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os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

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Jan 30, 2016

..."Eu quero ser como a Barbie" (Qual delas?) As novas Barbies

"Eu quero ser como a Barbie" . Recordam-se a frase do anúncio? Foi há alguns anos. Era uma vozinha infantil que manifestava o desejo de ser como aquela bonequinha de plástico criada há 57 anos e que passou a ter companhia de outro boneco o Ken passados quatro anos. E uma imensidade de acessórios que por esse mundo fora são desejados e conhecidos... pelo menos dos catálogos.

Dizem que em cada segundo são vendidas 2 barbies no Mundo. Já escrevemos sobre a Barbie e a diferença com as 'pessoas reais' neste blogue esqueciaaana (ler aqui)
 
Pois agora a empresa que produz essas bonecas, a Mattel (de cujo site retirei a imagem acima), certamente depois de uma análise detalhada do mercado, lançou uns quantos modelos a que chama Fashionistas (R) Line. São a Curvy, a Petite e a Tall (esta última mais parecida com a clássica chamada de Original). Será um bom negócio para a Mattel atendendo até ao elevado número de coleccionadores adultos.
 
Para mim estes novos formatos apresentam pelo menos uma vantagem. Quando uma menina disser que 'quer ser como a Barbie' podemos perguntar 'qual delas'? Entretanto, casinhas, sapatinhos, e outros acessórios serão 'à Barbie original'. Até ver...

Declaração de (des)interesse da autora do esqueciaana: não possui ou possuo nenhuma dessas bonequinhas.

Jun 4, 2015

...anúncio de Yves Saint Laurent da revista Elle banido no Reino Unido

 
 

"Esta modelo parece "pouco saudável e demasiado magra"? Autoridade Britânica achou que sim.
Um anúncio da Yves Saint Laurent foi banido no Reino Unido. Em causa está a extrema magreza da modelo da marca francesa, que levou a Autoridade para Padrões Publicitários do Reino Unido (ASA na sigla inglesa) a censurar a imagem que apareceu na última edição da Elle.
 
A ASA considerou que a modelo parece "pouco saudável e demasiado magra" na imagem e que o anúncio é "irresponsável". Segundo a autoridade, viola o código da publicidade no país, uma vez que este diz que os anúncios têm de ser preparados com um sentido de responsabilidade para com os consumidores e a sociedade".

Fonte: Diário de Notícias online 3 de Maio de 2015

A ASA refere em relação à fotografia: "a posição da modelo chama a atenção para peito, onde é visível a proeminência da caixa torácica, e para as pernas, em que coxas e joelhos parecem da mesma a largura, e muito magros", sobretudo em contraste com os sapatos.

Segundo o jornal Guardian, a Yves Saint Laurent não concordou com a argumentação mas não fez comentários. Em 2014 uma petição para a YSL deixar de usar modelos tão magras conseguiu quase 50 mil assinaturas.
 
A magreza das modelos é um tema que está na ordem do dia: as preocupações com os distúrbios alimentares e a imagem aumentaram à medida que os corpos nos anúncios e passerelles foram perderam peso. França, por exemplo, quer banir das 'passerelles' as manequins demasiado magras para combater os distúrbios alimentares.
 
Fonte: Diário de Notícias online 3 de Maio de 2015
 
[ nota de esqueciaana: a fotografia abaixo representa o criador da casa de moda Yves Saint Laurent ; para além de questões estéticas a 'normalidade' dos corpos representados parece-me contrastar; e quanto à 'normalidade' refiro-me tão só à não apologia da doença/anorexia  numa delas. Estarei enganada?]
 
 
 
Fotografia de Yves Saint Laurent em 1971
 
 
 

 

May 30, 2015

um caso de anorexia



Regularmente surgem notícias de casos de anorexia. Este, the uma actriz californiana é um deles. Como estes muitos milhares que continuam diariamente a matar.

Feb 16, 2015

Modelo sem Photoshop (Cindy Crawford 2013)


 
Cindy Crawford fez 400 capas como modelo. Hoje tem 48 anos é casada e tem dois filhos. Fez parte de um pequeno grupo se supermodelos dos anos 90 (Linda Evangelista, Naomi Campbell, Claudia Schiffer, Christy Turlington e Kate Moss).
Já tínhamos falado da Cindy Crawford no esqueciaana (aqui) e também aqui, a propósito do que ela designou como ditadura da magreza. Hoje o Público dá notícia de uma fotografia da Cindy Crawford que foi tirada em 2013 para a revista Marie Claire do México mas que nunca foi publicada apesar da atriz ter feito capa na sequência dessa sessão.
(nota em 17 de Fevereiro: já depois de publicar este post vi que pelo menos uma revista-cor-de-rosa reproduz numa pequena fotografoa na capa a imagem abaixo. Alguns comentários que ouvi a essa mesma fotografia - de homens e de mulheres!- fizeram-me ter vontade de tirar a fotografia daqui! Desde 'coitada' até 'sem-vergonha' e outros menos citáveis por uma questão de bom gusto...há de tudo um pouco. Como é 'bonitinho', o 'mundinho' tratado a photoshp!
Citando o Público:
“É um corpo que desafia as expectativas. É real, honesto e é lindo”, descreve uma editora da Marie Claire, explicando que não sabe como chegou à Internet mas que a imagem é verdadeira. “Independentemente do sítio de onde veio, a foto é esclarecedora. Sempre soubemos que a Cindy Crawford era linda mas vê-la assim só nos faz gostar ainda mais dela”, acrescentou.
No Twitter, os utilizadores, tanto homens como mulheres, aplaudiram. “Está maravilhosa e dá-nos mais confiança. O Photoshop desmoraliza” ou “espero ficar com um corpo como este depois de ter dois filhos” são alguns dos comentários. Seguem-se elogios como “linda”, “impressionante” ou “inspiradora”. “É um bom lembrete ver que mesmo as estrelas de cinema e as supermodelos também envelhecem”, diz a revista feminina The Gloss.
A responsável pela divulgação da foto escreve, no Guardian, que ler todos os comentários positivos têm sido “emocionante” mas deixa um desafio à publicação. “Sabem o que seria realmente maravilhoso? Que esta não fosse uma foto não oficial mas sim uma imagem de uma sessão fotográfica utilizada nas páginas de uma revista. Conseguem imaginar o poder que teria?”.
No início de Fevereiro, por ocasião da estreia do seu novo documentário Hospital in the Sky, Cindy Crawford disse à Marie Claire norte-americana que todas as mulheres deviam aprender a sentir-se confortáveis com o seu corpo e em qualquer idade. “O que torna uma mulher mais atraente é a sua autoconfiança. E é isso que as pessoas vêem”.

 

 

 
 
 

Oct 20, 2014

Para Mulheres Reais (carta de Jessica Athayde)


A Jessica é uma atriz portuguesa que recentemente desfilou num evento de moda e algumas fotografias divulgadas (não a que acima reproduzo, que são da autoria da própria e retiradas do blogue que possui a jessyjames) derem origem a ataques verbais nas redes sociais, blogosfera. Houve muitas respostas de várias origens. Prefiro esta na primeira pessoa que abaixo transcrevo. Os sublinhados são do esqueciaana.
 "Para mulheres reais"
"As palavras que vos escrevo poderiam não ser escritas. Era mais fácil “não dar importância assunto” e “deixar morrer a coisa”. Era mais fácil…. mas não é o que vou fazer porque as palavras que vos escrevo não são só sobre mim: são sobre as mulheres e a forma como são permanentemente olhadas, julgadas e atacadas. São sobre uma ditadura de imagem imposta, uma tendência redutora de nos verem e de nós próprias olharmos umas para as outras. Isto tem de ser denunciado. Este bulliyng permanente tem de acabar e pretendo ser uma voz activa neste caminho que tem de ser percorrido por todas nós.
Sou actriz. Não sou modelo. Optei há muito por um estilo de vida saudável, com escolhas que faço todos os dias em relação à minha alimentação e prática de exercício físico.
Faço-o porque quero viver muito. Quero viver bem. Quero ser saudável e feliz como tantas outras mulheres.
Desfilei na Moda Lisboa como convidada. Desfilei com o corpo que tenho que é o meu e no qual me sinto muito bem.
Qual não foi a minha perplexidade quando observo que, a propósito de uma fotografia menos feliz, sou alvo de críticas, comentários desagradáveis e uma série de mimos, próprios deste mundo das redes sociais, em que ainda nos estamos a habituar a viver.
Estes comentários foram feitos na maioria por mulheres. Mulheres, vou repetir.
Mulheres que são filhas, mulheres que são mães, mulheres que ainda não perceberam que cada vez que cedem à tentação de atacar outra mulher com base nas suas características físicas, estão a enfraquecer a condição feminina, em vez de lhe dar força.
Estão a cultivar as inseguranças, as desordens alimentares, a escravidão da imagem.
Sou uma mulher segura, pelo menos trabalho nesse sentido. Se este incidente fosse só sobre mim, posso garantir-vos que pouca importância lhe daria.
Mas questiono-me sobre a quantidade de mulheres menos seguras, de todas as idades, mais ou menos felizes, magras, gordas, altas, baixas sofrem este tipo de perseguição no seu dia-a-dia. Mulheres que ao contrário de mim, não têm uma voz que se faça ouvir… Para alguma coisa tem de servir o facto de ser figura pública. Que seja então para dar voz a um grito que sei ser de muitas que me estão a ler neste momento: CHEGA!
Cada mulher é um mundo muito para além do corpo que a recebe. Apoiem -se. Defendam -se. Não permitam olhares redutores sobre aquilo que somos.
A dignidade da condição feminina passa também pelas mulheres perceberem que têm se unir nessa procura e nessa luta.
Queremos um mundo com mulheres felizes, inteligentes, pró-activas, inovadoras, solidárias e que façam a diferença.
Temos de estar juntas nesse objectivo.
Há pouco tempo perguntaram-me numa entrevista quem é que eu admirava, foi fácil responder. Emma watson, 22 anos, penso eu.
Emma Watson (actriz como eu) no seu primeiro discurso como Embaixadora das Nações Unidas para a Boa Vontade, inspirou o mundo lançando a campanha ONU #HeForShe, que fala sobre a liberdade e a igualdade entre os sexos.
Fala sobre a importância dos homens apoiarem as mulheres neste caminho.
Eu acrescento e peço em Portugal que abracemos também o #SheForShe
Ela por ela. Cada uma de nós pela mulher ao nosso lado. Seja no autocarro ou numa fotografia no ecrã do computador.
Beijinhos
Jessy"
FONTE da imagem e texto: http://jessyjames.pt/?p=3054

Jun 29, 2014

UM Padrão de Beleza ÚNICO? (e Photoshop...) projeto de Esther Honing



Esther Honing, uma jornalista dos Estados Unidos desenvolveu um projeto interessante para analisar até que ponto os padrões de beleza são universais.

Enviou uma fotografia sem retoques a uma serie de indivíduos de dezenas de países (designers amadores e profissionais) pedindo para eles a 'fazerem bonita' usando Photoshop (programa de tratamento de imagem).

Os resultados até agora divulgados podem ser vistos aqui. Apresentamos dois exemplo, um da Índia e outro dos Estados Unidos.
A autora do projeto resume-o assim (tradução livre e abreviada do esqueciaana):
"Nos  EUA o Photoshop tornou-se um símbolo de padrões de beleza inatingíveis. Este meu projeto, BEFORE & AFTER [Antes & Depois], examina como esses padrões variam entre culturas  numa escala global.
Contactei plataformas de Free-lancers, como Fiverr, que me permitiram contratar cerca de 40 pessoas, de mais de 25 países. Alguns são profissionais outros amadores.
Com um custo variando de cinco a trinta dólares, e na esperança de que cada designer iria  usar da sua concepção pessoal e cultural de beleza para melhorar a minha imagem original (fotografia sem qualquer photoshop, ou seja imagem não alterada) tudo o que eu lhes pedi foi “façam-me bonita”.
 
[nota de esqueciaana: no site de Esther Honing, encontra-se  uma seleção das 22 imagens resultantes, até agora]. Elas são intrigantes e elucidativas; cada uma é um reflexo  das concepções pessoais e culturais de belezados respectivos criadores.
O Photoshop permite-nos  atingir  os nossos padrões inatingíveis de beleza, mas quando comparamos essas normas à escala mundial, obter o ´padrão ideal´continua a ser impossível."
 
Já antes no esqueciaaana tínhamos postado sobre este assunto. Por exemplo:
 

Nov 6, 2013

... likes, instagram e anorexia (testemunho de Amanda Melito)


 


Quantos likes essa anorexia merece? Duas garotas lindas e inteligentes definham enquanto seus seguidores elogiam sua magreza. Esta semana, uma morreu. Amanda Melito, que acordou a tempo, conta sua história.

Postado em 23 ago 2013por :  no diário do Centro do Mundo (Brasil)
 
Na última terça-feira, dia 20, uma jovem gaúcha com milhares de fãs nas redes sociais, autora de comentários espirituosos no Twitter e com centenas de fotos que sublinhavam sua beleza postadas na rede, morreu. Ela atendia pela arroba @megan_foques e chamava-se Daiane Dornelles. Amigos e conhecidos apontam como causa da morte complicações de uma disfunção alimentar que pouco a pouco alcança níveis epidêmicos: a anorexia nervosa.
Outra tuiteira de sucesso, @amandamelito (ela já se apresentou como @cherguevara, mas desistiu do trocadilho), resolveu não calar. Elas não se conheciam. Mas Amanda experimentou o inferno do qual Daiane não foi resgatada. A pedido do Diário, ela escreveu um depoimento.
Bons tempos em que pegar o jornal sobre o capacho consistia na primeira fonte de informação do dia. Hoje, nossas manhãs se transformaram num ritual em que nos inteiramos da vida alheia: em que restaurante as pessoas andam comendo, em que balada cara entram no cheque especial, em que “look” as gatas andam se oferecendo. E nos mostrando, claro. Gastamos os primeiros minutos do dia apegados ao que muitos pregamos ser irrelevante: a incessável busca da aprovação da nossa audiência particular. Eu falei “primeiros minutos do dia”? Começa cedo e vai o dia inteiro, a gente sabe bem.
Vemos pessoas comuns exibindo suas silhuetas e assumindo notoriedade suficiente para se tornarem padrões de beleza entre seus fãs. É curioso, mas acompanhamos famosos nos seus dias de anônimos – e anônimos se transformando celebridades. Participamos da rotina das celebridades e dos momentos de glória dos aspirantes. “Podemos ser um deles” – será que é isso que secretamente pensamos?
Até meus 14 anos, mesmo estando naquela fase conturbada de pré-adolescência, nunca tive muita preocupação com a minha aparência. Na época, já tinha a altura que permanece intacta até hoje: 1,58 m. Meu peso era compatível com a minha estatura, e oscilava entre 48kg – 50kg. Era vaidosa, lógico, adorava me embonecar, mas satisfeita com o meu físico. Minha família se encaixava perfeitamente no modelo de lar ideal: pais com um casamento estável, patriarca com carreira em ascensão, filhos saudáveis e domáveis.
Mas, subitamente, as coisas começaram a degringolar. Meus pais tiveram problemas conjugais e eu, caçula, senti aquela redoma, até então blindada, espatifar. Desolada, consumida por uma tristeza profunda, aos poucos fui parando de comer. Não tinha nenhuma meta, fora a inconsciente de desviar a atenção do divórcio iminente deles. Comecei a emagrecer exponencialmente e consegui “reter” o olhar da minha família. E, pouco a pouco, passei a sustentar um objetivo palpável. Esquálida, pesando 38kg, me olhava no espelho e me via enorme. Usava roupas largas e ainda assim me queixava que elas acentuavam meu “sobrepeso”.
Já havia iniciado um tratamento psiquiátrico, mas mesmo assim não respondia as investidas médicas. Até que um dia, no banho, consegui por uma fração de segundo me enxergar. Entrei em pânico e resolvi voltar a comer. Passei muito mal no começo, meu organismo não aceitava quase nada do que eu ingeria. Mas gradativamente fui me recuperando, e consegui me manter estável pelos próximos 10 anos.
De 1997 pra cá, tive duas recaídas: a primeira foi em 2008, quando já morava sozinha. Voltei a pesar 38kg, precisei ser afastada do trabalho, mas consegui reagir e reverter o quadro relativamente rápido. A segunda, e mais violenta, começou em 2011.
Em ambas reincidências, eu havia sofrido um desgaste emocional pesado, estava com o coração em frangalhos. Veja, não estou atribuindo a responsabilidade de ter adoecido a nada e a ninguém. Não existem culpados. Existem situações e condições que te deixam mais vulnerável. Em menos de 1 ano, perdi 20% do meu peso – uma porcentagem expressiva para quem tem a minha altura.
Minha família, meus amigos, meu namorado, meus colegas de trabalho se mobilizaram para me ajudar, mas eu negava e era extremamente ríspida com quem se aproximava de mim para oferecer auxílio. Eu tentava os confortar dizendo que estava tudo bem, porque realmente achava que estava.
E esse é o grande perigo da anorexia nervosa, a única doença de ordem psiquiátrica que pode levar à morte: ela age de forma silenciosa; você não tem sintomas concretos que te alertam que algo está errado.
E aqui entra a parte sinistra da coisa. A coisa que, suspeito, matou a bela Daiane. Mesmo que apresentasse todos os sintomas, eu contava com o apoio de seguidores no Instagram que alimentavam (sem ironia) o resultado da minha privação.
Nunca fiz apologia à doença, até porque demorei muito para admitir que tinha um distúrbio, mas continuava publicando minhas famigeradas fotos de elevador. E, mesmo em um estado deplorável, recebia elogios que me davam forças para continuar enfraquecendo.
Bem, fui novamente afastada do trabalho e submetida a um tratamento intensivo, com respaldo semanal de nutricionista, psicólogo e psiquiatra. Dessa vez, a doença estava tão arraigada em mim que meu quadro apresentava sérios riscos clínicos. Pesando 30kg e correndo risco de morte, fui internada involuntariamente em 31 de agosto de 2012 no Ecal – Enfermaria de Comportamento Alimentar – centro do Hospital das Clínicas especializado em transtornos alimentares. Por 3 meses, convivi com meninas que tinham problemas de distorção de imagem, cada qual com sua peculiaridade.
Quantas noites chorando baixinho e pedindo paciência. Quantos sonos interrompidos por pesadelos. Quantas manhãs letárgicas experimentando os olhares mais tristes que eu já tive. Até que tudo que estava descarrilado foi entrando nos eixos. Quase um ano se passou, e me mantenho forte. Passei a canalizar toda a obstinação que era usada em prol de um biotipo que eu julgava ideal para a manutenção da minha saúde.
Graças a essa intervenção, aprendi a comer. Aprendi a encarar como um elogio a beleza “exótica” que me endereçavam e até a me orgulhar das pernocas grossas que eu sempre tive.
A máxima de qualquer tratamento deste tipo: um dia de cada vez.  Nunca estaremos livres. Eu tive ajuda. Outras garotas não têm.
O que elas têm são centenas, milhares de polegares estendidos positivamente em sua direção dizendo apenas umas coisa: continua assim. Você está linda.
O instagram da Daiane: http://instagram.com/daidornelles
 

Aug 28, 2012

...“Nova moda das revistas é aumentar as curvas” um artigo de Nuno Cardoso publicado no Diário de Notícias


“Nova moda das revistas é aumentar as curvas” Adele, Beyounce, Jennifer Lopez, Kim Kardashian surgem nas capas das revistas Glamour, Allure, Cosmopolitan e outras revistas afins com “aumentos de peso digital” ou “acentuação das curvas”. Já antes no esqueciaana escrevemos sobre o tratamento digital de imagem e criação de distorções da imagem real, mas em sentido oposto. Qual é o limite afinal do uso do Photoshop e similares para a distorção da imagem? Dizem agora que 'as curvas vendem' e que Hollywood está a impor as curvas.

May 28, 2012

... Frases que nos dizem (corpo exposto)

 
(…) as  pessoas geralmente têm ideias erradas sobre as doenças do comportamento alimentar e  pensam que sabem o que são essas doenças com base no que  vêem nos meios de comunicação (…)
Encontrei num blogue (original e em inglês aqui) o seguinte post de que apresento tradução adaptada:

Desde os meus  15 anos que tive familiares e amigos que me deram dicas e conselhos sobre como "melhorar", bem como dizer as coisas que eram apenas totalmente tolas e despropositadas  Aqui estão algumas ‘perolas’:
"Ela não tem anorexia, eu vi-a a comer um gelado." (Amigo)
"Não precisa ir a um médico, eu sei o que é saudável para para a sua alimentação." (Pai)
"És a raparigra mais magra que eu conheço, não precisas de fazer dieta." (Amigo)
"Podias comer um monte de hamburgers  para ganhar peso." (Pai)
"Então, parece que estás a ir para um festival/acampamento  de verão." (Irmão em relação à minha ao meu internamento para tratamento)
"Da próxima vez, tente e não comer o pacote inteiro da  manteiga." (Pai)
"É apenas uma fase. Eu vomitei  o que comi uma ou duas vezes. Todos temos  feito  isso." (Amigo)
“Espero que percebas quanto me está a custar pagar ao terapeuta/médico” (Pai)
"Comeu a caixa inteira de donuts? CREDO!" (Pai depois que eu tentei ser honesta sobre uma compulsão)
"Estes são para a família, pode tentar não comer todos?" (Pai depois de comprar um pacote  de bolachas de chocolate)
"Parece que ela ganhou algum peso!" (Depois de voltar para casa de visitar o meu irmão por uma semana.)
"Foi para algum rapaz?" (Uma amiga a perguntar-me a razão da anorexia)
"Perdeu os  seios?" (Depois de contar a um amigo que eu era anoréxica.)
"Não és assim tão magra." (Depois de contar a alguém que estava em tratamento da  anorexia.)
"Ela não parece ter anorexia." (É uma longa história - quando a minha mãe morreu, o  meu pai tentou entrar num desses programas em que se ‘contactam’ os  entes queridos falecidos . O meu pai fez questão de dizer do show que eu tive anorexia e uma pessoa do show fez esse comentário . )
"Tu não és gorda." (TODOS  na face do Mundo)
Eu tenho certeza que  existem muitas mais frases. Sinta-se livre para partilhar as ‘suas’…

Imagem retirada do album do escultor:RON MUECK
http://www.facebook.com/?ref=logo#!/photo.php?fbid=9485502013&set=a.9466057013.19903.9465677013&type=3&theater

May 15, 2012

...Petição contra a distorção de imagens (Julia Bluhm)


Esta petição está a ter bastante publicidade nos media norte americanos e também na Europa. Uma jovem, Julia Bluhm, decidiu chamar a atenção para algo que já referimos no esqueciaana várias vezes, a criação de imagens artificiais. Retocar fotografias sempre foi feito desde o início da fotografia...a questão é que não se tratam de meros retoques...são completas distorções com a criação de corpos 'impossiveis'. Esta petição tem a particularidade de ser promovida por uma jovem leitora de uma revista também para jovens.

Julia Bluhm (14 anos) promotora da petição declarou:
"Queremos mostar à revista Seventeen que gostamos do nosso corpo por aquilo que somos e não precisamos de Photoshop para nos corrigir...e podemos ser bonitas sem ele - podemos tirar fotografias "

A petição está aqui:(www.change.org é talvez o portal mais importante de petições nos Estados Unidos) e já recebeu cerca de 72 mil assinaturas.
O video da notícia aqui com múltiplos exemplos:

fotografia acima de Julia Bluhm (sem photoshop)

Dec 22, 2011

...Adele na capa (ainda) é notícia


A cantora Adele é um sucesso de vendas de discos. Não será portanto de estranhar que seja capa de revistas . Na Vogue, na Cosmopolitan, etc. Mas...há um detalhe que faz com que Adele ser ou não capa de revista se torna notícia. Hoje por exemplo no diário de notícias dá-se conta dessa discussão que se resume a : será que a capa de Março da Vogue incluirá a Adele, apenas o rosto? corpo interiro? É que  Adele não cabe nos estreitos padrões do que é um corpo de mulher com direito a capa de revista. Dias virão em que deixará de ser notícia a bem de todos e todas.

Dec 4, 2011

... nem os ossos são o limite ( a propósito de uma notícia do Expresso do jornalista Carlos Afonso Monteiro)

 


Já várias vezes no esqueciaaana temos referido o poder das imagens e como elas podem ser manipuladas para criar rostos e caras perfeitos mas que de facto não existem ( por exemplo aqui nem os ossos são o limite ) . Ficámos agora a saber por uma notícia de Carlos Afonso Monteiro do Expresso (de 30 de Novembro 2011 Expresso on line, aqui) que foi criado um software anti-Photoshop, ou seja que permite detectar a manipulação das imagens. Hany Farid, um professor e engenheiro informático "criou um programa que identifica fotografias alteradas e consegue ainda julgar, com notas de 1 a 5, o nível de alteração das mesmas."
Podem ser encontradas on-line várias imagens (antes e depois, bastando carregar no botão TOGGLE, as duas imagens acima foram assim obtidas por exemplo aqui).


Segundo o artigo do Expresso, "O objetivo de Hany Farid é que este software venha a ser usado para dar "avisos de saúde" nas revistas, especificamente revistas de estilo e moda, onde este tipo de alterações é mais comum, e muitos defendem que cria expectativas irrealistas quanto aos corpos, tanto masculinos como femininos. (...) O projeto começou com a análise de 468 conjuntos de fotografias nas suas versões originais e retocadas, para depois desenvolver um programa que avalia as fotografias e as classifica consoante as suas alterações, com notas de 1 a 5, com o nível máximo a querer dizer que uma fotografia foi muito modificada."
"Agora temos um modelo matemático para medir as alterações fotográficas", disse o professor, que acredita nos dados que ligam este tipo de imagens às doenças alimentares como a anorexia e bulimia, assim como à insatisfação de homens e mulheres com os seus corpos."
Para saber mais sobre os projectos e trabalho deste investigador, ver os links abaixo. O autor disponibiliza também para download e Código do programa Matlab (Matlab code).
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/Hany_Farid/Research/Entries/2011/6/4_Photo_Retouching.html
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/downloads/publications/pnas11/
http://www.cs.dartmouth.edu/farid/Hany_Farid/Research/Entries/2011/6/3_Computer_Generated_or_Photographic.html

A fotografia abaixo não foi certamente uma das 468 analisadas ("Mulheres reais...sem publicidade a sabonete ou creme"):

Sep 21, 2011

...Qual o IMC e peso daqueles de quem gostas?

Uma das justificações que costumamos usar é a de que sendo mais magras nos aceitam melhor, gostarão mais de nós. É certo que num mundo em que a imagem é tão valorizada (porque também uma excelente fonte de negócio) esse sentimento é natural. Sugiro no entanto que se perguntem: As pessoas de quem gosto e admiro são magras, gordas ou assim-assim? (para quem gosta dos detalhes qual será o seu Indice de Massa Corporal IMC?). Talvez a resposta ajude a relativizar a importância que por força da doença se atribui à balança.
Imagens: (1) ad (2) Jorge Colombo artista português residente em Nova Iorque.

Sep 18, 2011

..." A evolução da beleza" (artigo de Anabela Natário Publicado na Única (Expresso de 28.08.2011 )

O texto integral do artigo pode ser lido aqui.
(...)
"Olhemos para uma daquelas estátuas de menina que os artistas do século VI a.C. esculpiam...", começa por dizer Umberto Eco, na sua "História da Beleza". "Os pitagóricos teriam explicado que a rapariguinha era bela porque nela um justo equilíbrio dos humores produzia um colorido agradável e porque os seus membros estavam numa relação certa e harmónica, dado que eram regulados pela mesma lei que regia a distâncias entre as esferas planetárias. O artista do século VI estava obrigado a realizar aquela beleza imponderável de que falavam os poetas e que ele próprio teria captado numa manhã de primavera, observando o rosto da rapariga amada, mas obrigado a ter de a realizar na pedra e concretizar a imagem da rapariga numa forma."

Avançando até à Renascença, assiste-se a uma nova visão e utilização do corpo, apoiada na redescoberta e recriação da Antiguidade Clássica. Entre o fim do século XIII e o princípio do XVII, o corpo passa a ser algo que se deve enfeitar com arte e de modo a ver-se bem. Os ourives criam peças para ostentar pelo corpo, artigos concebidos "segundo cânones de harmonia, proporção e decoro", como refere o professor italiano licenciado em Estética, lembrando que "o Renascimento é um período de empreendimento e atividade para a mulher, que na vida de corte dita leis na moda, se adequa ao fausto imperante, mas não se esquece de cultivar a sua mente, participa ativamente nas belas-artes, tem capacidades discursivas, filosóficas e polémicas".

"Mais tarde, o corpo da mulher, que se mostra publicamente, será contrabalançado pela expressão privada, intensa e quase egoísta dos rostos, de não fácil decifração psicológica e, por vezes, intencionalmente misteriosa: eis a Vénus de Urbino de Ticiano ou a mulher da Tempestade de Giorgione. A Vénus de Velázquez aparece-nos de costas, enquanto só lhe percebemos o rosto por reflexo, no espelho.

Artificialidade do espaço e caráter fugidio da beleza feminina encontrar-se-ão ainda, nos séculos seguintes, nas mulheres de Fragonard, em que o caráter onírico da beleza preludia já a extrema liberdade da pintura moderna: se não há vínculos objetivos para a representação da beleza, porque não colocar uma bela nudez numa merenda burguesa sobre a relva?"




Quanto ao corpo do homem, por esta época, o entendimento é diferente. Quando eles são retratados, não interessam as regras da proporção e da simetria, sim personificar o poder ou, talvez, dar o grito do Ipiranga em relação aos preceitos clássicos. "As formas do corpo não escondem a força nem os efeitos do prazer: o homem de poder, gordo e entroncado, quando não musculoso, tem e ostenta os sinais do poder que exerce. Certamente não são esbeltos Ludovico, o Mouro, nem Alexandre Bórgia (que goza da fama de objeto de desejo das mulheres do seu tempo), nem Lourenço, o Magnífico, nem Henrique VIII. E, se Francisco I de França, no retrato de Jean Clouet, dissimula debaixo de amplas vestes a sua esbelteza démodée, a sua amante Ferronière, retratada por Leonardo, enriquece a galeria de olhares femininos indecifráveis e fugidios", diz Umberto Eco.



Seja como for, para a mulher e para o homem, o ideal de beleza foi mudando e... repetindo-se. A dada altura, regressámos aos tempos em que gordura volta a ser formosura e as mulheres se querem pequenas como a sardinha.

Foi no século VIII e, na centúria de 20, depois da morte dos espartilhos e das cinturas finíssimas, quando o corpo feminino se libertou, literalmente. Não chegou às formas do paleolítico, mas andou perto...
Só que, entretanto, surgiu a inglesa Lesley Hornby, mais conhecida por Twiggy, a primeira supermodelo do mundo, que impôs, no final dos anos 1960, o corpo franzino, o cabelo curto e olhos rasgados encimados por longas sobrancelhas, transmitindo um ar andrógino.
A partir daí, os corpos foram-se querendo, por força dos desfiles de moda, cada vez mais finos, esquálidos, mesmo. Tanto de mulheres como de homens. O primeiro sinal foi dado pela Calvin Klein, nos anos 1990, quando fotografou a modelo Kate Moss, seminua, macérrima, com ar de viciada em drogas duras. E todos começaram a aparecer muito magros, olheirentos, num estilo de "heroinómanos chiques". De tal forma se regressou ao fino, mas acrescentando-lhe o ar de doente terminal, que alguns países resolveram impedir a disseminação da ideia de que magreza é beleza.

Em 2006, o governo regional de Madrid proibiu desfiles de looks anoréticos e a polémica resolução foi bem aceite pela Cibele, uma das mais importantes semanas da moda europeias que decorre anualmente na capital espanhola. Perto de 40 por cento das manequins foram vetadas: todas as que apresentavam um aspeto doentio e um índice de massa corporal abaixo dos 18.
"Estamos magras mas não doentes", queixaram-se as excluídas, estranhando o comportamento espanhol (em França e em Inglaterra houve apelos no mesmo sentido, mas não se chegou a medidas drásticas). As modelos poderão ter alguma razão, face às exigências do outro lado do mundo.


Ainda no passado mês de outubro, a Ralph Lauren despediu uma das suas modelos com o argumento de que era muito gorda, isto depois de abusar do Photoshop (ver post no esqueciaana) para lhe adelgaçar o corpo nas fotos das suas campanhas publicitárias e com tanto exagero que a modelo aparecia com a cabeça muito mais larga do que o corpo. Ora, Filippa Hamilton, de 23 anos, que trabalhava para a marca desde 2002, pesava 54 quilos e media 1,77 de altura, com estes números não poderia desfilar em Espanha e, segundo a Organização Mundial de Saúde, o seu peso ideal deveria ser de 70,9 kg...

(a modelo com tratamento de imagem e a modelo quando despedida).
De facto, o mundo parece esquizofrénico. Nos Estados Unidos, onde os corpos do cidadão comum são cada vez mais volumosos, a marca que redefiniu o "estilo americano" quer cabides. Na Alemanha, a revista feminina de maior tiragem (Brigitte post no esqueciaana)decidiu substituir as fotografias de corpos de manequins moldados por programas informáticos por "mulheres reais". A causa? A diretora da publicação, Andreas Lebert, disse estar farta de engordar corpos com Photoshop para que as raparigas parecessem pessoas normais. "O peso médio das modelos é cerca de 23% menor do que a maioria das mulheres", disse, adiantando que também tinha recebido muitas queixas de leitoras incapazes de se identificarem com as modelos das capas.
(páginas da revista Brigitte; a 'modelo' trabalha numa loja)
O corpo, independentemente da beleza, é o património natural do ser humano. "As sociedades humanas agem sobre o corpo através de regras de etiquetas, sanções e proibições, de prémios e castigos, de leis e penas e tudo isso se reflete na forma de andar, sentar, dormir, amar, de se alimentar, etc. Nesse sentido, o corpo é uma encruzilhada de acontecimentos culturais e sociais, animais e psíquicos, uma confluência de fenómenos, uma rede de emoções, uma teia de movimentos, um repertório inesgotável de gestos", dizia, no século XIX, o pensador brasileiro José Carlos Rodrigues.
(fotografia de Stephen Chernin nos bastidores da Semana da Moda de NY 2011) 

Sep 2, 2011

... ("body-ism" do blogue http://oblogouavida.blogspot.com)


Li o post aqui blogue de gui castro felga e partilho:

body-ism
"Pedi à senhora da tabacaria para segurar nesta revista para eu lhe tirar uma fotografia. Ainda pensei em comprá-la para 'scannar' a capa. Mas pensei - tentemos não alimentar estes sacripantas. Devia ser proibido, num mundo em que uma Kate Moss esquálida dita a moda, com coca no cariz e tudo, de se ser demasiado magro. Magreza = Sucesso. Com os homens e as mulheres, no trabalho com homens e mulheres. Estamos sempre a negociar com gente e ser atraente compensa." (continuar a ler)
fotografia: gui castro felga

May 2, 2011

..."tão belo como a Vénus de Milo" (Fernando Pessoa)




O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.
óóóó — óóóóóóóóó — óóóóóóóóóóóóóóó
(O vento lá fora).
s.d.
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

Mar 12, 2011

... quem vê caras não vê corações

"Quem vê caras não vê corações"
(dito popular português)
Fonte de imagem: aqui