Foi publicado recentemente por uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina Universidade de Coimbra um artigo na Pediatria (São PaPaulo) 2011;33(1), p. 21-8 que pode ser lido integralmente aqui que apresenta os resultados de um estudo sobre os transtornos do comportamento alimentar (TCA) baseado num inquérito realizado a 997 jovens entre os 14 e os 20 anos vivendo em Coimbra e em Cantanhede. A escolha dessas duas localizações permitiu comparar confrontar uma zona rural com uma zona urbana.É o primeiro estudo que aplica em Portugal o teste de atitudes alimentares. A prevalência global é de 4% (5,9% nas raparigas).
Atitudes e comportamentos alimentares em uma população adolescente portuguesa
Carmen Bento1, Jorge Manuel Tavares Saraiva2, Ana Telma Fernandes Pereira3, Maria Helena Pinto Azevedo4, António João Ferreira Macedo e Santos5; 1Mestre; Assistente Convidada de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra;2Doutor; Professor Associado Convidado com Agregação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; 3Doutora; Investigadora Auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra;4 Doutora; Professora Catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra;5Doutor; Professor Associado com Agregação da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
RESUMO
Introdução: Os transtornos do comportamento alimentar (TCA) têm aumentado nas últimas décadas. Um dos principais motivos para esse aumento é a pressão sociocultural exercida sobre os adolescentes, que consideram a magreza como um sinal de perfeição e beleza. Devido a essa pressão, muitos jovens adquirem comportamentos alimentares inadequados, e um pequeno número de indivíduos desenvolve TCA.
Objetivos: Identificar as atitudes e comportamentos alimentares em uma população de adolescentes, de duas localidades portuguesas (Coimbra - meio urbano e Cantanhede - meio rural), e verificar se existiam diferenças quanto à localização geográfica de residência dos jovens, ao sexo, à idade e ao índice de massa corporal (IMC).
Métodos: Estudo epidemiológico, transversal, descritivo e de correlação. O instrumento utilizado foi a versão Portuguesa do Teste de Atitudes Alimentares-25 (TAA-25). Resultados: Obtivemos 997 inquéritos válidos. As idades situaram-se entre os 14 e os 20 anos (média = 16,38; desvio padrão (DP) = 1,19). Um total de 86,6% tinham IMC dentro dos valores normais para a idade. Encontramos atitudes e comportamentos alimentares mais inadequados no sexo feminino, na cidade maior, mas não no grupo de jovens com o IMC mais elevado.
Conclusões: A prevalência de atitudes e comportamentos alimentares disfuncionais foi baixa (4%). Foram mais frequentes no sexo feminino e nos que vivem em ambiente urbano, mas não nos adolescentes com IMC mais elevado. Consideramos interessante este último resultado, que contrasta com a restante literatura quanto ao fato de que os comportamentos alimentares disfuncionais são mais frequentes nos adolescentes com IMC mais elevado."
Da discussão:
"Este estudo é o primeiro do nosso país em que foi aplicada a versão abreviada do versão Portuguesa do Teste de Atitudes Alimentares-25 (TAA-25) em uma população geral adolescente. Os resultados confirmam a já conhecida presença de atitudes e comportamentos alimentares disfuncionais em estudantes do ensino secundário, principalmente no sexo feminino. Usando-se como ponto de corte o valor 19, verificamos que 40 alunos (4%) apresentaram atitudes e comportamentos alimentares com elevada probabilidade de serem disfuncionais (5,9% das raparigas e 1,7% dos rapazes). Estudos em países não ocidentais usando a versão abreviada do TAA revelam que a prevalência de atitudes alimentares disfuncionais situa-se entre os 4,6 e 20%, enquanto que, em países ocidentais, situa-se entre os 7,5 e 30%."
Imagem: Woman stencil, Lisbon flickr cc aqui
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