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os 10 posts mais lidos (esta semana) seguidos dos posts mais recentes (26 Outubro 2016):

Jul 31, 2012

...Perturbações Alimentares e Perfecionismo (Tese de Mestrado em Psicologia, Universidade de Lisboa, de Leonor B. Oliveira, 2011)

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicologia Clínica Sistémica
Dissertação, orientada pela Prof.ª Doutora Rita Francisco e coorientada pela Prof.ª
Doutora Rosa Novo
2011
( Esta tese de mestrado em psicologia (que pode ser lida integralmente aqui) investiga a relação entre o perfeccionismo e as perturbações alimentares, com base numa amostra de 531 adolescentes portugueses; felicita-se a autora e recomenda-se a leitura; a tese inclui em anexo os diferentes questionários-testes em que se baseou o estudo prático; acima reproduzimos uma das imagens de um desses testes)
RESUMO
"Os objetivos do estudo recaem sobre a investigação, em adolescentes em meio escolar, do contributo do perfecionismo e das suas dimensões autorientada e socialmente prescrita, bem como da sintomatologia depressiva e/ou ansiosa, para a sintomatologia de perturbação alimentar.

Participaram no estudo 531 adolescentes, de idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos de ambos os sexos. Os participantes responderam a um Questionário de Dados Pessoais e Sociodemográficos, à subescala de perfecionismo do Eating Disorder Inventory 2 (Garner, Olmstead & Polivy, 1983), ao Eating Attitudes Test 26 (Garner, Olmstead, Bohr & Garfinkel, 1982) e ao Cuestionario Educativo-Clínico: Ansiedad y Depresión (González, Cueto & Fernández, 2007). A subescala do EDI2 foi, neste estudo, repartida em perfecionismo autoorientado e perfecionismo socialmente prescrito.

Os participantes do sexo masculino apresentaram menor número de casos de dieta e níveis mais baixos de sintomatologia depressiva-ansiosa, depressão, ansiedade e de sintomatologia de perturbação alimentar em comparação com as raparigas, não tendo sido observadas diferenças entre sexos no que se refere ao perfecionismo global, perfecionismo socialmente prescrito e perfecionismo auto-orientado.

As correlações encontradas entre as variáveis em estudo foram mais elevadas e significativas no grupo das raparigas. Também entre estas foi possível explicar consideravelmente a sintomatologia de perturbação alimentar através da análise de regressões múltiplas hierárquicas, que revelou que a idade, a dieta, o perfecionismo auto-orientado e a depressão contribuíam para explicar 42% da variância da sintomatologia de perturbação alimentar.

Tal não foi observado em rapazes pois relativamente a estes só foi possível explicar 10% da variância de sintomatologia de perturbação alimentar para a qual apenas contribuíam perfecionismo global e sintomatologia depressiva-ansiosa.

O significado dos resultados é discutido em termos das implicações para o conhecimento acerca dos fatores de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares em ambos os sexos."
Palavras-chave: perturbação alimentar, perfecionismo, perfecionismo auto-orientado, perfecionismo socialmente prescrito, ansiedade, depressão, adolescência."
O modelo conceptual usado encontra-se na figura abaixo reproduzida da tese de Leonor Baptista de Oliveira. São considerados doi tipos de Perfeccionismo (o auto-orientado, na figura representado por AO e o socialmente prescrito na figura representado por SP). A influência destes dois tipos de perfecionismo, avaliada por questionários padrão internacionais, sobre as Perturbações Alimentares (PA na figura) é estudada. 
( Nota do esqueciaana: Ainda sobre o tema do perfeccionismo mas neste caso em inglês pode ainda consultar este link para um artigo num site da AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA) de onde reproduzimos a imagem seguinte. Os aspectos negativos e positivos do perfeccionismo e a dificuldade em traçar as fronteiras...)

Jul 25, 2012

... Atletas e Olimpíadas (Citius, Altius, Fortius; Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte)



( não sei se quem lê este blogue gosta de acompanhar as Olimpíadas, a autora do esqueciaana gosta muito! sempre gostou o lema Mais rápido, Mais alto, Mais forte, é um lema extraordinário! A busca da perfeição! A superação-individual ou equipa- dos limites. Mas essa busca da perfeição por vezes traz problemas para os quais atletas, treinadores, clubes devem estar atentos. Em seguida reproduzo um post já antes publicado e o link para a publicação completa sobre os distúrbios alimentares e os atletas)
Prevenir distúrbios alimentares em atletas
O esqueciaana transcreve parcialmente 10 dicas para treinadores
(No original em inglês TIPS FOR COACHES: preventing eating disorders in athletes; compiled by Karin Katrina, PhD, MPE, RD,LD; estes textos estão online no site do NEDA-US)
ou um documento mais detalhado (45 págs) aqui.

10 dicas para treinadores e preparadores físicos
1. Leve a sério os sinais de comportamentos de distúrbio alimentar! Ataques cardíacos e suicídio são as causas de morte de pessoas com doenças do comportamento alimentar!



2. Se um atleta está cronicamente a fazer dieta ou manifesta comer com frequência abaixo do normal, encaminhe-o para um especialista em doenças do comportamento alimentar. (+ aqui)



3. Não enfatize a questão do peso, não pesando e não fazendo comentários sobre o peso. (+ aqui)



4. Não assuma que reduzir a gordura ou o peso irá aumentar a performance(+ aqui)



5. Eduque os treinadores e preparadores físicos para reconhecer os sinais e sintomas de distúrbios alimentares e entenderem o seu papel na prevenção(+ aqui)



6. Disponibilize aos atletas informação fiável sobre peso, perda de peso, estrutura física, nutrição e performance desportiva para reduzir a desinformação e para contrariar práticas não saudáveis. (+ aqui)



7. Enfatize os riscos para a saúde de um peso baixo, especialmente para as atletas com irregularidade da menstruação ou amenorreia. (+ aqui)



8. Compreenda porque o peso é uma questão tão sensível e tão pessoal para tantas mulheres.(+ aqui)



9. Não impeça automaticamente a participação se um atleta tem um problema alimentar, a menos que isso seja determinado pela condição clínica. (+ aqui)

10. Os treinadores e preparadores físicos devem analisar os seus próprios valores e atitudes em relação ao peso, à dieta, à imagem do corpo e como esses valores e atitudes podem, inadvertidamente afectar os seus atletas. (+ aqui)

Jul 23, 2012

...mãe(s)


O livro de Ana Granja, "Sem ti, Inês" expõe os sentimentos de uma mãe em luta contra a doença da filha (anorexia nervosa) e em luto (após o falecimento com 16 anos). É um livro corajoso e bem escrito. Gostaria muito que a minha mãe o tivesse lido quando eu estive doente. Teria certamento ajudado a um melhor entendimento da complexidade da doença. Porque não basta a informação científica.

Existem "falsas ideias e preconceitos que a maior parte das pessoas alimenta acerca desses males. Temos então de aprender a lidar com a ignorância e a incompreensão daqueles para quem a anorexia é um capricho, uma doença da moda que só atinge os fracos...Um alerta, que é também um testemunho carregado de emoção: o sofrimento de um adolescente anoréctico é real, profundo e genuíno!!! Sendo a fuga à dor e ao sofrimento uma motivação básica no ser humano, a anorexia não pode resultar de uma escolha voluntária, racional e consciente. E daí [...]" Ana Granja in "Sem ti, Inês", p.12.
"Nos primeiros tempos da doença, movida mais pela emoção do que pela razão, fiz tudo errado! Em conversa com outras mães percebi que é comum que assim seja. Ver a minha filha comer menos a cada dia que passava, perder peso a um ritmo assustador, apelou ao mais profundo instinto maternal: necessidade de (super) proteger, vigiar, controlar, pressionar, exigir. Assim, [...] Ana Granja in "Sem ti, Inês", p. 17
"As consequências da subnutrição notam-se na mente e no corpo a cada dia que passa. Para além dos efeitos só perceptíveis através de exames especializados, é notório que se tornam mais lentos e apáticos, têm dificuldade em adormecer e acordam muito cedo, a pele torna-se seca e enrugada, a temperatura do corpo baixa considerávelmente, o que os torna mais sensíveis ao frio, e o cabelo cai a um ritmo assustador. Só eu sei o que me custava secar o cabelo à minha filha e perceber que o seu cabelo forte e bonito era agora uma mera recordação." Ana Granja, in "Sem ti, Inês", p.23
"Infelizmente, perdi a luta contra uma doença devastadora que ameaça tornar-se uma epidemia do século. Quando me lembro de que a anorexia afecta cerca de um por cento dos jovens e que, desses, morrem cerca de 20 por cento (na perspectiva mais pessimista), não posso deixar de pensar que a minha filha foi sorteada duplamente numa lotaria fatal" Ana Granja in "Sem ti, Inês"
"Se algum dia a minha mãe soubesse o quanto sofro ao vê-la assim, sabendo que é por minha causa...Não gosto de ver as pessoas que mais amo sofrerem por mim. Gostava de poder dizer: não se preocupem, eu estou bem, mas eu sei que não estou. É tão difícil não me sentir capaz de cuidar de mim, sabendo que estou doente!" Inês Granja da Silva (1992-2008) , in "Sem ti, Inês" de Ana Granja.
imagem aqui:http://www.flickr.com/photos/doug88888/3538414354/sizes/n/

Jul 15, 2012

...motivações

De Clara Pracana do Blogue Salpicos retirei este texto:
"A questão da motivação, da vontade (ou da falta dela) de fazer coisas, é um tópico que surge sempre, quer nas sessões de psicoterapia quer de coaching.
Podemos ser empurrados para as coisas, arrastados pela corrente (motivação extrínseca).
Mas também podemos fazer as nossas escolhas, perceber o que de facto queremos, distinguir os valores importantes para nós do que nos é imposto de fora, agir em conformidade (motivação intrínseca).
Sem acção não é possível testar os nossos objectivos.
Uma coisa é reflectir antes de agir, outra é ficar paralisado e nada fazer.
A in-acção é também uma forma de acção - mas pela negativa, pela passividade.
Não será melhor fazermos as nossas escolhas e agir, antes que outros nos obriguem, como quando éramos crianças?"
Clara Pracana
(nota de esqueciaana: tenho escrito muitas vezes que na recuperação das doenças de comportamento alimentar ajuda muito aplicar a ENORME força de vontade de quem está doente no 'bom sentido'. Ou seja, usar para o bem a disciplina, o método, a persistência, etc. características que infelizmente também contribuem para que a doença se agrave e permaneça)

Jul 3, 2012

..."vivemos dentro de grandes blocos de gelo"...

(este poema tem dedicatória; que percas o temor de quebrar o gelo)
BLOCOS
É isto vivemos dentro
de grandes blocos de gelo
sem aquecermos ao menos
com os dedos outros dedos
No fundo de nós temendo
que um dia se quebre o gelo

Blocos, Poema de David Mourão-Ferreira
fotografia de Tim Georgeson