Existem na Internet diversos sites que abordam a anorexia e a bulimia. Sites informativos específicos (por exemplo em Portugal o site da AFAAB) ou outros gerais sobre nutrição ou psiquiatria que também referem o assunto. Existem também inúmeras páginas ou blogues de pessoas que possuem experiências (passadas, presentes; na primeira pessoa, de amigos ou familiares, etc) em relação á anorexia e/ou bulimia. É o caso deste que está a ler, que é de uma ex anoréctica. São sites que muitas vezes relatam vivências negativas, mas que não incitam a ficar doente, pelo contrário ao relatarem a luta contra a doença podem ajudar quem procura recuperar-se. Mas há também casos em que os próprios doentes, depois de recuperados preferem afastar-se da Internet e dos sites que criaram enquanto doentes pois a anorexia passou a fazer parte do passado (essa situção é indicada por um colectivo que escrevia aqui no Disordered Times).
Existem ainda sites que criminosamente fazem a apologia das doenças associadas ao comportamento alimentar. Incluem 'dicas' para emagrecer (=adoecer) mais rápido, enganar os outros em relação à alimentação (=atrasar a detecção do problema), ou aos sinais da doença. Por razões óbvias não os reproduzimos, são conselhos de morte sob a capa de que por exemplo a anorexia é um “estilo de vida”. Quem conhece a doença sabe que é um “estilo de morte lenta”. São os designados sites pro-ana ou pro-mia e em vários países, nomeadamente em Portugal, são desenvolvidas algumas medidas e programas com vista à sua desactivação e divulgação dos perigos junto de pais e educadores. Os sites pro-ana e pró-mia (=pró morte) ( um estudo académico em português pode ser encontrado aqui) surgiram nos Estados Unidos por volta de 2001 e existem em diversas línguas e formatos embora muitas vezes sejam cópias uns dos outros. Nesses sites exite geralmente uma espécie de ‘lista de deveres’ das anorécticas onde se inclui uma ‘obrigação’ directamente relacionada com a Internet: criar um blogue ou página em que o doente (geralmente a doente, uma adolescente ou pré adolescente) vai dando conta do emagrecimento e registando os “progressos” em relação à doença, ou seja o seu agravamento. Uma espécie ou mesmo um diário. Os comentários são em geral no sentido de a doente manter e agravar o comportamento de progressiva redução de ingestão de alimentos, podendo chegar à recusa absoluta NF (=No Food/ Nenhuma Comida).(alguns comentários: “vais conseguir a tua meta dos 35 kilos!” “A gordura é um nojo, só os ossos são bonitos princesa!” ).
Não consigo perceber ainda todas as razões que se ocultam por detrás da criação desses blogues pro-ana. Estando os doentes fragilizados mentalmente não estranho que por trás de alguns desses blogues estejam comportamentos predatórios. No entanto, não tenho dificuldade em perceber que alguém que sofra de anorexia nervosa tenha gosto em criar um blogue ou página. Durante os anos que estive doente, se tivesse tido essa possibilidade, julgo que também o teria feito. A solidão, ou pior ainda a ‘companhia’ da doença empurram para encontrar ‘outros’ com o mesmo sofrimento onde a partilha do sofrimento pode ser feita de modo mais ou menos anónimo. ‘Outros’ virtuais que ao contrário dos amigos reais podem com um simples digitar do botão desligar das lágrimas, dos gritos, das angústias.
A investigação realizada até agora sobre a relação com as doenças de comportamento alimentar tem demonstrado que as páginas e blogues pró-anorexia e pró-bulimia possuem um efeito de incentivo ao aparecimento e desenvolvimento da doença (que obviamente depende da conjugação de uma complexidade de factores, não é apenas visitando essas páginas que se fica doente, mas o que lá está escrito pode contribuir para o início da doença ou para o seu agravamento) . As idades de quem chega a essa informação são também muito importantes, há por exemplo crianças com 12 a segui-las. Os efeitos de outras páginas informativas ( sites pro-recuperação ) sobre as doenças do comportamento alimentar (DCA) não está ainda completamente esclarecido. Uma coisa é certa: o diagnóstico e tratamento apenas pode ser feito pelos competentes especialistas ou idealmente por uma equipa em conjunto.
Foi realizado há cerca de 3 anos um estudo por investigadores da universidade norte americana Stanford University School of Medicine em colaboração com o Lucile Packard Children's Hospital sobre a influência da Internet sobre a anorexia e a bulimia nos jovens. Um artigo sobre esse estudo pode ser encontrado (aqui nos documentos deste blogue) e também na revista Pediatrics da American Academy of Pediatrics' e dele daremos conta mais detalhada em próximo post.
Existem ainda sites que criminosamente fazem a apologia das doenças associadas ao comportamento alimentar. Incluem 'dicas' para emagrecer (=adoecer) mais rápido, enganar os outros em relação à alimentação (=atrasar a detecção do problema), ou aos sinais da doença. Por razões óbvias não os reproduzimos, são conselhos de morte sob a capa de que por exemplo a anorexia é um “estilo de vida”. Quem conhece a doença sabe que é um “estilo de morte lenta”. São os designados sites pro-ana ou pro-mia e em vários países, nomeadamente em Portugal, são desenvolvidas algumas medidas e programas com vista à sua desactivação e divulgação dos perigos junto de pais e educadores. Os sites pro-ana e pró-mia (=pró morte) ( um estudo académico em português pode ser encontrado aqui) surgiram nos Estados Unidos por volta de 2001 e existem em diversas línguas e formatos embora muitas vezes sejam cópias uns dos outros. Nesses sites exite geralmente uma espécie de ‘lista de deveres’ das anorécticas onde se inclui uma ‘obrigação’ directamente relacionada com a Internet: criar um blogue ou página em que o doente (geralmente a doente, uma adolescente ou pré adolescente) vai dando conta do emagrecimento e registando os “progressos” em relação à doença, ou seja o seu agravamento. Uma espécie ou mesmo um diário. Os comentários são em geral no sentido de a doente manter e agravar o comportamento de progressiva redução de ingestão de alimentos, podendo chegar à recusa absoluta NF (=No Food/ Nenhuma Comida).(alguns comentários: “vais conseguir a tua meta dos 35 kilos!” “A gordura é um nojo, só os ossos são bonitos princesa!” ).
Não consigo perceber ainda todas as razões que se ocultam por detrás da criação desses blogues pro-ana. Estando os doentes fragilizados mentalmente não estranho que por trás de alguns desses blogues estejam comportamentos predatórios. No entanto, não tenho dificuldade em perceber que alguém que sofra de anorexia nervosa tenha gosto em criar um blogue ou página. Durante os anos que estive doente, se tivesse tido essa possibilidade, julgo que também o teria feito. A solidão, ou pior ainda a ‘companhia’ da doença empurram para encontrar ‘outros’ com o mesmo sofrimento onde a partilha do sofrimento pode ser feita de modo mais ou menos anónimo. ‘Outros’ virtuais que ao contrário dos amigos reais podem com um simples digitar do botão desligar das lágrimas, dos gritos, das angústias.
A investigação realizada até agora sobre a relação com as doenças de comportamento alimentar tem demonstrado que as páginas e blogues pró-anorexia e pró-bulimia possuem um efeito de incentivo ao aparecimento e desenvolvimento da doença (que obviamente depende da conjugação de uma complexidade de factores, não é apenas visitando essas páginas que se fica doente, mas o que lá está escrito pode contribuir para o início da doença ou para o seu agravamento) . As idades de quem chega a essa informação são também muito importantes, há por exemplo crianças com 12 a segui-las. Os efeitos de outras páginas informativas ( sites pro-recuperação ) sobre as doenças do comportamento alimentar (DCA) não está ainda completamente esclarecido. Uma coisa é certa: o diagnóstico e tratamento apenas pode ser feito pelos competentes especialistas ou idealmente por uma equipa em conjunto.
Foi realizado há cerca de 3 anos um estudo por investigadores da universidade norte americana Stanford University School of Medicine em colaboração com o Lucile Packard Children's Hospital sobre a influência da Internet sobre a anorexia e a bulimia nos jovens. Um artigo sobre esse estudo pode ser encontrado (aqui nos documentos deste blogue) e também na revista Pediatrics da American Academy of Pediatrics' e dele daremos conta mais detalhada em próximo post.
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