Muitas vezes se ouve dizer..."os jovens não sabem o que querem" "nunca estão satisfeitos com nada" "não medem as consequências" etc etc.
As respostas abaixo dadas por uma neurocientista talvez ajudem a perceber esses comportamentos.
Qual a vossa opinião?
O jornal Público de hoje no Cadero P2 Lx, p.4. (31 de Outubro 2011) publica uma interessante entrevista a Sarah-Jayne Blakemore especialista em neurociência cognitiva no University College em Londres (participante no Forum Gulbenkian de Saúde, "Labirintos da Adolescência") conduzida por Ana Gerchenfeld.
Três das perguntas que lhe foram colocadas e transcrevemos com sublinhados do esqueciaana:
"Quais as diferenças entre o cérebro adolescente e o adulto"?
"Sabemos que, pelo menos no cortéx pré-frontal, a parte da frente do cérebro, envolvido em muitas funções cognitivas superiores como a tomada de decisões e a planificação, ou ainda a consciência de si e as interacções sociais, o número de sinapses (as ligações entre os neurónios) é muito maior no início da adolescência do que na idade adulta. Durante a adolescência, esse número de ligações vai reduzir-se drasticamente. Nas imagens de ressonância magnética, o que vemos é uma redução do volume de matéria cinzenta do cérebro. Por outras palavras, o córtex do cérebro adolescente contém mais matéria cinzenta do que o córtex do cérebro adulto. Isto não é realmente uma coisa boa e, ao longo da adolescência, o excesso de sinapses, de ligações neuronais, vai sendo eliminado, permitindo que o córtex funcione de forma mais eficiente. Acho que é provavelmente o excesso de matéria cinzenta que mais caracteriza o período da adolescência"
É algo como uma receita para uma 'tempestade perfeita' no cérebro?
"O que aontece é que algumas regiões cerebrais estão mais desenvolvidas do que outras durante a adolescência, porque as diferentes regiões cerebrais apresentam trajectórias diferentes de desenvolvimento.
Por exemplo, as regiões cerebrais que têm a ver com as emoções estão mais desenvolvidas na adolescência do que o córtex pré-frontal, que, como vimos, ainda está longe da maturidade. Portanto, os adolescentes, que têm vontade de correr riscos desmedidos, que sentem prazer em fazê-lo, ainda não possuem um cortex pré-frontal totalmente funcional que lhes permitem parara e a valiar se devem ou não correr tal ou tal risco. É esse desajustamento entre o desenvolvimento das diversas regiões que pode dar origem a uma 'tempestade perfeita'. Mas não tenho a certeza de que essa expressão seja a descrição mais adequada".
(...)
"Muitas doenças e perturbações mentais surgem durante a dolescência.mesmo que parte da vulnerabilidade individual a essas doenças seja genética, será que o seu trabalho permite vislumbrar maneiras de minimizar os riscos?"
"A única maneira de olhar para este problema consiste em comparar diferentes culturaspara ver se as perturbações psiquiátricas e psicológicas se desenvolvem da mesma forma em cada uma delas. Não sou especialista dessa área, mas atrevo-me a dizer que as mudanças que se verificam no cérebro - e que são desencadeadas pela puberdade - são em grande parte responsáveis pelo aparecimento destas doenças nos adolescentes. É algo que acontece e ponto.Não vai depender muito de factores culturais.
Mas há no entanto situações em que talvez seja possívelminimizar esses riscos. Por exemplo, sabe-se que as perturbações do comportamento alimentar, que se verificam quase sempre na adolescência, variam segundo as culturas. São muito mais frequ~entes nalgumas culturas do que noutras. Portanto este é um caso onde existe provavelmente uma forte interacção entre as alterações biológicas que surgem no cérebro e as pressões sociais. Ora, nós somos capazes de agir sobre as pressões sociais"
(...)
"Muitas doenças e perturbações mentais surgem durante a dolescência.mesmo que parte da vulnerabilidade individual a essas doenças seja genética, será que o seu trabalho permite vislumbrar maneiras de minimizar os riscos?"
"A única maneira de olhar para este problema consiste em comparar diferentes culturaspara ver se as perturbações psiquiátricas e psicológicas se desenvolvem da mesma forma em cada uma delas. Não sou especialista dessa área, mas atrevo-me a dizer que as mudanças que se verificam no cérebro - e que são desencadeadas pela puberdade - são em grande parte responsáveis pelo aparecimento destas doenças nos adolescentes. É algo que acontece e ponto.Não vai depender muito de factores culturais.
Mas há no entanto situações em que talvez seja possívelminimizar esses riscos. Por exemplo, sabe-se que as perturbações do comportamento alimentar, que se verificam quase sempre na adolescência, variam segundo as culturas. São muito mais frequ~entes nalgumas culturas do que noutras. Portanto este é um caso onde existe provavelmente uma forte interacção entre as alterações biológicas que surgem no cérebro e as pressões sociais. Ora, nós somos capazes de agir sobre as pressões sociais"
4 comments:
tenho lido alguns posts, a verdade é q ainda n esqueci a ana, ainda luto, embora os meus colegas na escola nao entendam, que simples almoçar, simples querer sair de casa, ir passear conviver com eles, é uma luta, olhar ao espelho quero muito gostar de mim, de verdade. eu tinha obesidade quando comecei a emagrecer, estive internada em janeiro, e agora tenho recuperado mas a menstruacao nao chega :( estou a ficar obcecada.. alguma dica?
admiro muito a tua força e dedicacao as meninas q tens ajudado com o blog força
Estrela,
Não é uma luta fácil, mas sais vencedora.
Perguntas-me por 'alguma dica', muitas vezes me fazem essa pergunta. Não tenho resposta, pois cada uma de nós consegue encontrar força para sair da doença de diferentes maneiras.
Pensa em tudo o de bom que já fizeste e conseguiste. As vitórias passadas (mesmo que para os outros não passem de pequenissimas vitórias) dão força à luta presente e futura.
Sobre o retorno da menstrução, tens que dar tempo ao tempo. Nem todos os corpos reagem da mesma forma. Há quem continue doente e não a perca há que já esteja curada e tem que esperar que retorne. Se estiveste hospitalizada deves estar a ser acompanha clínicamente sobre esse aspectos. Coloca francamente a questão a quem te acompanha. O corpo sofreu maus tratos não te esqueças disso e portanto pode levar algum tempo até voltar ao normal. Sê confiante, não fiques ansiosa que não ajuda nada.
Oi, posso copiar as frases ao lado do blog, "mitos"? Ponho a fonte claro!
sim, eles, os medicos, no hospital santa maria, estao a acompanhar-me, e psicologa também, temos de esperar mais um pouco, ela há-de aparecer. Estiveste internada tambem lá? admiro muito a tua força. nao sei muito acerca da tua historia, mas admiro a coragem. beijinho grande
p.s a primeira consulta que tive foi com a dr dulce bouça ao consultorio deves conhece o meu pai estava desesperado levou-me lá, mas saimos a chorar, ela é muito frontal, foi agressiva um pouco com os meus pais tambem. mas era para nos "chocar", saimos de lá e marcamos consulta no HSM. tenho lá ido todas as semanas os meus pais fazem 200Km, vivemos no alentejo sinto-me culpada muitas vezes :c gastarem tanto e tempo comigo :x
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