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os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Jun 30, 2010

...fazer um plano de prevenção de recaídas (forças e fraquezas)


Transcrevo abaixo o último post de ED Bites [tradução livre de esqueciaana] . O texto original em inglês aqui. Um exercício de identificação de fraquezas e forças e um plano de ataque das fraquesas para antecipar recaídas...

“ Estou a iniciar uma série [de posts] sobre prevenção de recaídas, focando o essencial [ em inglês back to the very basics]. Um dos principais aspectos da prevenção da recaída é antecipar algumas das dificuldades que possa vir a encontrar e criar um plano para lidar com elas para que elas não atrapalhem demasiado. Penso que há um aspecto do planeamento de prevenção da recaída, que não tem merecido muita atenção: avaliação dos pontos fortes. Em que te podes apoiar quando as coisas ficam complicadas e a recuperação fica mais difícil?
Em conjunto forças e fraquezas fornecem o enquadramento a ter em conta no plano de prevenção da recaída.
Aqui está a minha lista:

Forças
bom sistema de apoio
boa equipa de tratamento
boas perpectivas (optimismo)
motivação para me sentir/permanecer melhor
capacidade de usar uma vasta gama de capacidades

Fraquezas
dismorfia corporal (imagem errada do corpo)
solidão
ansiedade
perfeccionismo
passar do pensamento á acção
lidar com a mudança

Depois de ter feito estas listas, peguei em cada uma das dificuldades e fiz uma lista específica de como lidar com os problemas sem ‘usar’ o transtorno alimentar [como ‘resposta’]. Vou partilhar convosco a lista que fiz para lidar com a imagem errada do corpo (dismorfia corporal). Ou seja, passo a ter um plano de resposta quando tiver que lidar com um ataque de “estou uma baleia monstruosa”!

Plano de ataque à dismorfia corporal
-  focar-me no que o meu corpo pode fazer em vez de me concentrar em como é o aspecto do meu corpo
-  participar em actividades desportivas ou dança em vez de realizar exercício sozinha
-  repetir para mim própria: “ O meu corpo é saudável e está bem com este peso.
-  continuar o trabalho de Cognitive behavioral therapy (CBT) para resolver a dismorfia corporal
-  "Os objectos ao espelho são menores do que parecem"
-  Partilhar e discutir meus sentimentos sobre a dismorfia corporal e que mais me está a acontecer
aceitar o facto de que ainda tenho dismorfia corporal e lembra a mim própria: Perder peso não vai resolver nada. A ED (eating desorder = doença do comportamento alimentar) é uma solução de curto prazo para um problema de longo prazo .

Esta lista não está  completa. Mas a questão da dismorfia corporal é muito importante para mim e a lista é um começo."
Carrie

Fonte:ed bites blogue aqui.

Jun 28, 2010

... "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos..." (Saint-Exupéry)


Antoine Saint-Exupéry é principalmente conhecido por ser o autor do livro O Princepezinho.
Nasceu em Lyon a 29 de Junho de 1900. Foi escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial.
Nesta efeméride vale a pena recordar um pequeno texto que gostamos de revisitar. E sempre com alguma emoção.


"... Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o princepezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o princepezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.
- conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o princepezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o princepesinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
- Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.
O princepezinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...
... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntar, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples:
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
Foi o tempo que tu perdes-te com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.
Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa..."
 
Fonte original do texto O pricepezinho. Texto copiado do blogue Cópia Exacta (aqui).
Os destaques são de esqueciaana.

Jun 26, 2010

... Anorexia Masculina (Jornal da Noite TVI 26.06.2010)


A TVI acabou de transmitir um curta peça sobre Anorexia Masculina com os depoimentos de dois doentes e de um médico (Dr. Roma Torres) um nutricionista (Dr. Póvoas) um elemento da AFAAB. O video da reportagem (de Sofia Vieira da Silva com imagem de Nuno Gomes e Norberto Sousa). A anorexia masculina continua a ser quase desconhecida.
Mais neste blogue esqueciaaana sobre Anorexia no Masculino (aqui) ou fazendo search "Anorexia no Masculino".
Fotografia de Laura Pannack

Jun 25, 2010

...1º Congresso Internacional de Anorexia e Bulimia (26 Junho, Lisboa)

Tive conhecimento desta notícia no site do Alto Comissariado para a Saúde. O encontro é já amanhã. Segue o programa. Mais informação pode ser obtida na página do Encontro aqui.
O Programa abaixo também pode ser encontrado aqui em formato pdf.http://ciab.institutotaniaestrada.pt/Programa.pdf
O encontro é aberto a Médicos, Psicólogos, Dietistas, Nutricionistas, Enfermeiros, Sociólogos, Professores, Familiares, Estudantes Universitários e Assistentes Sociais. Pela composição do Comite Científico são de esperar boas comunicações e debates. Regista-se como muito positiva também a inclusão de uma jornalista, numa área em que os meios de comunicação são tão importantes.


Programa:
09h00 - Recepção e credenciação
09h30 - Sessão de Abertura
09h45 - Espelho Mágico: um trabalho da Jornalista Teresa Botelheiro
10h00 - Reencontro com o Espelho: O Corpo e o Silêncio das Emoções
Prof.ª Dr.ª Sandra Torres, Doutorada em Psicologia, na área de especialização da Psicologia da Saúde, pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
10h30 - Uma abordagem psicossomática da doença alimentar
Dr.ª Vera Gonçalves, especialização em Psicossomática VIH/SIDA
Outros comportamentos como distúrbios alimentares
CSL - Clínica Saúde de Lisboa
11h00 - Pausa para café
11h15 - O Sintoma na Bulimia: Psicopatologia e Clínica
Dr. Mario Pablo Fuks, São Paulo – Brasil / Argentina
Médico Psiquiatra e Psicanalista, Coordenador do curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea, Instituto Sedes Sapientiae
11h45 - Síndrome da Branca de Neve
Estudos do Instituto Tania Estrada - Dr.ª Teresa Ferreira da Silva
Neuropsicóloga
13h15 - Pausa para almoço
15h00 - Obesidade e extremos
Prof.ª Dr.ª Isabel do Carmo, Médica Endocrinologista, Directora do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Santa Maria
15h45 - Psicoterapias
Dr. Enrique Berbel, Madrid - Espanha
Psicólogo Clínico e Coordenador dos grupos de apoio de ADANER (Asociación en Defensa de la Atención a la Anorexia Nerviosa y Bulimia)
16h15 - Comer ou não Comer: eis a Questão? Parece que não!
Dr. Paulo Sargento, Psicólogo, docente na Universidade Lusófona
7h15 - As doenças alimentares atacam as fronteiras
Alexandra Fernandes – Entrevista
18h00 - Encerramento do Congresso
Destinatários: Médicos, Psicólogos, Dietistas, Nutricionistas, Enfermeiros, Sociólogos, Professores, Familiares, Estudantes Universitários e Assistentes Sociais.

Local: Auditório Agostinho da Silva
Universidade Lusófona (Campo Grande, nº 376, LISBOA)

COMITÉ CIENTÍFICO
Instituto Tania Estrada
O Instituto Tania Estrada tem dinamizado várias especialidades na área da Saúde Pública e Privada, promovendo o conceito "Ser Técnico da Saúde" e "Ser Pessoa". É uma forma de marcar a diferença encontrando um brilho pessoal, com resultados positivos na proximidade com Utentes e Clientes.
Construir a auto-estima na Investigação da Saúde Mental dos casos de Anorexia, Bulimia e outras doenças do Comportamento alimentar e assim expandir a noção das suas próprias possibilidades.

Tendo lançado no decorrer do ano de 2009 o 1º Concurso de Investigação em Anorexia e Bulimia, após candidaturas avaliadas foram apuradas duas categorias:
• Prémio de Estudo Científico Dr.ª Sandra Torres: Reencontro nos Espelho,
• Prémio de Iniciativa (com cariz de divulgação e de responsabilidade social)
Neste momento a Drª TANIA ESTRADA além do anterior Concurso lançou em Portugal uma iniciativa inovadora:
O 1º Congresso Internacional de ANOREXIA e BULIMIA.

Consultar vídeos das entrevistas nos Media:
RTP Memória - Programa Virar de Página, tema da ANOREXIA
Entrevista com a Dr.ª Tania Estrada, Especialista em Anorexia e Bulimia

Prof.ª Dr.ª ISABEL DO CARMO (Portugal)
Médica Especialista em Endocrinologia, Professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, Co-Fundadora do Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar (Sociedade Científica) actualmente presidente do Conselho Científico da Plataforma contra a Obesidade (Direcção Geral da Saúde). Brasil / Argentina)
Dr. MARIO PABLO FUKS (São Paulo – Brasil / Argentina)Médico Psiquiatra e Psicanalista, Coordenador do curso Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea, Instituto Sedes Sapientiae.
Dr. ENRIQUE BERBEL (Espanha)
Psicologo Clinico e Coordenador dos grupos de apoio de ADANER (Asociación en Defensa de la Atención a la Anorexia Nerviosa y Bulimia) en Madrid.
Dr.ª SANDRA TORRES (Portugal)
Prémio de Estudo Científico
Na área da Investigação a Drª Sandra Torres é Doutorada em Psicologia, actualmente professora na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal.
A sua Contribuição para o Estudo da Adaptação Portuguesa da Entrevista de Diagnóstico das Perturbações do Comportamento Alimentar-IV (IDED-IV) Específica para a Anorexia Nervosa pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal
Foi considerado pelo Instituto Tania Estrada uma referência na Investigação, contributo este a ser apresentado no Congresso Internacional.
Dr.ª VERA GONçALVES (Portugal)
Mestrado em Psicossomática – Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA)
Áreas de Interesse e Focos de Investigação:
- A Adesão à Terapêutica Anti-Retroviral em doentes com VIH/SIDA
- Educação para a Saúde nas Áreas da Sexualidade e Comportamento Alimentar
- Síndrome de Lipodistrofia e as Perturbações do Comportamento Alimentar
Dr.ª TERESA FERREIRA DA SILVA (Portugal)
Neuropsicóloga, Avaliação Psicológica Modelo Relacional Dialógico, Escola de Quintino Aires, Lisboa, Portugal
Psicóloga Clínica,tendo vindo a prestar um importante contributo para os estudos de investigação do síndrome de Branca de Neve no gabinete de Investigação Interno criado na Quinta partilha pela mentora do Instituto Tania Estrada a comunidade portuguesa no tratamento e investigação das doenças Anorexia e Bulimia.
TERESA BOTELHEIRO (Portugal)
Jornalista
Prémio de Iniciativa (com cariz de divulgação e de responsabilidade social)

Imagem: cartaz do Congresso.

Jun 22, 2010

...Tratamento da Anorexia nervosa pelo método Maudsley

Uma recente notícia publicada pelo Chicago Tribune sobre o Método Maudsley que envolve uma participação elevada da família no processo de tratamento e recuperação da Anorexia Nervosa. A evidência científica dos resultados é ainda insuficiente. Desconhecemos se em Portugal este método é aplicado e com que resultados.
Para ler a notícia em inglês publicada há dois dias (aqui)
Para saber mais sobre este método ainda pouco divulgado/aplicado ver por exemplo (informação em inglês e castelhano):
Maudsley Parents: Informação sobre doenças do comportamento alimentar e tratamento baseado na família. Inclui lista de terapeutas e centros de tratemnto. Mais em : maudsleyparents.org (informação em castelhano mais abaixo)
•F.E.A.S.T.: Families Empowered and Supporting Treatment of Eating Disorders é um grupo de apoio para os pais e cuidadores. Desenvolve um forum chamado "Around the Dinner Table"[à volta da mesa ]. Mais em: feast-ed.org
The University of Chicago Eating Disorder Program: Este programa universitário é dirigido pelo pioneiro do método Maudsley, Daniel Le Grange, o programa da Universidade de Chicago é um dos poucos sites em Illinous que utiliza o tratamento assente na família para a anorexia e bulimia.  Mais informação em:  eatingdisorders.uchicago.edu
The Training Institute for Child and Adolescent Eating Disorders: Treina e certifica terapeutas no âmbito das terapias assentes na família. A página possui informação sobre formação/workshops para clínicos e um lista actualizada de terapeutas neste tipo de terapias. Mais em: train2treat4ed.com
LIVROS dois livros sobre as terapias assentes na família, "Help Your Teenager Beat an Eating Disorder" by James Lock and Daniel Le Grange ( o pioneiro da terapia, CV aqui) e  "Eating With Your Anorexic" de  Laura Collins (blogue da autora aqui).


Em castelhano, informação da própria organização que promove o método:

http://www.maudsleyparents.org/informaciónenespañol.html

Foto flickr CC (aqui)

Jun 19, 2010

...sites pró-anorexia e pró-bulimia (investigação de 180 sites pela Universidade de Stanford / Hopkins)

Foram ontem divulgados os primeiros resultados de um estudo cujas linhas gerais se encontram na notícia de Erin Digitale, publicada no site da Universidade de Stanford (aqui), Pela primeira vez se realizou um estudo envolvendo um número considerável de sites pró-anorexia e pró-bulimia (180 no total) todos em língua inglesa. Segue-se a tradução da notícia (o original pode ser lido aqui). Neste blogue, por várias vezes referimos esta questão (vários aqui) . A chamada de atenção para os especilistas feita por uma das investigadoras é muito importante.

"Primeira investigação em larga escala dos sites pró-anorexia e pró-bulimia conduzido por investigadores da Universidade de Stanford / Hopkins

Sites que promovem a anorexia e a bulimia constituem comunidades interactivas onde os utilizadores/visitantes podem incentivar-se mutuamente a desenvolver comportamentos alimentares pouco saudáveis, apesar de a maioria desses sites também reconhecer os distúrbios do comportamento alimentar como uma doença. Este é um dos resultados de uma nova pesquisa da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e da Stanford University School of Medicine.



O estudo, a primeira análise em grande escala de sites pró - distúrbios alimentares, salienta as emoções complexas com que os doentes com transtornos alimentares enfrentam, e oferece informações importantes sobre a variedade de material que os doentes podem encontrar on-line quando procuram o apoio de seus pares.

"Esses sites são bastante diversificados", disse Rebecka Peebles, médica  responsável pelo estudo, que foi publicado em 17 Junho de 2010 [ontem] na American Journal of Public Health [referência e resumo do artigo no fim deste post (*)] "Alguns sites têm informações muito violenta [ no original hard-core] sobre como intensificar o transtorno alimentar, alguns têm conteúdo pro-recuperação e muitos têm uma combinação de ambos." Rebecka Peebles é professora de Pediatria na Universidade de Stanford e especialista em Medicina Adolescente no Eating Disorders Program do Hospital Infantil Lucile Packard.

A Anorexia e a Bulimia afectam cerca de 1 e 2 por cento das mulheres jovens, respectivamente, bem como um número menor de homens. Os doentes com Anorexia mantêm um peso muito baixo temem ganhar peso apesar de serem perigosamente magros. Os doentes com Bulimia repetidamente ingerem grandes quantidades de alimentos, e em seguida, "purgam" as calorias por vómitos, uso abusivo de laxantes ou diuréticos ou excesso de exercício. Ambas as doenças podem causar graves problemas de saúde a longo prazo, e casos graves pode levar à morte.

A investigação analisa 180 sites que foram encontrados utilizando termos de busca como o “Pro-Ana,” “Pro-Anorexia,” “Pro-Bulimia” e “Thin and Support.” Os pesquisadores avaliaram a logística básica de cada site; ferramentas como fóruns interactivos ou contadores de calorias; temas (incluindo o controle, o sucesso e a perfeição); imagens “thinspiration” [inspiradoras da magreza] "imagens, truques e técnicas para perda de peso e informação sobre recuperação. Os investigadores atribuíram a cada site uma pontuação em relação a “danos apercebidos” com base na sua avaliação de quão prejudicial o site seria para os utilizadores.

Quase 80 % dos sites tinha características interactivas, 85 % exibia materiais "thinspiration" (tais como fotos de modelos muito magras ou ‘celebridades´) e 83 % oferecia sugestões sobre como se envolver em comportamentos de transtorno alimentar. No entanto, a maioria dos sites reconhece que os transtornos alimentares são uma doença e menos de 20 por cento retrata os transtornos alimentares como um estilo de vida. E mais de um terço incluía informação sobre recuperação. 24% dos sites tiveram pontuações altas de percepção de danos (4 ou 5 numa escala de 1 a 5), o resto dos sites receberam pontuações médias ou danos baixos.

"Apesar de sites pró-anorexia e pró-bulimia [também conhecidos como pró-ana e pró-mia] serem frequentemente retratados de forma simplista, a preto e branco, na maioria deles existe uma mistura, um continum e cinzento", disse Peebles. É provável que isso seja o resultado da mistura de sentimentos dos doentes têm sobre sua doença. Acrescentou: "Muitas pessoas com comportamentos de transtorno alimentar têm dias em que querem melhorar, e outros dias em que não têm nenhum interesse em ficar melhor. Os sites reflectem as características individuais das pessoas que os visitam [e obviamente dos autores, acrescentamos] "

Os médicos que tratam de distúrbios alimentares e os familiares dos doentes com transtornos alimentares, devem estar conscientes de que esses sites existem, que são de fácil acesso e podem ajudar a reforçar os padrões de distúrbios alimentares, concluiu Peebles.

"Se esses sites nos afectam, o foco no nível de saúde pública deve ser  perguntarmo-nos  como é que podemos chegar perto de e tratar mais doentes, e como nós, como fornecedores [de cuidados de saúde] podemos reagir melhor aos sentimentos difíceis que as pessoas com transtornos alimentares sentem, disse a investigadora. "Actualmente, muitos pacientes visitam a Internet para expressar esses sentimentos, ao invés de tratá-los através de modelos tradicionais de cuidados, como a psicoterapia."

Outros autores do estudo incluem, Dina Borzekowski, de John Hopkins School of Public Health, e Jenny Wilson, MD, pediatra residente no hospital infantil Lucile Packard."

(*)Referência e Rseumo do artigo que inclui os principais resultados desta ivestigação:

Dina L.G. Borzekowski, Summer Schenk, Jenny L. Wilson, and Rebecka Peebles
e-Ana and e-Mia: A Content Analysis of Pro–Eating Disorder Web Sites
Am J Public Health, Jun 2010; doi:10.2105/AJPH.2009.172700
OBJECTIVO: a Internet disponibiliza sites que descrevem, apoiam e incentivam os distúrbios alimentares. Examinamos os aspectos desses sites e as mensagem a que os utilizadores são expostos.  
MÉTODOS: Conduzimos um estudo sistemático de análise de conteúdo a 180 sites activos, registando a logística, as ferramentase funcionalidades, a thinspiration, os truques e dicas, recuperação, temas e danos apercebidos (pelos investigadores). 
RESULTADOS: Praticamente todos os sites (91%) estão abertos ao público, e a maioria (79%) possui funcionalidades interactivas. Uma larga maioria (84%) tinham um conteúdo pró-anorexia, e 64% um conteúdo pró bulimia. Poucos sites se referiam aos distúrbios alimentares como um estilo de vida Thinspiration surgia em  85%dos sites, e 83% forneciam sugestões claras sobre como se envolver em comportamentos de transtorno alimentar. Trinta e oito por cento dos sites incluia informação ou links relativos a recuperação.Temas comuns são sucesso, controlo, perfeição e solidariedade.
CONCLUSÃO - Os sites pró-anorexia e pró-bulimia apresentam material que encoraja, apoia e motiva os utilizadores do site a continuar os seus esforços pela anorexia e bulimia. Um acompanhamento desses sites podeerá fornecer informação valiosa para conseguir um melhor conhecimento dos efeitos desses sites sobre os utilizadores.

Jun 17, 2010

..." ex anoretica (crónica) feliz! " (testemunho)

Publicado originalmente (aqui, página AFAAB), transcrevo integralmente este testemunho de

ex anoretica (cronica) feliz!
2010-06-11, maria

"Ola. sou uma entre tantas que pensou durante anos que o sua unica Amiga era a Anorexia e o único destino co-habitar com ela o resto da vida.
Até que passados mais de 20 anos de AB (anorexia bulimia), que passaram 1º pela acomodação, depois pela luta, mais tarde pela submissão total à doença e que é a pior fase de todas.. em que nos rendemos por completo às ordens da doença, em que é ela que dita todas as regras de como sermos felizes e só o somos com um corpo magro, cada vez mais magro... só que ao mesmo tempo vem o cansaço, o profundo cansaço de tudo: de nós mesmas, da doença, os medos, as obsessoes cada vez maiores..o fim da linha aproxima-se com sequelas fisicas enormes (hemorragias de isofago, descalcificaçao óssea), isolamento social, afastamento de quem nos ama.. e a classe médica a não acreditar na nossa recuperação.. excepto uma.. a Drª Dulce Bouça... que acreditou em mim qdo eu ja não acreditava, que desde o inicio sempre me disse nao existirem casos perdidos.. e assim foi devagarinho reerguendo o meu mundo, a minha vontade..convençendo-me de que era possivel ser MAGRA e SAUDAVEL (pq ela sabe que é fundamental para nós sabermos que nao vamos engrodar, ela como profunda conhecedora da nossa doença conhece mt bem os nossos medos), controlar o nosso corpo de forma saudavel... e até que hoje, após um internamento feito há 4 anos, posso dizer que estou VIVA e feliz, liberta das grades da prisão que me mantinha tão longe e ao mesmo tempo tão perto do vosso mundo..
Basta parar com o ritual do vómito, para que a Vida volte para nós de novo.. é ao mesmo tempo tão fácil e tão dificil.. o meu conselho às meninas que estão doentes é que a Vida é bonita demais e está sempre aqui à nossa espera.. nunca percam as esperanças e acreditem que podem ser magras e saudáveis.. os médicos sabem mt bem o que fazem qdo nos reeducam a comer..
Muito tinha para dizer e já tenho dito (inclusive m testemuhno está na revista do ndca) na net.. mas fico-me por aqui.

bjs a todos que sofrem desta doença e um B Haja enorme à m gde médica e amiga Drª Dulce Bouça e à equipa do HSM: DRª Jennifer, Drª Silvia, Drª Filomena, Drª Lara, enfermeiros maravilhosos.. todos os que me deram a mão na altura em que deixei a mão da doença e caminhei rumo à vida, todos os que me ajudaram a subsituir as regras de destruiçao e desnutrição da doença pelas regras da saúde e da Vida e da Felicidade!
obs: desculpem qq erro de escrita, mas estou com um pouco de pressa de momento."

Foto flickr cc (aqui) [batalha de almofadas em Toronto 2008]

Jun 16, 2010

...dia de trabalho conjunto com Famílias e Doentes (dia 26 de Junho, sábado, HSJ Porto)

Divulgamos esta informação recebida da AFAAB:

...Anorexia e Bulimia: tratamento (in) voluntário III (Testemunho de uma mãe)

Transcrevo mais comentários recebidos. O seguinte de uma mãe, julgo que poderá ser subscrito por muitas mães e outros familiares.

Anónimo disse...

"Sou mãe de uma jovem com 16 anos que está com anorexia nervosa. Reconheço os sintomas, reconheço o perfil, encontro muita informação sobre a própria doença mas sinto-me impotente pois não sei como agir e sobre isso ainda não encontrei "receitas"... Já a levei a consultas de distúrbios alimentares mas detestou de tal forma o psiquiatra que se recusa a acompanhar-me a nova consulta. O que fazer agora? Não a consigo meter no carro à força! Sinto-me perdida... "



Leo Curcino disse...

e a discussão não pode parar!


Jun 9, 2010

...Anorexia e Bulimia : tratamento (in) voluntário ?- II [ testemunhos ]

O post anterior (aqui) recebeu até agora três comentários que muito agradeço e abaixo reproduzo:

Anónima disse...

« Sem dizer ao psiquiatra (especializado em dca) ou mesmo dizendo o contrário, baralhando-o, a Anorexia deixava-me alguns momento de lucidez, totalmente vividos em silêncio. Um IMC de 12,9, vomitos constantes, jejuns, muito exercício... A lucidez de que falo era esta frase que me ficava na cabeça: "dr interne-me, obrigue-me a ir, não me dê escolha porque eu não posso escolher tratar-me dessa maneira". Nunca disse a frase, mas ainda hoje ela cá está...e nunca a vou conseguir dizer, e talvez por isso nunca me cure.Porquê? Porque não iria pela minha "vontade", mas nao iria contrariada...estranho? sim, mas é demasiado pesado pedir a alguém que quase morreu de magreza para decidir alimentar-se e aumentar o peso... Quantas de nós não se querem curar, mas cá dentro há um "eu quero curar-me mas não quero aumentar o peso" embora saibamos, racionalmente, que não há uma coisa sem a outra...Não sei o que me vai acontecer...mas há dias emque só quero que o corpo me assuste, me internem, e me deixem lá ficar até ser capaz de tomar conta de mim...um testemunho sincero»

Dark AM disse...

« Fui ao blog da psicóloga e li sobre o assunto. Há uma coisa que é uma grande verdade e que custa muito para quem está doente ou já foi doente: atirar-nos à cara que nós é que escolhemos ter a doença. Não pensam, se fosse uma escolha não era considerado uma doença. O que custa é quando são os próprios pais a dizer isso. »
foreveryoung disse...

tenho um post novo QUERIDA ESQUECIAANA... =)

Fotografia de Laura Pannack (aqui a galeria)

Jun 5, 2010

... Anorexia e Bulimia : tratamento (in)voluntário? -I

O texto que abaixo transcrevo pode ser polémico, mas levanta uma questão (comparando dois tipos de doenças mentais) a meu ver muito importante: deve deixar-se exclusivamente à vontade do doente (com Anorexia Nervosa) a decisão de se tratar? Esta questão é ainda mais importante quando o doente é maior de idade. Qual a responsabilidade da sociedade? Levanta questões delicadas de liberdade individual. Lembrando um dito popular português "O doente não tem querer". A minha opinião é que em cada caso deveria ser vista a situação e benefícios de 'tratamento forçado'. Num artigo de Maio de 2009 publicado no International Journal of Eating Disorders IJED), Lopez, Yager, e Feinstein no artigo Medical Futility and Psychiatry: Palliative Care and Hospice Care as a Last Resort in the Treatment of Refractory Anorexia Nervosa, IJED, Volume 43 Issue 4, p. 372 - 377 , descrevem o caso de uma doente com anorexia que depois de muitos anos de doença faleceu. Na opinião de Sarah Ravin, psicóloga norte americana, que possui um blogue (aqui) o caso relatado nesse artigo discute como os serviços de saúde nos Estados Unidos os profissionais , a sociedade e as famílias ainda lidam de forma inadequada com a doença. O texto original em inglês pode ser lido aqui. Segue uma tradução parcial:

"O que há de errado com este caso? [ o caso relatado no artigo acima] A morte prematura de um jovem é sempre uma tragédia. Mas quando um jovem morre de uma doença tratável, é ainda pior. [...] Imagine, agora, que em vez de Anorexia Nervosa (AN) a doente sofria de Atraso Mental grave (AM) . A um paciente com a AM, não seria permitido envolver-se em comportamentos auto-agressivos. Se o doente não conseguisse comer sózinho, a família , uma enfermeira ou alguém que dele cuidasse iria preparar as refeições e alimentá-la à colher. Se o doente se envolvesse em em actividades físicas repetitivas que colocassem em perigo a sua saúde, o doente seria impedido para sua segurança. Se a família não fosse capaz de cuidar de um doente com AM, seria colocado num centro de tratamento ou similar. O custo desses serviços, mesmo nos Estados Unidos, seria subsidiado pelo governo. Permitir que uma pessoa com AM passasse fome seria considerado cruel e desumano. Mas para uma pessoa com Anorexia Nervosa (AN) já estaria bem?
Em certa medida é irónico pois ambas as doenças [Atraso Mental Grave (AM) e Anorexia nervosa (AN)] são doenças mentais de base biológica que resultam numa incapacidade para satisfazer as necessidades básicas do corpo. AM é, por definição, uma doença para toda a vida, incurável, que provoca efeitos muito negativos no comportamento.

A Anorexia Nervosa (AN) é no entanto tratável, e muitas pessoas ficam completamente curadas. Ao contrário da maioria das pessoas com AM, as pessoas com AN são pessoas com uma capacidade para formar relacionamentos íntimos, alcançar níveis académicos elevados, ter carreiras de relevo, independentemente da função, e dar enormes contibutos para a sociedade.
A sociedade tem contribuido muito para a melhoria do bem estar dos doentes com AM. Temos a ética médica, orientações jurídicas e programas de governo para proteger esses doentes e garantir que suas necessidades sejam satisfeitas. (...) são oferecidos apoios durante o tempo que precisam, em geral durante toda a vida. Mas para alguém com AN o tratamento pode terminar quando o seguro (de saúde) acaba, ou quando os pais ou a equipa de tratamento ficam fartos. Ou quando um juiz decide que o tratamento ainda não deve ser iniciado.

Note-se, não nos estamos a referir às pessoas com AN como sendo "mais interessante" do que pessoas com AM e, portanto, "mais merecedores" de recursos. Muito pelo contrário. Acreditamos que todos os seres humanos, independentemente da doença física ou mental, deficiência, raça, sexo, religião ou orientação sexual, merecem a preços acessíveis, serviços de saúde eficazes ao longo da sua vida. Porque é que temos falhado no tratamento de pessoas com AN mas temos cuidado bem de pessoas com AM? Porque a maioria das pessoas na sociedade, e muitas na minha própria profissão [psicóloga], acreditam que a anorexia nervosa é uma escolha.
Ninguém, nem mesmo uma criança, acredita que as pessoas escolhem um Atraso Mental. Então, porque é que muitos profissionais acreditam que o tratamento dos pacientes com Anorexia nervosa devem ser motivados para se recuperar, iniciar o tratamento de boa vontade, e gerir os seus sintomas por conta própria? Ninguém espera em relação a pessoas com AM tornarem-se motivadas a recuperar, o que fazem é fornecer-lhes os serviços, e ninguém espera que eles (os doentes com Atraso Mental) façam a gestão dos seus problemas sozinhos. Porque é que o nosso sistema legal [ Estados Unidos] considera que um adulto com um IMC de 10, que corre 15 milhas por dia e não pode alimentar-se é competente para tomar as suas decisões de saúde? Convenhamos...podemos fazer muito melhor do que isso. " Sarah Ravin (psicóloga)

Jun 3, 2010

..."Imagem corporal e comportamentos de risco para transtornos alimentares em bailarinos profissionais"(investigação)

O artigo que a seguir se apresenta o resumo pode ser lido na integra na base Scielo (aqui)

Revista Brasileira de Medicina do Esporte ,vol.16 no.2 Niterói mar./abr. 2010
Imagem corporal e comportamentos de risco para transtornos alimentares em bailarinos profissionais /Body image and risk behavior for eating disorders in professional ballet dancers
Lena Guimarães Ribeiro; Gloria Valeria da Veiga
Instituto de Nutrição Josué de Castro - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
RESUMO
INTRODUÇÃO E OBJETIVO: A grande preocupação com a aparência e a forma física e a constante pressão para manterem baixo peso corporal são fatores que levam a distorções da imagem corporal e tornam os bailarinos um grupo de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares (TA). O objetivo deste estudo foi avaliar a percepção da imagem corporal e sua associação com comportamentos de risco para TA em bailarinos profissionais.
MÉTODOS: Foram estudados 61 bailarinos (39 mulheres e 22 homens) de uma instituição representante da elite do balé clássico brasileiro. A avaliação dos comportamentos de risco para TA foi feita com base nas versões em português dos questionários
Eating Attitudes Test (EAT-26) e Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE). A Escala de Silhuetas de Stunkard foi utilizada para avaliação da percepção da imagem corporal. A associação entre as variáveis foi avaliada com base na razão de prevalência (RP) e seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%.
RESULTADOS: Trinta e um bailarinos (50,8%) gostariam de ter a silhueta menor que a autopercebida como usual. A presença de comportamentos de risco para TA foi 2,71 vezes maior (IC 95% = 1,02 - 7,18) entre os que desejavam ter silhueta menor que a usual e 2,64 vezes maior (IC 95% = 1,20 - 5,80) entre aqueles que desejavam ter silhueta menor que a considerada mais saudável, quando comparados com os que estavam satisfeitos com a sua silhueta. CONCLUSÃO: A alta frequência de insatisfação com o corpo encontrada pode estar colaborando para ocorrência de comportamentos de risco para TA nos bailarinos investigados.
Palavras-chave: dança, anorexia nervosa, bulimia nervosa.
fotografia flickr CC (aqui)