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Jun 19, 2010

...sites pró-anorexia e pró-bulimia (investigação de 180 sites pela Universidade de Stanford / Hopkins)

Foram ontem divulgados os primeiros resultados de um estudo cujas linhas gerais se encontram na notícia de Erin Digitale, publicada no site da Universidade de Stanford (aqui), Pela primeira vez se realizou um estudo envolvendo um número considerável de sites pró-anorexia e pró-bulimia (180 no total) todos em língua inglesa. Segue-se a tradução da notícia (o original pode ser lido aqui). Neste blogue, por várias vezes referimos esta questão (vários aqui) . A chamada de atenção para os especilistas feita por uma das investigadoras é muito importante.

"Primeira investigação em larga escala dos sites pró-anorexia e pró-bulimia conduzido por investigadores da Universidade de Stanford / Hopkins

Sites que promovem a anorexia e a bulimia constituem comunidades interactivas onde os utilizadores/visitantes podem incentivar-se mutuamente a desenvolver comportamentos alimentares pouco saudáveis, apesar de a maioria desses sites também reconhecer os distúrbios do comportamento alimentar como uma doença. Este é um dos resultados de uma nova pesquisa da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e da Stanford University School of Medicine.



O estudo, a primeira análise em grande escala de sites pró - distúrbios alimentares, salienta as emoções complexas com que os doentes com transtornos alimentares enfrentam, e oferece informações importantes sobre a variedade de material que os doentes podem encontrar on-line quando procuram o apoio de seus pares.

"Esses sites são bastante diversificados", disse Rebecka Peebles, médica  responsável pelo estudo, que foi publicado em 17 Junho de 2010 [ontem] na American Journal of Public Health [referência e resumo do artigo no fim deste post (*)] "Alguns sites têm informações muito violenta [ no original hard-core] sobre como intensificar o transtorno alimentar, alguns têm conteúdo pro-recuperação e muitos têm uma combinação de ambos." Rebecka Peebles é professora de Pediatria na Universidade de Stanford e especialista em Medicina Adolescente no Eating Disorders Program do Hospital Infantil Lucile Packard.

A Anorexia e a Bulimia afectam cerca de 1 e 2 por cento das mulheres jovens, respectivamente, bem como um número menor de homens. Os doentes com Anorexia mantêm um peso muito baixo temem ganhar peso apesar de serem perigosamente magros. Os doentes com Bulimia repetidamente ingerem grandes quantidades de alimentos, e em seguida, "purgam" as calorias por vómitos, uso abusivo de laxantes ou diuréticos ou excesso de exercício. Ambas as doenças podem causar graves problemas de saúde a longo prazo, e casos graves pode levar à morte.

A investigação analisa 180 sites que foram encontrados utilizando termos de busca como o “Pro-Ana,” “Pro-Anorexia,” “Pro-Bulimia” e “Thin and Support.” Os pesquisadores avaliaram a logística básica de cada site; ferramentas como fóruns interactivos ou contadores de calorias; temas (incluindo o controle, o sucesso e a perfeição); imagens “thinspiration” [inspiradoras da magreza] "imagens, truques e técnicas para perda de peso e informação sobre recuperação. Os investigadores atribuíram a cada site uma pontuação em relação a “danos apercebidos” com base na sua avaliação de quão prejudicial o site seria para os utilizadores.

Quase 80 % dos sites tinha características interactivas, 85 % exibia materiais "thinspiration" (tais como fotos de modelos muito magras ou ‘celebridades´) e 83 % oferecia sugestões sobre como se envolver em comportamentos de transtorno alimentar. No entanto, a maioria dos sites reconhece que os transtornos alimentares são uma doença e menos de 20 por cento retrata os transtornos alimentares como um estilo de vida. E mais de um terço incluía informação sobre recuperação. 24% dos sites tiveram pontuações altas de percepção de danos (4 ou 5 numa escala de 1 a 5), o resto dos sites receberam pontuações médias ou danos baixos.

"Apesar de sites pró-anorexia e pró-bulimia [também conhecidos como pró-ana e pró-mia] serem frequentemente retratados de forma simplista, a preto e branco, na maioria deles existe uma mistura, um continum e cinzento", disse Peebles. É provável que isso seja o resultado da mistura de sentimentos dos doentes têm sobre sua doença. Acrescentou: "Muitas pessoas com comportamentos de transtorno alimentar têm dias em que querem melhorar, e outros dias em que não têm nenhum interesse em ficar melhor. Os sites reflectem as características individuais das pessoas que os visitam [e obviamente dos autores, acrescentamos] "

Os médicos que tratam de distúrbios alimentares e os familiares dos doentes com transtornos alimentares, devem estar conscientes de que esses sites existem, que são de fácil acesso e podem ajudar a reforçar os padrões de distúrbios alimentares, concluiu Peebles.

"Se esses sites nos afectam, o foco no nível de saúde pública deve ser  perguntarmo-nos  como é que podemos chegar perto de e tratar mais doentes, e como nós, como fornecedores [de cuidados de saúde] podemos reagir melhor aos sentimentos difíceis que as pessoas com transtornos alimentares sentem, disse a investigadora. "Actualmente, muitos pacientes visitam a Internet para expressar esses sentimentos, ao invés de tratá-los através de modelos tradicionais de cuidados, como a psicoterapia."

Outros autores do estudo incluem, Dina Borzekowski, de John Hopkins School of Public Health, e Jenny Wilson, MD, pediatra residente no hospital infantil Lucile Packard."

(*)Referência e Rseumo do artigo que inclui os principais resultados desta ivestigação:

Dina L.G. Borzekowski, Summer Schenk, Jenny L. Wilson, and Rebecka Peebles
e-Ana and e-Mia: A Content Analysis of Pro–Eating Disorder Web Sites
Am J Public Health, Jun 2010; doi:10.2105/AJPH.2009.172700
OBJECTIVO: a Internet disponibiliza sites que descrevem, apoiam e incentivam os distúrbios alimentares. Examinamos os aspectos desses sites e as mensagem a que os utilizadores são expostos.  
MÉTODOS: Conduzimos um estudo sistemático de análise de conteúdo a 180 sites activos, registando a logística, as ferramentase funcionalidades, a thinspiration, os truques e dicas, recuperação, temas e danos apercebidos (pelos investigadores). 
RESULTADOS: Praticamente todos os sites (91%) estão abertos ao público, e a maioria (79%) possui funcionalidades interactivas. Uma larga maioria (84%) tinham um conteúdo pró-anorexia, e 64% um conteúdo pró bulimia. Poucos sites se referiam aos distúrbios alimentares como um estilo de vida Thinspiration surgia em  85%dos sites, e 83% forneciam sugestões claras sobre como se envolver em comportamentos de transtorno alimentar. Trinta e oito por cento dos sites incluia informação ou links relativos a recuperação.Temas comuns são sucesso, controlo, perfeição e solidariedade.
CONCLUSÃO - Os sites pró-anorexia e pró-bulimia apresentam material que encoraja, apoia e motiva os utilizadores do site a continuar os seus esforços pela anorexia e bulimia. Um acompanhamento desses sites podeerá fornecer informação valiosa para conseguir um melhor conhecimento dos efeitos desses sites sobre os utilizadores.

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