tudo ou nada] e de outras distorções cognitivas. Estes aspectos não são susceptíveis de mudança, mesmo com a terapia. Um terapeuta uma vez perguntou-me: "Tem uma necessidade de controle?" A verdade é, sim, tenho. A verdade é que eu ainda tenho. Portanto, talvez eu nunca vá superar completamente os meus traços de personalidade inatos, e não estou particularmente preocupada com isso. Mas o trabalho de tentar viver em paz e em (relativa) harmonia com eles é desgastante, cansativo, difícil . Não sei quem esteja em recuperação ou que se tenha recuperado que não tenha feito isso. A recuperação transforma-nos mas nós ainda somos as mesmas pessoas."

Well you have suffered enough
And warred with yourselfIt's time that you won...
"Falling Slowly," Glen Hansard and Marketa Irglova
Imagem: ilustração de Clare Owen no seu blogue aqui

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