Vai ser publicado no número de Junho 2010 da Psychological Medicine um artigo (*) que apresenta os resultados de uma investigação sobre o tratamento da Bulimia Nervosa com recurso à FLUOXETINA.[para saber mais sobre este anti-depressivo ver(aqui) na wikipédia ou (aqui) (Farmácia-Universidade do Porto).
Baseando-se numa amostra de 785 indivíduos concluí pela importância dos resultados (reacção do doente) ao tratamento inicial (primeiras três semanas) como predictores dos resultados do tratamento total. Segue abaixo o resumo em português e a referência geral para quem pretender ler o artigo já disponível on line.
RESUMO
FUNDAMENTOS: A Bulimia Nervosa (BN) é um distúrbio psiquiátrico grave caracterizada por episódios frequentes de compulsão alimentar e comportamentos de compensação inadequados. Muitos estudos concluiram que os medicamentos antidepressivos são eficazes no tratamento da BN. A resposta inicial ao tratamento anti-depressivo, nas primeiras semanas após o início da medicação pode fornecer informações clinicamente úteis sobre a probabilidade de um indivíduo no final to tratamento vir a beneficiar ou não desse tratamento.
OBJECTIVO: Este estudo examina a relação entre as respostas inicial e final à fluoxetina, o único antidepressivo aprovado pela United States Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da Bulimia Nervosa. O estudo tem como objectivo criar orientações para ajudar os médicos a decidir quando alterar o curso do tratamento.
MÉTODO: Foram usados os dados dos dois maiores estudos conduzidos com testes de medicação no caso da BN (n = 785). Foram avaliadas as Receiver operating characteristic curves (ROC) [nota da autora do blogue: associadas à evolução das características dos doentes] para avaliar se a mudança de sintomas durante as primeiras semanas de tratamento se encontra associada à eventual não-resposta à fluoxetina apos a conclusão total do tratamento.
RESULTADOS: Os eventuais não-respondentes à fluoxetina podem ser identificados de forma confiável na terceira semana de tratamento.
CONCLUSÕES: Pacientes com Bulimia Nervosa que não apresentarem um decréscimo em 60% na frequência de compulsão alimentar ou vómitos na terceira semana de tratamento não é provável que respondam à fluoxetina no final do tratamento. Como, no caso da Bulimia Nervosa, não foi encontrada uma relação fiável entre as características antes do tratamento ter início e a eventual resposta à farmacoterapia, a resposta inicial ao tratamento é um dos indicadores disponíveis para orientar o tratamento clínico.
Neste blogue ESQUECIAANA outro post relacionado com este assunto (aqui - uma entrevista sobre a serotonina)
(*) Early response to antidepressant treatment in bulimia nervosa
R. Sysko, N. Sha, Y. Wang, N. Duan and B. T. Walsh (#)
Psychological Medicine, Volume 40, Issue 06, June 2010, pp 999-1005
doi:10.1017/S0033291709991218, Cambridge University Press
(#)Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade de Columbia, Nova York, NY, E.U.A.. syskor@childpsych.columbia.edu
Tive conhecimento desta investigação pelo blogue Are you "Eating With Your Anorexic?" de Laura Collins.
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