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Aug 29, 2011

...a recuperação ( não é fácil...mas ganhamos!)

clique e veja
O texto original pode ser encontrado aqui:
O que segue é uma tradução adaptada com comentários do esqueciaana em []
1.Quando os nossos distúrbios alimentares deixam de dominar a nossa auto-estima e começamos a centrar-nos na saúde, é mais fácil ter tempo para nós e não estar sempre a sobrevalorizar o que os outros pensam de nós ou o que significamos para os outros.
[viver a nossa vida e gostarmos de nós]

2.A recuperação permite redefinir as nossas prioridades. Em vez de acreditar que a única coisa que importa é perder x quilos, ou correr uma certa distância, ou. . . a recuperação permite-nos ver que há amigos que nos amam, que existem metas saudáveis para alcançar, e que existe uma vida que precisa ser vivida.
[as metas que associamos à doença não são metas de vida…são de morte; isto precisa ser escrito, dito, repetido muitas vezes]

3. A recuperação dá-nos a oportunidade de exteriorizar questões há muito escondidas e crescer a partir de nosso passado em vez de viver sempre nele.
[‘o que não nos mata’ – quando não nos mata, percebemos na recuperação que ficamos mais fortes, mais seguras. Passamos a conviver com as incertezas e imperfeições de outra forma, a reduzi-las às devidas proporções]

4.Recovery pode ensinar-nos coisas para a vida. Seja dizer não, falando quando se precisa de apoio, usando a yoga / a meditação / o jornalismo para encarar os problemas , ou algo completamente diferente, identificando os passos necessários para contrariar um ataque de ansiedade, uma noite com muita gente, um momento, uma hora, uma semana ou um ano, o processo de recuperação permite-nos recorrer a uma variedade de técnicas e capacidades que - às vezes, pelo menos - parece que os outros não possuem.
[passar a gerir de outra forma as emoções, é isso!]

5.Recovery permite-nos construir a vida à nossa maneira, e ver que há momentos em que não vamos ter o controle - e que isso pode acontecer.
[construir a nossa vida e antecipar problemas…sem dramas, encontrando as soluções. Procurando pelo menos, não fugindo]

6.A recuperação permite-nos aprender mais sobre nós próprias mesmos aqueles aspectos que antes ocultámos - e, muitas vezes, apesar disso poder estar relacionado com alguma dor, dá-nos força.
[somos fortes não deixamos de ser fortes, não 'perdemos a nossa natureza' apenas passamos a conviver com ela de outra forma. ou seja VIVER]

... Canção "A Pirata" (filme: Conte d'été" de Èric Rohmer)

Aug 21, 2011

...Bulimia ( pela psicóloga Eva Delgado Martins, 21.08.2011 , Notícias Magazine)

 

Li no Notícias Magazine (21.08.2011) e transcrevo abaixo um texto de Eva Delgado Martins sobre Bulimia. Talvez menos referida que a Anorexia (até porque os sinais físícos exteriores são menos nítidos) atinge, segundo esta especialista 3 a 7% da população e tem maior incidência na adolescência.

Bulimia 

por Eva Delgado-Martins, psicóloga.

 

"A palavra bulimia é usada para descrever uma alteração do comportamento caracterizada por ingestões excessivas e descontroladas de alimentos, pelo menos duas vezes por semana e pelo menos durante três meses, muitas vezes seguidas de idas à casa de banho para vomitar.

Ambos os momentos podem provocar reacções emocionais negativas como vergonha, embaraço, sensação de falta de controlo e sentimento de culpa generalizado. Normalmente, os índices de peso mantêm-se. Esta definição resultou da necessidade de se estabelecer um critério objectivo reconhecível médica e legalmente. Tem incidência maior a partir da adolescência e regista-se em três a sete por cento da população. Cerca de noventa por cento dos casos ocorrem em mulheres. Muitas vezes o termo é aplicado à simples ingestão excessiva de alimentos durante períodos seguidos pelo sentimento de culpa e tentativas para evitar o ganho de peso com jejuns, exercícios, vómitos auto-induzidos, laxantes, diuréticos e/ou enemas.

O adolescente, de preferência quando está em casa sozinho, lança-se sobre a comida e ingere instintivamente tudo o que lhe aparece à frente (chega a abrir latas de conserva e a consumir directamente). Como rotina o adolescente instala-se na cama ou no sofá com comida à sua volta, ou numa atitude de vergonha devora comida na cozinha ou num lugar escondido. No final sente-se muitas vezes mal, enjoado e provoca vómitos com os dedos, ficando num estado mais ou menos longo de vergonha, de prostração e fechado sobre si mesmo. Pode ainda jejuar por um dia ou mais, também na tentativa de compensar o facto de comer compulsivamente, muitas vezes entrando num repetitivo ciclo de intensa restrição alimentar, alternada com ingestões excessivas. A própria restrição alimentar excessiva pode desencadear os episódios compulsivos. A estabilidade do peso dificulta a identificação do problema, o que pode atrasar a procura de ajuda.

Em fase bulímica o adolescente pode reconhecer o absurdo do seu comportamento e ao não conseguir controlá-lo sente-se inferiorizado, incapaz de se conter. Vê-se como uma pessoa desprezível, isola-se, procura esconder os seus problemas dos outros, tem pensamentos suicidas, baixa auto-estima, sentimento de incapacidade face ao controlo do seu comportamento, vergonha e culpa.

Pode haver ainda sintomas e sinais físicos associados com astenia, diarreia/prisão de ventre, desidratação, dores de estômago, cara inchada (hipertrofia das glândulas parótidas), úlceras gastrintestinais, garganta dorida, corrosão do esmalte dos dentes."


Aug 11, 2011

...10 coisas importantes (que não são peso nem comida)

10 Coisas que a recuperação de uma doença do comportamento alimentar me ensinaram: (NÃO estão relacionadas com comida ou peso)

1. “Perder tempo” não é de facto perder tempo. [e a recuperação leva tempo]
2. A atitude é de facto tudo.[a decisão de recuperar é essencial]
3. Tenho que criar espaço para o que efectivamente é importante porque senão , “o que realmente é importante” nunca irá acontecer. [a recuperação não vem ter connosco]
4. Há um bastante para cada um.
5. Eu basto.[a minha vida é suficientemente importante]
6. A perfeição não existe. O que existe é o perfeccionismo. [procurar a perfeição não é um ‘mal’ mas ser perfeccionista é uma prisão]
7. Posso tomar decisões com base nos meus pensamentos. E as minhas decisões são as minhas decisões. [não deixo que a doença tome as decisões por mim]
8. Preciso das pessoas. E isso é bom.
9. O impossível é de facto possível. [SIM A RECUPERAÇÃO É POSSÍVEL].
10. É bom ser feliz. [ninguém é feliz doente e prisioneiro]


As doenças do comportamento alimentar não são realmente sobre comida e peso. Portanto a recuperação não é realmente sobre alimentos e peso. Partilhe connosco os seus comentários.
Jenni
Fonte: http://www.eatingdisordersblogs.com/recovery/2011/02/10-things-ed-taught-me-not-related-to-food-and-weight.html
entre [ ] esqueciaana.

Aug 10, 2011

...Problemas Alimentares em Alunas Universitárias da Península Ibérica (artigo científico de Paulo P.P. Machado et al 2004)


Eating related problems amongst Iberian female
college students


Autores: Paulo P. P. Machado2 (Universidade do Minho, Portugal), María Lameiras Fernández (Universidad de Vigo, España), Sónia Gonçalves (Universidade do Minho, Portugal), Carla Martins (Universidade do Minho, Portugal), María Calado Otero (Universidad de Vigo, España), Barbara César Machado (Universidade do Minho, Porgutal), Yolanda Rodríguez Castro (Universidad de Vigo, España), and Montserrat Fernández Prieto (Universidad de Vigo, España)

Publicado no :International Journal of Clinical and Health Psychology ISSN 1697-2600
2004, Vol. 4, Nº 3, pp. 495-504


"O presente estudo avalia a a prevalência de problemas alimentares numa amostra de alunas universitárias do primeiro ano que frequentavam uma universidade de uma de duas áreas do noroeste da Península Ibérica. Trata-se de um estudo descritivo, mediante observação. Um total de 1079 mulheres participaram neste estudo, 486 de uma universidade do Norte de Portugal (Minho) e 595 de duas universidades do Noroeste de Espanha (Galiza). Os participantes responderam ao Inventário de Perturbações Alimentares (EDI) e a um questionário desenvolvido para avaliar problemas relacionados
com a alimentação. Os resultados mostraram que um número significativo de estudantes obtiveram um resultado elevado no EDI e apresentavam uma prevalência considerável de problemas relacionados com a alimentação. Com base nos dados de auto relato foi estimada que a prevalência de perturbações do comportamento alimentar nestas áreas periféricas de ambos os países não é significativamente diferente da que é comum noutros países e áreas da Europa."


Fotografia: flicr cc (aqui)

Aug 8, 2011

...Metade ( poema de Ferreira Gullar, ou seja, José Ribamar Ferreira, Prémio Camões 2010)

METADE
Autor: Ferreira Gullar (ou seja José Ribamar Ferreira, Prémio Camões 2010)

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…
também

infos sobre o autor, Ferreira Gullar:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar
José Ribamar Ferreira explica o pseudónimo que criou: "Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome".
imagem: Picasso

Aug 4, 2011

..."Anorexia infantil é rara mas já afecta crianças em Portugal" (Diário de Notícias 3 de Agosto 2011)


Apenas o Hospital de Santa Maria em Lisboa e o Maria Pia no Porto têm consultas de distúrbios alimentares para crianças
Aos nove anos, Marta (nome fictício) media 1,35 metros e pesava 20 quilos. Sofria de anorexia, uma doença que já afecta algumas crianças em Portugal e é cada vez mais diagnosticada, apontam os médicos.
Em Portugal ainda não existem dados sobre esta doença na sua vertente infantil. Mas, no Reino Unido, nos últimos três anos, foram tratadas 98 crianças entre os 5 e os 7 anos e 99 crianças entre os 8 e os 9 anos com anorexia infantil. As crianças podem sofrer de anorexia nervosa, similar à dos adultos e adolescentes, ou de anorexia fisiológica, que é conhecida como a verdadeira anorexia infantil, conforme explica Isabel do Carmo, médica da consulta de distúrbios alimentares para adultos do Hospital Santa Maria.