Num texto da revista no expresso de hoje (Anorexia em mulheres adultas ) (30 junho 2012) com texto de Christina Martins e ilustação (reproduzida uma acima) de Alex Gozblau. A chamada de capa não é feliz, não é fome por opção é fome por doença
"Já consigo perceber que o que faço é uma espécie de autocastigo. Para mim é fundamental que esta não é uma questão de mulheres que sonham ter o corpo de uma modelo. Foi para desfazer essa ideia que aceitei falar. Magoa-me que pensem que esta doença se resume a um capricho. Também não é um problema de comida. No fundo, deve-se a grandes lacunas emocionais. A uma autoestima muito em baixo. Às vezes penso que não mereço nada...quem entra neste vórtice nem sempre tem no ção do que está a fazer. Ainda não tenho a certeza do que me faz não comer. " (Carla 40 anos )
"Sou a filha mais nova e sempre quis ser a melhor, a mais perfeita. Os problemas começaram quando entrei na Faculdade de Engenharia Biotecnológica. Comecei a restringir a alimentação. Esta atitude dá-nos poder. Um poder muito forte que nega um instinto inato. (...)Quando comecei a piorar, a minha família procurou ajuda médica. Não me queria tratar nem tinha consciência de quão doente eu estava" (...)Agora, fui eu que pedi para ser internada. Ainda estou na zona de risco e não sei quando vou sair. O meu principal objectivo é tratar-me. Cada caso é um caso e o meu é complicado." (Susana, 35 anos).
" A anorexia não é uma doença de quilos. Só superficialmente. Por detraz disso estão questões fundamentais: o que é ser mulher? como é ter um corpo feminino? Crescer e ser adulto? como se lida com a sexualidade?" (António Neves, psiquiatra responsável pela equipa de internamento de Doenças do Comportamento Alimentar no Hospital de Santa Maria em Lisboa)
"Há sempre um problema psiquiátrico de fundo" recordando uma doente de 50 anos que morreu com 28 quilos: "Tinha completa compreensão da doença. Era licencidada, trabalhava e tinha um problema gravíssimo de osteoporose" Isabel do Carmo, endocrinologista do Hospital de Santa Maria em Lisboa)
(nota de esqueciaana: irei voltar a este assunto no próximo post)
4 comments:
Bom dia,
Tenho 1,56 cm e 49kg. Sinto-me cada vez mais gorda. Tenho estado em tratamento, já estive internada durante 3 semanas e estou outra vez a ter uma "recaída". Preciso desesperadamente de voltar aos meus 40 kg, mesmo com tudo o que isso acarreta. Estou a comer de 3 em 3 horas, tal como está escrito no plano alimentar, mas ontem ia voltando a vomitar. Tento aguentar-me até à próxima consulta, mas está a custar muito. Só me apetece voltar a ficar na cama sem fazer nada e a dormir. Longe de tudo e de todos. Que me aconselham a fazer para emagrecer? Pelas minhas contas como cerca de 800 kcal e nem assim emagreço.
Por favor ajudem-me.
Anónima,
Este blogue não tem digas 'para emagrecer'. Tem muitos posts sobre anorexia e bulimia. Objectivamente falando 1.56 e 49 corresponde a valores de IMC abaixo dos normais. Podes sentir-te gorda (eu também senti) mas não és gorda.
Cuida da tua saúde, segue as recomendações dos especialistas que te acompanham.
E como já escrevi muitas vezes...o roblema não está no prato...
ex ana,
Estou mesmo muito desesperada. Estou a lutar contra mim, numa luta inglória que me faz querer desistir de tudo a cada momento. Estou com vergonha de enviar uma mensagem à Dra. Dulce porque estou sempre a chateá-la e estou farta de incomodar as pessoas. Já não há quem me ature, nem eu própria. Só não desisto por causa dos meus pequenotes, mas a vontade de desistir da minha vida começa a ganhar mais peso. Nã0 me consigo olhar mais ao espelho com o meu peso. Olho e vejo-me obesa e a ter nojo de mim própria, a ter nojo da comida. A querer voltar a ficar sozinha. Senti-me mil vezes melhor internada, apesar de me obrigarem a comer contra a minha vontade, porque estava longe de tudo e recusei visitas. Sentia-me anestesiada (também por causa do soro e da medicação..), mas ao menos era capaz de dormir e de me fechar no quarto sem sair da cama...
Desculpa estar a chatear-te, mas estou a explodir por dentro. Também te sentiste assim? Estou outra vez cansada....já lá vão 18 anos desde que tudo começou...
Que posso fazer para que tudo isto passe? Como se anestesia esta dor? Como se gere esta relação de ódio pela comida?
Desculpa mais uma vez...
Envia a mensagem sim! (estás doente, as pessoas percebem, t~em que perceber.). Há sempre momentos críticos na nossa vida, em que o horizonte se tolda...mas a tua experi~encia vai ajudar-te. O que já conseguiste vai ajudar-te. Por minutos esquece os espelho ( o problema não está no espelho...nunca está no espelho). Não sejas t~~ao resistente em como dizes 'incomodar' quem te quer bem tem que perceber...
(Estou a responder-te como comentário pois é a unica forma possível.)
Não eu não me senti assim com essa intensidade. Nem ninguém se sente como outro. Mas tive uma longa luta mas não tão longa como a tua. Não tinha filhos. Por ti, por eles, por eles, por ti...encontra forças.
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