O livro Brave Girl Eating, sobre a luta de uma família contra a anorexia vai ser publicado no próximo dia 24 nos Estados Unidos. Da página da autora Harriet Brown transcrevo a breve apresentação:
"Esta é a história de como a minha filha mais velha Kitty se tornou anoréctica e quase morreu, e como o meu marido, a minha filha mais nova e eu a ajudámos na cura. Esta história não é sobre uma família disfuncional, o abuso sexual ou uma pobre menina rica sedenta de atenção. Não é uma estória para alertar para os modelos esqueléticos do mundo da moda e para os media. É uma história sobre uma adolescente comum que caiu no buraco da anorexia - por acidente, como sempre acontece - e sobre a sua escalada para a saúde e a esperança, escalada lenta, penosa, extraordinariamente corajosa, momento a momento, passo a passo, um pouco de cada vez" (Harriet Brown )
O programa Good Morning America desmarcou uma entrevista que já tinha agendada com a autora depois desta se recusar a que fossem exibidas fotografias da filha quando doente. Uma discussão sobre este tipo de comportamento por parte dos meios de comunicação norte americanos pode ser lida aqui. A anorexia é uma doença mental, os meios de comunicação em geral exploram as imagens chocantes da magreza. Mas a magreza é apenas um sintoma.
Alguns comentários ao livro Brave Girl Eating na página da Amazon (aqui)
4 comments:
Um dia pediram-me uma entrevista. Depois de pensar muito e de discutirmos qual o sentido que iria tomar acabei por aceitar mas claro, iria ter um nome falso.Acabei por resumidamente contar o meu percurso e por dar opinião sobre alguns temas. Passado um ano voltamos a repetir a experiência, foi interessante e mantiveram-se as premissas... No entanto, entre aquilo que falámos e aquilo que foi transcrito fica sempre uma pontinha de desilusão por isso percebo perfeitamente esses pais... há sempre um enfoque gigantesco nos números, um sublinhado nos "dos 58 foi até aos 38 kgs", desmaiou, passou fome voluntariamente, viveu com uma maçã por dia durante 3 meses. Quando TUDO isto são sintomas e A doença é bem maior, bem bem maior, infelizmente... Também insistiram comigo para tirar fotos, mesmo escondendo a cara, mesmo.... deram-me mil hipóteses...com espelo, distorcidas, só o joelho, só a barriga... É claro que tinha medo de ser reconhecida... mas também não era burra ao ponto de pensar que toda a gente era burra e não reparava no meu estado débil. Um pouco de informação e sabiam que se passava alguma coisa... mas eu, como toda a gente, tinha e tenho direito à minha privacidade...e tirar fotos e vê-las publicadas era algo demasiado invasivo...e era dizer com uma imagem que este era o resultado da doença...ou pior...que essa imagem era a imagem da doença...NÃO: essa é a parte visivel da doença...é a parte que tenta falar e contar a história cá de dentro. É pura e simplesmente um sintoma. eu não tirei uma unica foto.
T
Ainda não é fácil falar das disfunções alimentares e era impossível em 1993... a maioria das pessoas que me conhece não conhece este meu lado lunar. Foi preciso muito tempo para me aceitar como sou, até porque não tive acompanhamento terapêutico, para conseguir ver a vida pelo lado bom e para conseguir escrever no meu blogue o que escrevi. Porque o que somos vai além da nossa imagem...
Obrigado pelo trabalho...
Obrigada Anónimo (T.)pelo testemunho de contacto com os meios de comunicação social portugueses e pelo destaque dado à natureza de mero sintoma (importante sem dúvida, mas sintoma)da alimentação/corpo magro.
Infelizmente o formato deste blogue não dá os devidos destaques (legibilidade) aos comentários.
Obrigada por nos leres.
Pêndulo,
Agradeço o comentário, felicito pela coragem na partilha desse 'lado lunar'.
(Imagina mais de quinze anos antes a ignorância geral sobre a doença; inclusivé a minha própria ignorância...)
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